TRAGÉDIA
Por Jackson Valoni
No trajeto para um dos vilarejos que uma
trupe de circo ambulante costumava visitar, a turma reparou que havia uma
mulher esquelética na beira da estrada, mendigando comida, suja, quase sem
vida. Nedda foi acolhida por Canio, o dono do circo. A história dessa mulher
muda com o socorro de artistas circenses. Como bons samaritanos, reacenderam as
esperanças dela. Canio cuidou de Nedda com os recursos que ele tinha e viu sua
recuperação. Canio, bem mais velho do que Nedda, apaixonou-se por ela e, por
fim, casaram-se.
Talvez a vida que Nedda tinha antes de
conhecer seu marido pudesse ter sido mais doce do que a amargura aparente. Eu
não poderia especular sobre o que ela se dispôs a fazer para saciar sua fome,
ou para dormir debaixo de um teto. Não se sabe sobre sua origem. Sua história
começa para nós quando um velho sente dó de uma mulher maltrapilha. Agora,
esposa do dono do circo, torna-se uma das principais artistas da equipe em uma
peça de teatro que havia ganhado notoriedade pela região. Agora, no circo, Nedda
tinha uma profissão, um sobrenome e um amor.
Mas as crises de ciúme do seu marido a
incomodavam, já que a diferença de idade entre eles era grande, e sua fama como
atriz logo se espalhou. Constantemente, Nedda era sufocada com interrogatórios
e acusações de seu marido, que desconfiava da legitimidade do amor dela.
Na verdade, Nedda tinha alguns amores.
Na peça, seu nome era Colombina e tinha
como marido o palhaço Pagliacci – representado por Canio -, astro do circo. Colombina,
porém, tinha um amante, chamado Arlequim. Ela e o amante se encontravam às
escondidas enquanto o palhaço estava fora de cena. Colombina ainda tinha um
admirador declarado, Taddeo, que além de tê-la como sua musa também era seu
criado.
Paralelamente à peça, Nedda vivia uma
relação extraconjugal com Silvio. Ela recebia também declarações apaixonadas de
Tonio, o mesmo homem que interpretava Taddeo, que também era empregado dela -
afinal, era a esposa do dono do circo -, mas que era rejeitado, tal qual seu
personagem, por ser corcunda.
Canio vive com a incerteza da traição e
guarda em seu peito a imagem de sua esposa, na rua, faminta, sozinha. Ele remói
a lembrança do passado nefasto daquela mulher que durante um período pareceu
ser feliz ao lado dele.
Quantos homens e mulheres são vítimas e
autores de infidelidade conjugal. Casos emblemáticos de relações extraconjugais
preenchem a História e vários anônimos, quando flagrados, recebem destaques
grotescos em mídias sociais.
A dor de uns torna-se a gargalhada de
outros.
Não tem como não pensar em Deus. A tristeza
que Ele deve sentir quando o rejeitamos é impossível de ser comparada. Um Deus
que nos chama de volta pra casa, e ao mesmo tempo é ridicularizado, me faz
pensar nos casos de infidelidade conjugal, que parecem aumentar cada vez mais,
facilitados pelas redes sociais, e até influenciados por sites da internet
especializados no assunto.
“O casamento deve ser honrado por todos; o
leito conjugal, conservado puro; pois Deus julgará os imorais e os adúlteros.”
(Hebreus 13:4)
O meu Deus entende o sofrimento de todos.
Jesus veio à Terra como homem e, semelhantemente a um cônjuge traído, Jesus foi
rejeitado por seu povo, assim como o Pai ainda o é, desde os primórdios da
história deste mundo.
Que você possa buscar o poder do Alto para
ajudar seu coração.
“Guarda-me
a alma e livra-me; não seja eu envergonhado, pois em ti me refugio. Preservem-me
a sinceridade e a retidão, porque em ti espero.” (Salmo 25:20,21)
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Referência:
Belíssima reflexão. Parece mesmo que hoje o incentivo à infidelidade é generalizado. Não somente na mais íntima das relações que é o casamento. Mas também em todas as relações e compromissos. Ser corrupto, corruptível, parece ser a regra.
ResponderExcluirMas a regra é clara! E é totalmente oposto à infidelidade. Bom te ver por aqui, Deize!
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