CONFESSIONÁRIO
Por
Jackson Valoni
Sinto paz quando estou sozinho na cozinha, ouvindo
aquele barulhinho da geladeira. Encontro a paz quando ouço o som do ventilador,
na sala, com a televisão desligada. Imagino o que deve ser a paz perfeita
quando vejo a noite chegando, no verão, sem nuvens no céu, com o sol dizendo
adeus. Eu entendo o que é a paz quando termino de ler mais um capítulo do meu
livro de cabeceira.
A paz chegou até mim quando liguei pra um amigo do
peito - de alma, de sangue - pra pedir perdão por um grande erro que cometi
contra ele. Conversei com ele chorando, e continuei chorando depois que
desliguei. Havia um remorso constante na minha vida por causa do mal que fiz
contra essa pessoa e aquela ligação foi realizada depois de anos de vergonha.
A alegria de ouvir que sou amado por alguém a quem
fiz tão mal é constrangedora. As lágrimas que me acompanharam naquela tarde de
sexta-feira retiraram uma angústia que eu cultivava dentro de mim. Depois que
desliguei o telefone, não sei por quanto tempo permaneci imóvel na minha cama
sentindo alívio na alma, sentindo a grandeza do perdão.
Por ser onisciente, Deus conhece tudo e todos.
Porém, essa qualidade ímpar do Criador não nos permite esconder nossos
pecados. Lembre-se de que Deus perguntou a Adão se ele havia comido do
fruto proibido. Deus também perguntou a Caim pelo paradeiro de seu irmão, Abel,
após tê-lo assassinado.
Um coração arrependido encontra o remédio para sua
tristeza na confissão. Deus só pode nos dar o perdão se, antes, reconhecermos
nosso erro. Reconhecimento, arrependimento e confissão formam a receita para
encontrar o perdão do Altíssimo. Afinal, confissão sem arrependimento é mera
declaração dos fatos.
“Se confessarmos os nossos pecados,
ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a
injustiça.” (I João 1:9)
Há pessoas que
preferem viver se escondendo, camuflando seus vícios e maus hábitos,
entretanto, em seu íntimo, estão ávidas por momentos de tranquilidade genuínos
que, talvez, só tenham encontrado durante a infância. Acostumados aos meios
torpes de seu cotidiano, perdem o apreço pela paz da consciência, que não
depende de riquezas materiais.
“Enquanto escondi os meus pecados, o meu corpo
definhava de tanto gemer. Pois de dia e
de noite a tua mão pesava sobre mim; minha força foi se esgotando como em tempo
de seca. Então reconheci diante de ti o meu pecado e não encobri as minhas
culpas. Eu disse: ‘Confessarei as minhas transgressões ao Senhor’, e tu
perdoaste a culpa do meu pecado.” (Salmos
32:3-5)
Deus se agrada quando reconhecemos nossos erros e
vamos até Ele, humildemente, confessar o que erramos e o que nos impede de
sermos melhores. Quando o coração aperta com o peso da angústia, Deus nos
recebe como o alívio para a vida amargurada. O arrependimento genuíno precede o
reconhecimento do pecado. “Cada ato, cada palavra, cada pensamento, é tão
distintamente notado [por Deus] como se apenas houvesse uma pessoa no mundo
inteiro, e a atenção do Céu estivesse nela centralizada.” 1
“O que encobre as suas
transgressões jamais prosperará; mas o que as confessa e deixa
alcançará misericórdia.” (Provérbios
28:13)
Confissão e
arrependimento, caminho da paz.
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Referência:
WHITE, G. Ellen. Patriarcas e Profetas, p. 127, 2º
Edição, 1996. Casa Publicadora Brasileira. Tatuí, SP
Melhor que o arrependimento é o perdão. Que alivio e paz sentimos quando isto ocorre.
ResponderExcluirBrilhante como sempre amigão. Abração
Valeu, amigão! É sempre bom te ver por aqui! :)
ResponderExcluirPensar que o céu inteiro para... É lindo, isso!!
ResponderExcluirÉ muita atenção pra pessoas tão limitadas como nós. Temos que retribuir à altura. Falando sobre o Alto pode ser uma opção
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