OS BONZINHOS
Por
João Octávio Barbosa
Quando
se fala em Monarquia, lembra-se da Inglaterra. O príncipe William e sua esposa,
recentemente, tiveram dois filhos. Quão chocante para o mundo seria descobrir
que o príncipe tem uma amante? Pior, que ela está grávida?! Pior, ela é
casada?! Pior!, o marido dela é o próprio James Bond?! E então, o príncipe
William manda o Primeiro Ministro matar o Bond, James Bond, para não pegar mal
para todo mundo! Irreal? Pior que já aconteceu bem parecido.
Do
que vale ser “bonzinho”? Havia uma comunidade no Orkut que falava o que
acontecia com toda pessoa que tentava ser “boazinha” (impossível aqui
transcrever, mas não era bom...). Talvez você tenha ouvido isso muito na sua
vida. Pior, talvez você tenha comprovado isso na sua experiência e na vida das
pessoas ao redor: “Ser (ou tentar ser)
legal, honesto, educado, bonzinho ainda vai (ou só vai) te prejudicar.”.
Eu
quero deixar bem claro uma assustadora realidade na história de hoje. Nessa
odisseia de crimes, só morrem duas pessoas: o marido traído e o bebê inocente. O
casal adúltero, o comandante militar conivente com o assassinato, os colegas
soldados omissos, ou seja, todo o restante do pessoal da história, que tinha
mais ou menos culpa no cartório, ficou bem. Final feliz para todos esses.
Cruel, não?
Hoje
vamos conhecer o otário do... quer dizer, o bonzinho do Urias (maldito corretor
ortográfico e seus atos falhos...). Se possível, leia II Samuel 11 na sua
Bíblia ou na internet.
O
legado de Urias na Bíblia é ser conhecido como um homem que morreu em sua
inocência, em sua boa índole. Era cananeu, mas adotou Israel como seu país. Alcançou
honrarias militares, pois era um dos 37 principais guerreiros do Rei Davi (II
Samuel 23:39). Devido ao tamanho da sua patente no Exército, tudo indica que
ele já conhecia Davi, pessoalmente, antes dos eventos relatados a seguir.
Resumidamente,
Urias era um militar casado com Bate-Seba. Certa noite, ele estava na guerra,
ela estava no banho, e o rei Davi estava de bob. Essa combinação maliciosa foi desaguar
na gravidez de Bate-Seba por parte do rei. Como Urias estava fora há muito
tempo, ele não teria como ser o pai da criança, e Davi tinha que dar um jeito
para justificar a gravidez de sua amante.
Davi
tratou de chamar Urias para casa. Fez-se de amigo, e proporcionou-lhe uma
licença-prêmio dos serviços de guerra. Ele queria que Urias deitasse com sua
mulher, e nove meses depois o bebê seria dele. Mas Urias era um homem íntegro,
que não se via no direito de receber essa recompensa sem motivo, enquanto seus
companheiros sofriam privações no campo de batalha. Até mesmo após Davi
embebedá-lo, se recusou a gozar desses benefícios.
O
plano A de Davi falhou. O B é um pouco mais cruel. Urias é novamente enganado e,
inocentemente, carrega sua própria certidão de óbito para o Comandante, aquele
homem no qual ele pensou, solidariamente, quando se recusou a ir para casa.
Agora, esse homem e os companheiros de Urias armam o esquema proposto pelo rei
para matá-lo. E a vida de Urias acaba, traído pela esposa, pelo rei, pelo Comandante,
e pelos seus amigos.
Que
belo estímulo para se tornar “bonzinho”, não? Será que o Orkut estava certo?
Dependendo do ponto de vista, sim. Eis aqui o mundo onde vivemos, regido pelo
seu príncipe, Satanás (João 16:11). Aqui, o honesto pode ser o pobre, e o
corrupto, rico. O cara legal pode ser o zoado, e o superficial adorado. O
gentil, preterido, e o “reclamão”, privilegiado. O traído, morto, e o traidor,
enaltecido. Mas, em primeiro lugar, isso não acontece sempre, nem mesmo aqui na
Terra em pecado. Os bonzinhos perdem batalhas, mas muitas vezes vencem guerras.
E no meio de tanto mal ao redor ainda existe muito bem no qual podemos nos
escorar, espelhar e regozijar. Além disso, aquilo que de nenhuma forma é menos
importante: a aprovação de Deus. Ainda que o bonzinho Urias tenha sofrido as
agruras de sua vida correta, e até seus imitadores passem o mesmo, há um Deus
que observa tudo isso. Uma coisa que poucas pessoas percebem é que Urias teve
uma honraria de Deus, na Bíblia, que é quase bizarra. Ele aparece na genealogia
de Jesus em Mateus 1. O mais estranho, é que, de fato, Urias não pertence a
essa lista. Ele era, basicamente, o “ex-marido da viúva que mais tarde seria
mãe de um filho de Davi”(!).
Ser
bonzinho não é para qualquer um. Porque, muitas vezes, isso vai significar
perder aqui para ganhar lá na frente. Sofrer aqui, para viver o compromisso de
ser correto. Não ter agora, para talvez nunca ter nesta vida. Mas ser bonzinho
é estar mais perto de Deus. Ser bonzinho é um privilégio divino. Ser bonzinho é
só para quem pode!
Não
peço que concordem, espero que reflitam!
Desafio do JOBS: Quem
matou o Rei Saul?
Resposta semana que vem.
Resposta semana que vem.
Resposta da semana
passada: Urias. (II Samuel 11:15)
O consolo para os bonzinhos é que "Há um Deus que observa tudo isso.".
ResponderExcluirAbraçãp
Esse lance de que ele aparece na genealogia de Jesus... eu nunca havia reparado.
ResponderExcluirAprendi mais essa, além de reafirmar a lição que nossos pais nos ensinaram: ser bonzinho vale a pena.
Revigorante ver que vale a pena ser bonzinho, mesmo que nunca venhamos a receber "gratificações" nesta vida.. gostei muito do texto e gosto ainda mais de Urias.. :)
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