sábado, 27 de fevereiro de 2016

CONFESSIONÁRIO


CONFESSIONÁRIO
Por Jackson Valoni

Sinto paz quando estou sozinho na cozinha, ouvindo aquele barulhinho da geladeira. Encontro a paz quando ouço o som do ventilador, na sala, com a televisão desligada. Imagino o que deve ser a paz perfeita quando vejo a noite chegando, no verão, sem nuvens no céu, com o sol dizendo adeus. Eu entendo o que é a paz quando termino de ler mais um capítulo do meu livro de cabeceira.

A paz chegou até mim quando liguei pra um amigo do peito - de alma, de sangue - pra pedir perdão por um grande erro que cometi contra ele. Conversei com ele chorando, e continuei chorando depois que desliguei. Havia um remorso constante na minha vida por causa do mal que fiz contra essa pessoa e aquela ligação foi realizada depois de anos de vergonha.

A alegria de ouvir que sou amado por alguém a quem fiz tão mal é constrangedora. As lágrimas que me acompanharam naquela tarde de sexta-feira retiraram uma angústia que eu cultivava dentro de mim. Depois que desliguei o telefone, não sei por quanto tempo permaneci imóvel na minha cama sentindo alívio na alma, sentindo a grandeza do perdão.

Por ser onisciente, Deus conhece tudo e todos. Porém, essa qualidade ímpar do Criador não nos permite esconder nossos pecados. Lembre-se de que Deus perguntou a Adão se ele havia comido do fruto proibido. Deus também perguntou a Caim pelo paradeiro de seu irmão, Abel, após tê-lo assassinado. 

Um coração arrependido encontra o remédio para sua tristeza na confissão. Deus só pode nos dar o perdão se, antes, reconhecermos nosso erro. Reconhecimento, arrependimento e confissão formam a receita para encontrar o perdão do Altíssimo. Afinal, confissão sem arrependimento é mera declaração dos fatos.

Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” (I João 1:9)

Há pessoas que preferem viver se escondendo, camuflando seus vícios e maus hábitos, entretanto, em seu íntimo, estão ávidas por momentos de tranquilidade genuínos que, talvez, só tenham encontrado durante a infância. Acostumados aos meios torpes de seu cotidiano, perdem o apreço pela paz da consciência, que não depende de riquezas materiais.

Enquanto escondi os meus pecados, o meu corpo definhava de tanto gemer. Pois de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim; minha força foi se esgotando como em tempo de seca. Então reconheci diante de ti o meu pecado e não encobri as minhas culpas. Eu disse: ‘Confessarei as minhas transgressões ao Senhor’, e tu perdoaste a culpa do meu pecado.” (Salmos 32:3-5)

Deus se agrada quando reconhecemos nossos erros e vamos até Ele, humildemente, confessar o que erramos e o que nos impede de sermos melhores. Quando o coração aperta com o peso da angústia, Deus nos recebe como o alívio para a vida amargurada. O arrependimento genuíno precede o reconhecimento do pecado. “Cada ato, cada palavra, cada pensamento, é tão distintamente notado [por Deus] como se apenas houvesse uma pessoa no mundo inteiro, e a atenção do Céu estivesse nela centralizada.” 1

O que encobre as suas transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará misericórdia.” (Provérbios 28:13)

Confissão e arrependimento, caminho da paz.

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Referência:
WHITE, G. Ellen. Patriarcas e Profetas, p. 127, 2º Edição, 1996. Casa Publicadora Brasileira. Tatuí, SP

4 comentários:

  1. Melhor que o arrependimento é o perdão. Que alivio e paz sentimos quando isto ocorre.
    Brilhante como sempre amigão. Abração

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  2. Valeu, amigão! É sempre bom te ver por aqui! :)

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  3. Pensar que o céu inteiro para... É lindo, isso!!

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  4. É muita atenção pra pessoas tão limitadas como nós. Temos que retribuir à altura. Falando sobre o Alto pode ser uma opção

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