quarta-feira, 18 de maio de 2016

ESSE HOMEM ME ASSUSTA


ESSE HOMEM ME ASSUSTA
Por João Octávio Barbosa

Democracia: 1 Governo do povo, sistema em que cada cidadão participa do governo; democratismo. 2 A influência do povo no governo de um Estado. 3 A política ou a doutrina democrática. 4 O povo, as classes populares.

Talvez o oposto da Democracia seja o Absolutismo. A Revolução Francesa de 1789 marcou um rompimento drástico do Absolutismo dos reis europeus. Foram momentos turbulentos, mas nada que não estejamos nos acostumando a ver nas últimas semanas no Brasil. Tempos depois, também num 18 de maio como hoje, mas em 1804, os planos democráticos ficam um pouco de lado, pois assume um Imperador. O famoso Napoleão Bonaparte. 


“Se quisermos que tudo fique como está, é preciso que tudo mude”, disse Tomasi di Lampedusa. Na França de 1804, no Brasil de 2016, e até o fim, imagino eu. Mas o homem assustador do título da história de hoje não é Napoleão nem Temer. É Jesus. A pessoa que Ele assustou é o nosso perfil de hoje: o também Imperador, Félix. Lemos sobre ele em Atos 23:26 a 24:27 (especialmente Atos 24:22-27).

Politicamente, Félix era uma espécie de gerente do Império Romano para a região onde viviam os judeus. Governador e Juiz, ele era responsável por não deixar “o circo pegar fogo”. O problema mais relevante naquele momento era o conflito “religioso” entre os judeus, a fé tradicional, e o cristianismo, recém-surgido.

Félix tinha o coração fechado para as crenças do país, mas tinha conhecimento de causa. Casou-se com uma judia, Drusila (Atos 24:24), e com isso aprendeu sobre a religião dos judeus. Consequentemente, aprendeu que a identidade nacional estava muito ligada à fé.

Certo dia, setenta cavaleiros surgem trazendo um mísero homem. “Vai ser um dia cheio”, ele pensou. Mas logo viu que era só mais um incidente de origem religiosa, e deixou claro seu desprezo. Estado Laico. Os acusadores vieram, bajularam hipocritamente o Governador (nada que Félix não estivesse acostumado) e acusaram Paulo ao máximo. Por sua vez, Paulo se defendeu de maneira inteligente, focando mais em apontar os erros do processo do que em seus supostos “crimes”. Félix parecia desinteressado na coisa toda.

Bom, só que Félix estava por dentro do Caminho (nome que se deu por algum tempo à igreja insurgente que pregava sobre Jesus). Os últimos sete versículos guardam o melhor da biografia bíblica de Félix. Ele trata Paulo com muito carinho, dando grande liberdade a um prisioneiro em custódia. E mais: procura-o para ouvir sobre a sua pregação! O Império Romano tinha um sistema religioso muito distinto, que só se aproximou do cristianismo três séculos depois, mas Félix quase foi o vanguardista, se convertendo a Jesus Cristo! Quase; só faltou um detalhe: ele teve medo.

Engraçado: o que faz uma pessoa se vestir de vermelho, com chifres e tridente, no Carnaval, tranquilamente, mas ficar incomodada quando, por exemplo, uma Testemunha de Jeová bate à sua porta? Acontece porque temos medo do que pode nos mudar. O diabo não assusta porque ele não representa nada, mas Jesus representa uma mudança drástica na nossa vida. Você talvez veja os crentes como gente muito diferente de você. Talvez veja os cristãos como pessoas que, acima de tudo, não praticam nada daquilo que parece ser o mais essencial na sua vida, na nossa incessante busca por felicidade.

Você não teria medo de se jogar numa vida nova em que tudo que você mais gosta será tachado de “errado”? Você não teria medo de se aventurar em algo que vai fazer com que tudo que é bom para você, hoje, se torne ruim? Eu, sim; definitivamente. Morreria de medo.


O discurso de Paulo caía muito bem aos ouvidos de Félix, e é claro que tinha que cair. O discurso era Amor, Paz, Salvação... era FELICIDADE! Mas todas essas coisas eram, na verdade, Jesus, e esse nome traz consigo uma vida correta, princípios retos, e a grande decisão: se entregar completamente a Jesus enquanto há tempo (antes que Ele volte ou você morra). Essa é a hora em que a maioria diz: “Deixa, depois eu vejo isso; não hoje; isso não tem nada a ver.”.

Félix é muito século XXI. Félix representa um grupo de pessoas que decide viver à margem de Cristo por medo do que Ele representa, do que Ele pode fazer com a sua vida. Félix é igualzinho a todos os que ouvem um pouquinho sobre Jesus, acham legal a parte do ser generoso, compreensível, ajudar o próximo, paz, amor, ir para o céu e tal. Mas, envolvimento? Entrega? Mudança de hábitos? Arriscado demais. Cada um no seu quadrado.

Félix teve medo e desperdiçou algo inestimável: amar a Jesus. Amar a Jesus é o máximo de cristianismo. É reconhecer que agradar Jesus com nossa vida é algo natural como agradar uma mãe que o ama e lhe trata bem desde antes de você nascer. É tão fácil, tão óbvio, tão gratificante e necessário! Ah! como tem gente que se perde nesse mundo por esse medo tão grande de Jesus, o assustador...

Não peço que concordem, espero que reflitam!


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Referência:


LAMPEDUSA, Tomasi di. O Leopardo. Tradução de Rui Cabeçadas. 3. Ed. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1963. (Citado em http://www.urutagua.uem.br//ru11_politica.htm).



Desafio do JOBS: Qual evangelho relata um homem nu em pleno Getsêmani?
Resposta semana que vem.
Resposta da semana passada: Félix (Atos 24:22-27).

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Este foi seu melhor tópico texto que eu já. Talvez porque eu tenha me emocionado com ele. 1 abraço.

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