segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

O “ENTERRO DOS OSSOS”


O “ENTERRO DOS OSSOS”
Maria Paula Guimarães, Rio de Janeiro – RJ

Então foi Natal...
E aí? Teve pavê ou “pacomê”? E “as namoradinhas”? E “os namoradinhos”?


Certamente, os clássicos não faltaram. Tem coisa que se repete todo ano, não tem jeito. Há quem seja adepto a mudanças, mas a verdade é que, às vezes, não dá para fugir muito das tradições. A Bíblia nos diz que “nada há de novo debaixo do sol” (Eclesiastes 1:9). Passa ano, vem ano, e muita coisa se repete. Mas há coisas que, na verdade, não gostaríamos que se repetissem.


Aqui em casa, no dia 25, que é o dia seguinte à Ceia de Natal, tem sempre o famoso “enterro dos ossos”, em que a família se reúne na casa de alguém para comer as sobras da ceia da noite anterior. E, assim, a festa continua. Em clima festivo e alegre, já depois de terem sido trocados os presentes, comemos juntos mais uma vez.


Essa cerimônia, que precede em alguns dias o Ano Novo, me é muito significativa e propõe algumas reflexões. Eu fico pensando, cá comigo, depois de passado um ano, praticamente inteiro: quantos “ossos” emocionais, sentimentais, que se calcificaram em nossa memória, não gostaríamos de nos livrar... Os erros que cometemos (claro, somos humanos), as pessoas que ferimos, as feridas que nos fizeram neste caminho, o carinho negado, o abraço não recebido e o não dado. As palavras que não dissemos e as duras palavras que ouvimos; as pedras que, com ou sem intenção, atiramos a alguém. Há, talvez, tantas memórias que queiramos enterrar!

Livrar-nos das lembranças não nos parece uma solução possível, porque, salvo doença ou algum acometimento, nossa mente não nos permite esquecer as coisas com facilidade. Porém, é possível extrair das experiências amargas bons aprendizados para nossa vida e nossas relações diárias. Dessa forma, após termos extraído tudo o que é relevante e edificante para o Reino, podemos, então, “enterrar os ossos”, as marcas, as mágoas, as feridas e os traumas. Fazer isso às vésperas de um Novo Ano pode ser uma grande ideia.


Em I Tessalonicenses 5:21 encontramos o seguinte conselho: “Examinai tudo. Retende o bem.”. Outra versão, que eu prefiro, diz assim: “Olhai a tudo e retém somente o que é bom”. Em outras palavras, talvez pudéssemos dizer: aproveite a Ceia, mas “enterre os ossos”. De hoje em diante, não leve consigo aquilo que não molda o seu caráter para a Eternidade.

Hoje, na minha família, é o dia de “enterrar os ossos” da Ceia de ontem. Mas esse não precisa ser um hábito da sua casa. Aproveite a data para “enterrar os ossos” no sentido metafórico, entregando a Deus suas angústias, livrando-se dos traumas e guardando, consigo, apenas os aprendizados edificantes.


Tenha um leve e Feliz Natal!

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