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segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

O “ENTERRO DOS OSSOS”


O “ENTERRO DOS OSSOS”
Maria Paula Guimarães, Rio de Janeiro – RJ

Então foi Natal...
E aí? Teve pavê ou “pacomê”? E “as namoradinhas”? E “os namoradinhos”?


Certamente, os clássicos não faltaram. Tem coisa que se repete todo ano, não tem jeito. Há quem seja adepto a mudanças, mas a verdade é que, às vezes, não dá para fugir muito das tradições. A Bíblia nos diz que “nada há de novo debaixo do sol” (Eclesiastes 1:9). Passa ano, vem ano, e muita coisa se repete. Mas há coisas que, na verdade, não gostaríamos que se repetissem.


Aqui em casa, no dia 25, que é o dia seguinte à Ceia de Natal, tem sempre o famoso “enterro dos ossos”, em que a família se reúne na casa de alguém para comer as sobras da ceia da noite anterior. E, assim, a festa continua. Em clima festivo e alegre, já depois de terem sido trocados os presentes, comemos juntos mais uma vez.


Essa cerimônia, que precede em alguns dias o Ano Novo, me é muito significativa e propõe algumas reflexões. Eu fico pensando, cá comigo, depois de passado um ano, praticamente inteiro: quantos “ossos” emocionais, sentimentais, que se calcificaram em nossa memória, não gostaríamos de nos livrar... Os erros que cometemos (claro, somos humanos), as pessoas que ferimos, as feridas que nos fizeram neste caminho, o carinho negado, o abraço não recebido e o não dado. As palavras que não dissemos e as duras palavras que ouvimos; as pedras que, com ou sem intenção, atiramos a alguém. Há, talvez, tantas memórias que queiramos enterrar!

Livrar-nos das lembranças não nos parece uma solução possível, porque, salvo doença ou algum acometimento, nossa mente não nos permite esquecer as coisas com facilidade. Porém, é possível extrair das experiências amargas bons aprendizados para nossa vida e nossas relações diárias. Dessa forma, após termos extraído tudo o que é relevante e edificante para o Reino, podemos, então, “enterrar os ossos”, as marcas, as mágoas, as feridas e os traumas. Fazer isso às vésperas de um Novo Ano pode ser uma grande ideia.


Em I Tessalonicenses 5:21 encontramos o seguinte conselho: “Examinai tudo. Retende o bem.”. Outra versão, que eu prefiro, diz assim: “Olhai a tudo e retém somente o que é bom”. Em outras palavras, talvez pudéssemos dizer: aproveite a Ceia, mas “enterre os ossos”. De hoje em diante, não leve consigo aquilo que não molda o seu caráter para a Eternidade.

Hoje, na minha família, é o dia de “enterrar os ossos” da Ceia de ontem. Mas esse não precisa ser um hábito da sua casa. Aproveite a data para “enterrar os ossos” no sentido metafórico, entregando a Deus suas angústias, livrando-se dos traumas e guardando, consigo, apenas os aprendizados edificantes.


Tenha um leve e Feliz Natal!

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

DESPRESTIGIADOS, PORÉM SALVOS.

 

DESPRESTIGIADOS, PORÉM SALVOS.
Maria Paula – Niterói/RJ

Eu gosto do que é leve. Eu não sei vocês, mas eu gosto. Gosto muito. E se tem uma coisa que eu acho leve é uma boa história. Eu me amarro em histórias. Gosto de contá-las e de ouvi-las (e depois reinventá-las... Quem nunca?). Mas as histórias, para serem histórias, precisam de algumas características presentes. Primeiro, precisam ter sequencialidade. Em segundo, precisam de uma excepcionalidade. Ninguém narra um evento comum. Depois, ela tem um desfecho e, em algum momento, algum tipo de avaliação ("foi bizarro", "inacreditável", por aí em diante).


Estou falando isso porque, hoje, vou contar uma história. Mas antes de contá-la, quero fazer só mais uma observação sobre histórias. É que eu acho interessante como a história pode ser uma metonímia da vida. A nossa vida tem uma sequencialidade e a gente passa o tempo todo em busca do excepcional, para que nossa história possa ter um desfecho com alguma avaliação positiva. Nesse sentido, não seria surpreendente saber que o Autor da Vida, quando pisou aqui, se apresentou como um grande contador de histórias.

Vamos à história. Está em Lucas 14:8-11.

“(...) Quando alguém o convidar para um banquete de casamento, não ocupe o lugar de honra, pois pode ser que tenha sido convidado alguém de maior honra do que você. Se for assim, aquele que convidou os dois virá e dirá: ‘Dê o lugar a este’. Então, humilhado, você precisará ocupar o lugar menos importante. 0Mas quando você for convidado, ocupe o lugar menos importante, de forma que, quando vier aquele que o convidou, diga: ‘Amigo, passe para um lugar mais importante’. Então você será honrado na presença de todos os convidados. Pois todo o que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado”.

Essa história me faz lembrar algumas histórias - como toda boa história, naturalmente, faz com a gente. Mas vou escolher só uma pra contar. Eu me lembro do aniversário de uma menina. Minha amiga. Muito amiga. Até já falei dela aqui. Ela estava fazendo nove anos, e eu também era criança nessa época. Naquele dia, ou melhor, naquela noite de aniversário, ela decidiu sair pela rua, sem que os pais vissem, procurando os moradores de rua para convidá-los para sua festa. Em sua mente, a ideia parecia genial: tem comida e eles têm fome. Seus pais estavam muito ocupados com os preparativos da festa e, quando olharam pela janela, só viram pessoas entrando pelo portão, mas não eram os convidados que estavam esperando. A menina, então, teve que explicar que os havia convidado. Os pais não acharam tão bom assim, mas, de alguma maneira, negociaram com ela. Acho que dariam comida e, em seguida, eles teriam que ir embora.

O desfecho dessa história foi assim: comida e fim. Mas, bem, em algum ponto essa narrativa e a bíblica se entrelaçam e me fazem lembrar o Reino. Somos nós, os pobres, os moradores de rua, os sem prestígio algum diante da grandiosidade de Deus. Somos nós os que, olhando pra nós mesmos, devemos saber que o lugar que nos cabe é o último. Se entendermos isso, então Jesus, com sua graça, chegará até nós e nos chamará para sentar em um lugar melhor, em lugar de salvação, misericórdia e amor. E esse lugar transformador mudará o nosso ego, fazendo com que, agora, ele saia e leve o Reino a outros desprestigiados, que não podem nos retribuir, como nós não podemos retribuir o que Cristo fez por nós. O Reino chegará a eles, talvez, em forma de comida, de abrigo, de abraço ou de palavra, porque, por serem humanos (como nós somos), são desprestigiados, carentes da graça de Deus, assim como toda a humanidade. 

Mas a boa notícia é que a graça dEle nos alcança para que sejamos o Reino, desde agora e para sempre. 


segunda-feira, 16 de outubro de 2017

SOBRE NÓS


SOBRE NÓS
Maria Paula Guimarães - Niterói - RJ

Eu queria que vocês soubessem de todas as desgraceiras que acontecem comigo. Na real, não queria não. Por isso que não lhes conto. Mas se vocês soubessem, veriam que não existe nenhuma grama mais verde do que a outra. Somos todos essas gramas secas em busca de água fresca.

Somos todos feitos de indecisões e frustrações. Viver dói à beça. Não dói só pra você que tá tendo um ano punk rock federal, não. Dói pra mim também, que sofri aos montes e não lhe contei. Dói porque eu também não sei o que quero da vida. E eu também não sei quem sou.


Ninguém contou pra gente que a indecisão faria parte, né? Ninguém chegou ao pé do nosso ouvido e sussurrou que o início da vida adulta seria cheio de crise existencial. Eles nos falaram sobre sonhos, mas não sobre frustrações. Disseram para sermos alguém, mas não explicaram que, às vezes, precisamos saber ser ninguém. Eles disseram que seríamos grandes, mas não deixaram claro que tudo depende dos olhos de quem vê. E, às vezes, a gente se vê pequeno demais pra enxergar o que vem pela frente e pequeno demais pra entender que o que vem pela frente tanto faz. Os intervalos é que são os momentos mais importantes da vida. São, dela, uma metonímia. Viver é um grande "enquanto". A vida é, enquanto isso. E, enquanto isso, a gente conhece gente legal que divide, generosamente, um pouco de si conosco. E isso basta pra ser feliz.



Quanto aos nossos planos, eles vão dando certo aos poucos. Não esquente.
Até hoje sempre deu tudo certo. É que Ele cuida.
E se Ele vai cuidar, então, enquanto isso, se ocupe em amar.
Mas se estiver pesado demais, você tem a mim, pra chorar as suas pitangas comigo.
E eu tenho você, pra chorar as minhas.

Que sejamos sempre nós e que nossos nós não desatem.


Bjs no córe.

segunda-feira, 9 de outubro de 2017

SACADAS DO MESTRE


SACADAS DO MESTRE
Maria Paula Guimarães – Niterói - RJ

Jesus é genial. É sério. Se você não O conhece, leia o que os amigos registraram sobre Ele na parte da Bíblia chamada de “Novo Testamento”. Impossível não se admirar. O que mais me encanta em Jesus é a sua inteligência emocional. Ele sabia exatamente como falar diretamente ao coração das pessoas. Escolhia o jeito e as palavras certas. Quando necessário, era um ótimo contador de histórias – daquelas com fundo moral, cheias de verdades ditas com sensibilidade.


As pessoas nem sempre entendiam por que Ele escolhia essa forma de comunicar. Contar historinhas? Pra adultos? Por que não fala na cara? Perguntaram-lhe isso. E Ele, sabiamente, mandou o melhor “entendedores entenderão”, que você respeita, da história do planeta. Dê uma olhada em Mateus 13:10-13 pra você ver se não é verdade.

Nestes últimos dias tenho conversado muito com meus amigos sobre Inteligência Emocional. Sobre como é difícil tê-la. Sobre as inseguranças, falta de autoestima e afins. E, nessas boas prosas, que eu tanto gosto, Jesus sempre vem à tona. Verdadeiro, simples, humilde, assertivo, preciso. Ele é, sem dúvidas, o melhor exemplo humano (tão humano quanto divino) de habilidade interpessoal.

Se os judeus eram arrogantes em defender suas verdades, Jesus os repreendia com humildade em prática, falando de um jeito que eles e, talvez, apenas eles, entenderiam. Se os discípulos eram impacientes, Jesus, com paciência, oferecia o modelo de como eles deveriam ser. Se alguém chorava, Ele dava razões convincentes para a alegria.

Esse foi, é e sempre será Jesus. A inspiração, o socorro, o amigo, o exemplo. É nEle que está minha segurança. É nEle que me inspiro. E é com Ele que, um dia, quero estar. Não falta muito. Até lá, vamos seguindo os caminhos do Mestre, para lidar, com inteligência, com as adversidades do caminho.


segunda-feira, 2 de outubro de 2017

NEM SEMPRE POSSO OUVIR VOCÊS


NEM SEMPRE POSSO OUVIR VOCÊS
Maria Paula – Niterói/RJ

A minha melhor amiga é surda. Na verdade, ela é mais que amiga. Deus nos concedeu a graça de termos laços sanguíneos. Minha melhor amiga é minha prima. Crescemos juntas, na região Nordeste do Brasil, mais precisamente em Natal, capital do RN.

Brincamos de tudo o que uma criança tem direito: subir em árvores, encenar narrativas inventadas por nós mesmas e nossos irmãos, reviver experiências (escolinha, santa ceia e afins). Tínhamos umas brincadeiras exóticas, também, como a da moradora de rua que se encontrava com uma mulher extremamente rica que lhe tirava da pobreza extrema. Vez ou outra brincávamos de encenar esse drama, por nós inventado, e que tinha um final feliz. Gostávamos de finais felizes. 

O tempo passou e quando minha prima tinha 10 anos, e eu oito, soube que ela e sua família se mudariam para São Paulo. Não teríamos mais as nossas aventuras com frequência e eu não teria mais que explicar pras pessoas o que ela estava falando, caso não entendessem (o que acontecia com mais frequência do que gostaríamos... às vezes, acho que as pessoas têm um pouco de má vontade para entender as outras... naquela época, ela não falava como uma ouvinte nativa do português oral, mas como uma surda oralizada... e dava pra entender, sim).

Quando soubemos da mudança, além da despedida entre famílias - a minha e a dela - com abraços, minha mãe despediu-se com um livro, de nome "Nem sempre posso ouvir vocês". Minha prima já lia muito bem e entendia o que as pessoas falavam fazendo leitura orofacial, então minha mãe lhe disse para levar esse livro para a nova escola, no primeiro dia de aula, e mostrar à professora. E, assim, ela o fez.

Era preciso que soubessem que, nem sempre, ela poderia ouvir. Era preciso que algo muito importante fosse comunicado. Era preciso comunicar a diferença.


Comunicar é tornar comum, e nossas diferenças são a coisa mais comum do mundo. É preciso tornar comum até o que é comum. As coisas não são claras até que falemos sobre elas. Falar sobre as diferenças é, muitas vezes, um tabu. Parece haver certo medo (que não dá pra saber se é anterior ao preconceito ou não) de falar abertamente sobre o assunto.

Mas, na verdade, qual seria a graça do mundo se fôssemos todos iguaizinhos? Tenho, em mim, a ideia de que Deus criou todos diferentes para que cada um pudesse ser amado de um jeito único. A igualdade do amor de Cristo é amar a cada um dentro da possibilidade individual de compreensão desse amor. Ele ama de um jeito que cada um pode se sentir amado.

Uns nem sempre podem nos ouvir, outros talvez não andem com suas próprias pernas, mas o amor de Cristo pode alcançar a todos quando Ele nos chama para sermos pequenos Cristos para quem, talvez, não se sinta amado.

Que sejamos nós os ouvidos de quem nem sempre pode ouvir e as pernas de quem não caminha com elas. O ouvido amigo oferece atenção e se mostra presente em momentos de angústia. As pernas nos levam aos destinos desejados e podem nos ajudar a carregar quem precise chegar lá.

Como dizem por aí: que sejamos nós a mudança que queremos ver no mundo.

E que, sempre, possamos ouvir o outro - se não com os ouvidos, ao menos com o coração.


segunda-feira, 12 de junho de 2017

“COLOCA ÁGUA NO FEIJÃO, QUE EU TÔ CHEGANDO.”

“COLOCA ÁGUA NO FEIJÃO, QUE EU TÔ CHEGANDO.”
Maria Paula - Niterói-RJ

Casa cheia, falatório intenso. Mesa arrumada, fartura e muita prosa. Um “fala de cá”, um “conversa de lá”. Desliga a TV, que hoje ela é desnecessária. O som familiar das vozes de nossos amados preenche muito melhor o ambiente do que a fala não interativa da TV para os telespectadores.

Essa cena, provavelmente, também seja conhecida de vocês. As ocasiões são várias: aniversários, datas comemorativas, férias ou, simplesmente, saudade. A saudade pede a companhia dos que amamos. A saudade pede a gritaria dos familiares reunidos e as risadas tão saudáveis e contagiosas. E, claro, também pede comida. Não que fome e saudade andem juntas, embora ambas apontem para uma falta, mas é que comer junto tem um significado afetivo muito importante. Assim, quando comemos a comida dos que amamos, nos sentimos amados também. E quando cozinhamos para eles expressamos nosso afeto.


Pensando nisso, não é absurdo nem estranho saber que durante o ministério de Jesus Ele dedicou tempo para comer junto com as pessoas e que deixou promessas de que, um dia, cearemos com Ele. Disse, ainda, que nos está preparando uma mesa e, antes de partir, sentou com Seus discípulos, como quem senta à mesa com os familiares e, ali, comeu com eles. Deixou-nos, assim, algumas importantes lições a esse respeito. Ensinou-nos, por exemplo, a repartir o pão com o nosso próximo; a dividir com o outro parte importante da nossa rotina, dando a ele a noção de pertencimento, de comunidade; a sermos humildes, cedendo o lugar de maior importância e sentando no lugar de menor destaque, à mesa; a servir e saber ser servido, tendo sempre gratidão.


Graças a Deus pelos almoços de família e por tudo o que podemos aprender com eles! Graças a Deus pela visita inesperada que chega em cima da hora e desperta em nós, rapidamente, o espírito de serviço. Graças a Deus pelas conversas que conseguimos ter à mesa e pelos laços que criamos e aprofundamos quando comemos com os que amamos ou com os que aprendemos a amar, quando dividimos o pão.


No mais, coloca água no feijão que Ele tá chegando! Que Ele seja sempre o convidado especial de nossas refeições e nos faça entender o verdadeiro significado desse rito social.
 

segunda-feira, 29 de maio de 2017

MERCHANDISING PARA O CANAL DOS AMIGOS



MERCHANDISING PARA O CANAL DOS AMIGOS
Maria Paula Guimarães, Niterói-RJ

Oi, gente!
Nossos encontros por aqui costumam ser às segundas, tirando os contratempos, e tem sido um prazer estar com vocês virtualmente por meio desta coluna. Não tem sido fácil também – é verdade; mas tem sido edificante. Por falar em edificante, o post de hoje se encaixa bem nesse adjetivo. Em vez de deixar aqui as minhas palavras, deixo com muito carinho as palavras de uns amigos, em forma de debate, que podem contribuir muito para a sua fé.


Assista ao vídeo! É em formato diferente, 360°. Você vai girando e vendo a cara das pessoas. Depois, se gostar, deixe seu like no canal dos amigos (por que não fazer um merchandising básico, né?).



segunda-feira, 15 de maio de 2017

MÃES E FILHOS, EM POESIA, PROSA OU NARRATIVA


MÃES E FILHOS, EM POESIA, PROSA OU NARRATIVA  
Maria Paula Guimarães - Niterói-RJ
 
Ontem foi o Dia das Mães. E eu queria escrever um texto que fosse, ao mesmo tempo, para a minha mãe e para todas as mães. Mas acho difícil. Primeiro, porque quando ouço minhas amigas falarem sobre suas mães, me sinto uma estranha no ninho. A minha mãe não tem nada a ver com o “padrão mãe” narrado por elas. Minha mãe não fica cobrando de mim uma coisa ou outra, nem se ocupa de tarefas da casa que devem ser feitas por mim. Se sou eu que tenho que fazer, eu que o faça. Ela não fará por mim, ainda que eu demore, enrole e postergue. Segundo, porque eu acho que não sei escrever textos publicitários de datas comemorativas. Só sei falar do que sinto, não do que os outros sentem.


Sendo assim, a única mãe sobre a qual eu poderia falar é a minha. Essa eu conheço. E se conheço! Todo ano, aliás, eu tiro do meu coração, nesta data, as melhores palavras que possam expressar a nossa relação e o meu sentimento por ela e, então, compartilho com o mundo.

Uma vez, foi um poema. Na outra, fiz em prosa e, depois, narrei alguns dos nossos episódios. Isso porque nossa relação é assim. Às vezes, poesia – cheia de amor, afeto, atenção e cuidado, que se encontram e vão rimando dentro da gente. Outras, porém, ela é prosa. Não tem tempo de rimar, porque, na correria do dia a dia, nem sempre sobra tempo pra isso, então acabamos por ficar com o básico. Por fim, nossas amadas narrativas, nossos episódios clássicos e tragicômicos, que, vez ou outra, emergem de nosso relacionamento e vão desenhando, espontânea e livremente, a nossa relação mãe-filha.


Essa relação, talvez, não seja das melhores. Eu e ela somos diferentes em incontáveis aspectos. E essas diferenças, quando vêm à tona, não nos deixam rimar uma com a outra. Elas nos fazem prosa, sem muita poesia. Mas quando muda o texto, mudamos as personagens em nós, e entramos numa mesma história – com emoção, suspense, desespero, diversão e, claro, amor.

Essa é a nossa história que, por ser verdadeira e humana, pode ser a de tantos outros filhos e filhas com suas mães. Pode ser que seja a mesma história, escrita pelo mesmo Deus, mas com outras personagens. Pode ser que seja a mesma poesia, feita pelo Autor da Vida, mas com outras estrofes. Pode ser que seja a mesma prosa, escrita por Ele, que nos permita estar hoje aqui, leitores e escritora, dividindo o mesmo ponto em comum: nossas queridas mães.


À minha mãe, desejo a bênção de Deus, pra continuar exercendo o dom da maternidade, seja em poesia, prosa ou narrativa. Às outras queridas mães, desejo que continuem sendo essa influência para o bem na vida de seus filhos. E a todas vocês, deixo Números 6:24-26, como meu pedido de oração a Deus:

“O Senhor te abençoe e te guarde; O Senhor faça resplandecer o Seu rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti; O Senhor sobre ti levante o seu rosto e te dê a paz”.

Ainda em tempo, porque sempre há tempo para esse amor: Feliz Dia das Mães!

segunda-feira, 8 de maio de 2017

VAI ONDE HÁ A DOR, E CURA.


VAI ONDE HÁ A DOR, E CURA.
Maria Paula - Niterói/RJ
A canção é cheia de estrofes lindas, mas que cortam a alma. São verdades duras, que precisamos ouvir. Para ser menos cruéis, elas vêm em forma de poesia e melodia. Mas não deixam de vir. Elas vêm e nos convidam. A entrar na música e mudar as rimas. A ser parte de um poema mais justo e feliz. Ela nos convida a ser o poema escrito pelas mãos dAquele que cuida e, assim, nos diz pra cuidar também. Essa música é Deus olhando pra humanidade, pra dor dos marginalizados, ouvindo as vozes do Norte e dizendo:

Vai onde há a dor, e cura!
Vai onde não há amor, e ama!
Vai onde há a dor, e alegra!
Vai onde não há amor, transforma!

Essa resposta, entretanto, só vem no coro, quando Ele fala. Quando Ele cala a angústia que grita “Deus, onde estás?”, indignada com a incoerência dos fatos, com a falta de compaixão no mundo. A angústia pensa que a culpa é de Deus. A gente pensa que a culpa é de Deus. Penso assim eu também.


A gente só quer que Ele acenda a luz, que ilumine a Terra, esse lugar que tanto sofre e carece de esperança. Porque a gente acredita que Seu toque forte muda a sorte de quem O encontra. Mas Ele lembra, através daquele convite que eu falei que Ele faz, que nós é que somos a luz do mundo. Porque quando Ele tem um encontro conosco Ele muda a nossa sorte e nos faz ir onde há a dor, e curar; onde não há amor, e amar.


Ah! Acende toda luz,
Iluminando a Terra
que convive com a dor,
Sem esperança.
Teu toque forte muda a sorte de quem Te encontra.


Deixo abaixo a referida música pra que você ouça e permita que ela impacte tanto ou mais o seu coração quanto impactou o meu.

Vai onde há a dor, e cura. Mas, antes, permita-se ouvir esta música!


segunda-feira, 1 de maio de 2017

FRÁGIL COMO FOLHAS DE OUTONO


FRÁGIL COMO FOLHAS DE OUTONO
Maria Paula Guimarães – Niterói, RJ

Dia desses, contei aqui da partida de um amigo. Eu disse que ele era, na verdade, amigo de um amigo – acho engraçada essa categorização de gente que costumamos fazer. Eu disse que ele se foi. Não porque decidiu ir, mas porque a vida, sendo frágil, insistiu em partir-se dele. A vida é assim. Escorre por entre os nossos dedos e surge sobre os nossos braços, frágil, de repente, num mundo já pronto, mas sempre despreparado para um novo alguém.

Existir é sempre uma fragilidade. Fingimos que não, pra que seja divertido, pra que achemos graça, pra que viver seja doce, ainda que a vida seja frágil. Frágil, como folhas de outono, como diz a canção dos Arrais. E tudo o que é frágil requer cuidado. Cuidar exige paciência. E paciência é essa coisa meio chata que nos faz entender que nem todo dia é verão, nem todo dia é primavera ou inverno. Às vezes, simplesmente, é outono. E as folhas caem. E os sonhos não acontecem do jeitinho que gostaríamos. E, quando olhamos pra fora, sabe-se lá por que, as folhas estão todas pelo chão. Nada faz sentido. Num ímpeto de desespero, tentamos pôr no pé de novo. Mas elas não ficam. Secaram.


Olhar da janela o caos ao redor não parece uma boa ideia. Dá uma sensação de impotência devastadora. Um negócio ruim, que não dá pra explicar. Dentro de algum lugar de nós bate um desespero. Desesperar-se é, justamente, não saber lidar com a espera. Mas se pensarmos que Quem criou o tempo, por ser Eterno, não precisava disso, algumas coisas começam a tomar novo sentido.


Quando lemos as palavras inspiradas por Aquele que é Eterno, encontramos, em Eclesiastes 3:1, que há tempo para todo propósito debaixo do céu. Pode parecer irônico ler a Eternidade falando sobre a temporalidade da vida - algo que está abaixo dEle. Mas Deus foi muito didático ao explicar o tempo e ao criá-lo. Ele o fez por e para a humanidade.

Porque a existência humana é temporalmente organizada, há momentos de chuva, de sol, de folhas caindo e de flores brotando. Aquele que é Eterno o é também em sabedoria e, por isso, sabia que precisaríamos ver as estações acontecendo do lado de fora para que entendêssemos que, às vezes, elas acontecem também do lado de dentro. E passam, assim como as de fora.


Hoje, as folhas podem estar caindo lá fora e a temperatura, mais amena no coração, mas Deus nos diz que há tempo para todo propósito debaixo do Sol. Há o tempo da fragilidade das folhas de outono, sim. Há tempo também de sentir o frio do inverno lá dentro da alma. Mas, logo, logo, quando a Terra girar mais um pouquinho, as flores tão bonitas da vida voltarão a enfeitar nossos dias. E melhor do que isso é que, muito, muito em breve, nem nos preocuparemos mais com essas estações – internas ou externas; porque, na Eternidade que Ele nos está preparando, os dias serão sempre coloridos e floridos. Até lá, tenha paciência para lidar com a fragilidade do outono, pois há tempo para todo propósito.