segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

SOBRE O VALOR DO TRABALHO E SOBRE ESPALHAR O QUE É BOM

SOBRE O VALOR DO TRABALHO E SOBRE ESPALHAR O QUE É BOM
Por Sérgio Mafra

Semana passada eu falei acerca da minha viagem de férias a Barreiras, no interior do interior das Alagoas e contei de uma grande lição que aprendi com dona Modá - uma senhorinha incrível, que nos recebeu com um carinho imenso. Mas, como eu disse, foram três valiosas lições.

A segunda lição preciosa que aprendi com dona Modá foi sobre o valor do trabalho. Aquela mulher é incansável no serviço. Ao acordarmos, o café da manhã já estava na mesa, assim como, pontualmente, os fartos almoços e jantares. Ela tem prazer em servir ao próximo. Isso, sem falar que, com seus mais de 80 anos, ela sobe na garupa de uma moto e vai pra área rural do distrito colher a mandioca com a qual ela mesma faz a farinha que consumimos! Isso tudo, além de pescar e catar os típicos siris daquela região no mangue.

Nos dias em que estive lá não ouvi nenhum lamento nem reclamação. Dona Modá estava sempre pronta pra ajudar. Pelo menos três pessoas eu vi batendo à sua porta em busca de remédios naturais, alimento e conselhos.

Mais para o final da tarde, a distração da querida senhora, antes do lanche, é ficar na varanda, sentada na sua cadeira de balanço, ou sob as sombras do pé de jamelão do outro lado da rua, conversando com os amigos e vizinhos.

Essa é a rotina de dona Modá: “ajudar a quem precisa”, diz ela. Com alegria, relata que quase todos os adultos de Barreiras nasceram sob seus cuidados de parteira. Possui cinco filhos seus e mais seis de criação. Tem orgulho de todos.

E pensar que hoje de manhã eu estava reclamando por ter que encarar o engarrafamento! Talvez eu devesse subir na garupa da moto e fazer farinha lá em Coruripe, junto com dona Modá...

A terceira lição que aprendi com dona Modá foi a de ensinar para os outros aquilo que é bom. Na casa dela havia mais duas pessoas: uma era sua filha que mora na capital e tem uma vida tranquila, e a outra era uma mulher de meia-idade que poderemos chamar de Helena.

Helena foi, durante quase 20 anos, responsável por toda a parte de contratos de comunicação do Carnaval da maior emissora de televisão de nosso país. Tem uma casa confortável no Ibirapuera/SP, mas estava passando uns dias com sua amiga no interior. Tanto a filha quanto a amiga de dona Modá deixaram a casa onde moram e seu conforto para estar ali. E elas se alegravam em ajudar e contribuir para que todos estivessem felizes.

Olhando tudo aquilo eu percebi que dona Modá, com seu jeito amoroso e cheio de cuidados, estava fazendo verdadeiros discípulos na arte da abnegação e do serviço. Naquele instante me deu vontade de passar alguns momentos com ela - não mais como hóspede, mas, sim, como alguém que também iria contribuir para fazer o bem a um próximo que eu, provavelmente, não conhecia.

Aquela mulher, silenciosamente, estava dando sua contribuição para um mundo melhor.

Eu aprendi as minhas lições e as estou partilhando com vocês.
Escrever uma nova história é possível todos os dias.

Um grande abraço.
Boa semana!

domingo, 28 de fevereiro de 2016

O QUE QUEREMOS? E O QUE ELE QUER?


O QUE QUEREMOS? E O QUE ELE QUER?
Por Pamela Henriques Moreira

Quem nunca recebeu de presente algo inesperado, ou melhor, não recebeu o que esperava? Eu me lembrei de quando era bem novinha; era Natal e eu desejava muito ganhar a casa da Barbie, artigo de luxo, casinha com todas as funcionalidades que uma criança "precisava". Fiquei feliz quando vi que aquela caixa grande era para mim. Qual foi minha desilusão quando, ao abrir aquela caixa de presente, vi um cachorro branco de pelúcia!

Muitas vezes nos sentimos desiludidos, justamente porque criamos uma ilusão. Almejamos algo, criamos expectativas... e na hora, nada. Gosto muito da palavra “esperança”; diferente da expectativa, que é contar com algo que ainda não aconteceu, esperança é crer na possibilidade, mesmo que tudo indique o contrário. Não há desilusão.

Eu quero muitas coisas na minha vida, na área pessoal, profissional e espiritual. Algumas dependem de mim, outras dependem de fatores externos. Não temos 100% de controle sobre os acontecimentos.

"Tudo posso nAquele que me fortalece." (Filipenses 4:13)

Tudo? Nem tudo o que eu quero eu posso, nem tudo que eu posso eu devo; e nem tudo o que eu posso eu faço. Sim, Deus estará conosco em momentos difíceis. Paulo, ao escrever o texto, não estava relatando realizações ou conquistas, mas falando como Deus o fortaleceu diante das adversidades. Quis dizer que podemos ser humildes aceitando ajuda quando precisarmos; podemos nos contentar e alegrar no Senhor apesar das dificuldades.

Eu quero, você quer, mas... e Deus?

"O Senhor já nos mostrou o que é bom, ele já disse o que exige de nós. O que ele quer é que façamos o que é direito, que amemos uns aos outros com dedicação e que vivamos em humilde obediência ao nosso Deus." (Miqueias 6:8)

Deus não pede muito de nós. Ele quer que O amemos de todo coração e que amemos nosso próximo. (Mateus 22:37-39 e Êxodo 20:1-17).

Obedecê-lO não depende de nosso entendimento intelectual, mas de nosso desejo de cumprir Seus mandamentos, crendo na certeza de que Ele quer o nosso bem e que nunca nos dará fardos pesados.

Tudo posso naquele que me fortalece? Sim, desde que Deus permita.

Eu ganhei um cachorro de pelúcia. Talvez não tenha ficado tão feliz na hora, mas dormi quase a noite toda agarrada naquele bicho fofinho, até saber que meu pai o tirou de mim para que eu dormisse melhor. Quase me esqueci de contar: na mesma noite, ganhei uma Barbie de brinde.

Podemos não entender os propósitos de Deus em nossa vida enquanto estamos desapontados ou frustrados. Às vezes, parece que uma eternidade passou e você ainda não conseguiu sair do buraco, mas Ele quer o nosso melhor e também espera nossa entrega. Eu não ganhei o que queria, provavelmente porque era o melhor que meus pais podiam dar naquele momento, mas, como criança, eu soube apreciar o que ganhei.

Que possamos nos sentir fortalecidos por Deus, mesmo que pareça que levamos uma rasteira da vida; e que sigamos conforme Sua vontade.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

CONFESSIONÁRIO


CONFESSIONÁRIO
Por Jackson Valoni

Sinto paz quando estou sozinho na cozinha, ouvindo aquele barulhinho da geladeira. Encontro a paz quando ouço o som do ventilador, na sala, com a televisão desligada. Imagino o que deve ser a paz perfeita quando vejo a noite chegando, no verão, sem nuvens no céu, com o sol dizendo adeus. Eu entendo o que é a paz quando termino de ler mais um capítulo do meu livro de cabeceira.

A paz chegou até mim quando liguei pra um amigo do peito - de alma, de sangue - pra pedir perdão por um grande erro que cometi contra ele. Conversei com ele chorando, e continuei chorando depois que desliguei. Havia um remorso constante na minha vida por causa do mal que fiz contra essa pessoa e aquela ligação foi realizada depois de anos de vergonha.

A alegria de ouvir que sou amado por alguém a quem fiz tão mal é constrangedora. As lágrimas que me acompanharam naquela tarde de sexta-feira retiraram uma angústia que eu cultivava dentro de mim. Depois que desliguei o telefone, não sei por quanto tempo permaneci imóvel na minha cama sentindo alívio na alma, sentindo a grandeza do perdão.

Por ser onisciente, Deus conhece tudo e todos. Porém, essa qualidade ímpar do Criador não nos permite esconder nossos pecados. Lembre-se de que Deus perguntou a Adão se ele havia comido do fruto proibido. Deus também perguntou a Caim pelo paradeiro de seu irmão, Abel, após tê-lo assassinado. 

Um coração arrependido encontra o remédio para sua tristeza na confissão. Deus só pode nos dar o perdão se, antes, reconhecermos nosso erro. Reconhecimento, arrependimento e confissão formam a receita para encontrar o perdão do Altíssimo. Afinal, confissão sem arrependimento é mera declaração dos fatos.

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” (I João 1:9)

Há pessoas que preferem viver se escondendo, camuflando seus vícios e maus hábitos, entretanto, em seu íntimo, estão ávidas por momentos de tranquilidade genuínos que, talvez, só tenham encontrado durante a infância. Acostumados aos meios torpes de seu cotidiano, perdem o apreço pela paz da consciência, que não depende de riquezas materiais.

Enquanto escondi os meus pecados, o meu corpo definhava de tanto gemer. Pois de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; minha força foi se esgotando como em tempo de seca. Então reconheci diante de ti o meu pecado e não encobri as minhas culpas. Eu disse: ‘Confessarei as minhas transgressões ao Senhor’, e tu perdoaste a culpa do meu pecado.” (Salmos 32:3-5)

Deus se agrada quando reconhecemos nossos erros e vamos até Ele, humildemente, confessar o que erramos e o que nos impede de sermos melhores. Quando o coração aperta com o peso da angústia, Deus nos recebe como o alívio para a vida amargurada. O arrependimento genuíno precede o reconhecimento do pecado. “Cada ato, cada palavra, cada pensamento, é tão distintamente notado [por Deus] como se apenas houvesse uma pessoa no mundo inteiro, e a atenção do Céu estivesse nela centralizada.” 1

O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia.” (Provérbios 28:13)

Confissão e arrependimento, caminho da paz.

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Referência:
WHITE, G. Ellen. Patriarcas e Profetas, p. 127, 2º Edição, 1996. Casa Publicadora Brasileira. Tatuí, SP

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

TEM CARTA PRA MIM?



TEM CARTA PRA MIM?
Por Denize Vicente

Dizem por aí que a década mais divertida de todos os tempos aconteceu nos anos 80. E talvez estejam certos... Foi nos anos 80, por exemplo, que o Brasil teve o cacique Juruna eleito para Deputado Federal, depois que o indígena ficou famoso em Brasília gravando tudo o que os políticos falavam.

Também nos anos 80 a gente conheceu a voz agudíssima de Tetê Espíndola, no Festival dos Festivais, cantando “Você pra mim foi o sol...”, música interpretada, frequentemente, nas festinhas de família, por homens e mulheres que arrancavam risadas das crianças, dos amigos e dos vovôs...

Nos anos 80 Ziraldo lançou “O Menino Maluquinho”, Ayrton Senna entrou na Fórmula 1, jogamos a Copa da Espanha com a “seleção canarinho”, havia a bala “Juquinha”, o comercial do Chambinho (“o queijinho do coração”), que trazia crianças cantando “Carinhoso”, de Pixinguinha, e tinha também aquele dos garotinhos do DDD via Embratel.

Eu tenho um livro (tão divertido quanto os anos 80) que traz mais de 2.000 perguntas sobre temas ligados aos esportes, à música, aos modismos e às guloseimas daquela época, entre outros, e até mesmo meninos e meninas com menos de 15 anos sabem as respostas, quando a gente brinca. E eu acho que sei a razão: parece que o pessoal dos anos 80 não deixa que nada disso caia no esquecimento e assim se mantém viva a memória, sempre ressaltando e dando publicidade à ideia de que essa foi a década mais divertida de todos os tempos.

Dar publicidade é tornar público, levar ao conhecimento de todos uma ideia, uma opinião, um ato praticado... Na Administração Pública, por exemplo, existe o “Princípio da Publicidade” (art. 37, caput, da CRFB/1988), que impõe ao ente público a obrigação de levar ao conhecimento da população os atos que pratica, os contratos que faz, as leis que edita, programas, obras, serviços e campanhas... de modo claro e compreensível. Tudo para que haja transparência, visibilidade, e os administrados tenham, a qualquer tempo, pleno conhecimento daquilo que os administradores estão fazendo.

Eu e você também levamos ao conhecimento de todos a nossa própria vida, nossas ideias, nossas crenças e descrenças, quando, por exemplo, publicamos no Facebook que gostamos de alguma coisa ou o que pensamos sobre determinado assunto; quando expomos nossa opinião, nossas preferências, nossos passeios, nossas atividades... revelamos quem somos. Ou quem gostaríamos que as pessoas pensassem que somos.

Vocês mesmos são a nossa carta, escrita no nosso coração, para ser conhecida e lida por todos. Sim, é claro que vocês são uma carta escrita pelo próprio Cristo e entregue por nós. Ela não foi escrita com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo; ela não está gravada em placas de pedra, mas em corações humanos.” (II Coríntios 3: 2-3, Bíblia, Nova Tradução na Linguagem de Hoje)

Sabe lá o que é ser uma “carta aberta ao público”? Isso significa que eu e você temos uma mensagem para comunicar (porque é isso o que fazem as cartas, não é?) e que ela está acessível a todos que nos conhecem, que nos veem, que nos leem. E mais: a mensagem que trazemos fica gravada no coração das pessoas!

As pessoas precisam associar as palavras que dizemos e escrevemos com a vida que levamos, com a vida que vivemos. E se somos uma carta escrita pelo próprio Cristo, nosso exemplo, nosso olhar, nossas atitudes precisam revelar quem Ele é.

Sabe aquela mania de querer ser “a última bolacha do pacote”? Sabe o velho hábito de passar por cima de qualquer um e de qualquer coisa para conseguir aquilo que se quer? Sabe o costume enraizado de fingir que não vê a necessidade do seu próximo, ou aquela “vaidade de dar”, que muitas vezes fingimos ser “generosidade”? Pois é... Geral tem que olhar pra nós (que somos cartas) e ver a assinatura do Autor (Jesus Cristo) e não essas coisas feias; ver que somos “novas criaturas”... “Quem está unido com Cristo é uma nova pessoa; acabou-se o que era velho, e já chegou o que é novo.” (II Coríntios 5:17 - NTLH).

Amabilidade, paciência, alegria, flexibilidade, gentileza, mansidão, bondade, fidelidade, equilíbrio... É isso o que as pessoas leem e veem na gente? Ou veem ódio, egoísmo, inveja, discórdia, orgulho, embriaguez, desamor, indiferença, implicância, intransigência, orgia, agressividade, insensatez, impaciência, irritação...?

Somos cartas cheias de vida? “Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida.” (I João 5:12 - NTLH).


Dá tempo de ser aquela carta incrível que chega e só traz coisas boas para quem a lê; que enche o coração de alegria. Dá tempo ainda de tornar público o seu verdadeiro conteúdo. Hoje é sexta-feira e você já pode ver ali adiante uma nova semana, um novo mês e, quem sabe, uma nova vida. Peça a Deus que lhe conceda a possibilidade de mudar naquilo que precisa ser mudado e de se aperfeiçoar naquilo que já é agradável aos Seus olhos. “Porque tu, Senhor, és bom, e pronto a perdoar, e abundante em benignidade para com todos os que te invocam.” (Salmos 86:5 – Bíblia – João Ferreira de Almeida Atualizada)

Lembre-se: “O caráter formado segundo a semelhança de Deus é o único tesouro que podemos levar deste mundo para o futuro. (...) O caráter que uma pessoa forma neste mundo determina seu destino para a eternidade.” (“Youth’s Instructor”, 17 de agosto de 1899, E.G.W. – extraído do livro de meditações diárias “Perto do Céu”, 2013, Editora CPB.)