TEMPO DE SE PREPARAR PARA UM NOVO TEMPO
Denize Vicente – Em casa – Rio de Janeiro - RJ
Fazemos votos e pensamos em bons desejos, geralmente, na época do Natal ou do Ano Novo.
Esquecemos que a vida (re)começa a cada dia, e que a luta também é uma coisa diária.
Esquecemos que a vida é um passeio e não uma corrida; que o ponto de chegada é tão importante quanto a caminhada; e esquecemos que a dor existe e é preciso sabedoria para lidar com ela; que a saúde énum bem inestimável e por isso devemos aprender a cuidar de nós mesmos e dos outros; e que o amor, sempre o amor, é e será eternamente o combustível da nossa alma...
Talvez neste ano as coisas tenham sido um pouco diferentes, nesse aspecto, e você tenha dado mais valor às coisas que realmente importam, porque são quase dez meses vivendo uma vida completamente diferente daquela que planejamos no final de 2019...
Não sei o que está acontecendo aí na sua vida, neste exato momento; não sei que dores você sofreu nos últimos meses nem se conseguiu ter cabeça pra fazer novos planos para o novo ano, um ano que já se tornou uma incógnita muito maior do que todas as incógnitas que um mês de dezembro costuma despertar na gente...
E talvez por isso mesmo eu gostaria de fazer meus votos já agora... no dia do Natal, pra que você tenha tempo de se organizar mentalmente pra viver esse novos dias, um novo tempo.
Que o dia de hoje seja de renovação da esperança não apenas de dias melhores, mas de um mundo melhor, novos céus e nova Terra... (Isaías 65:17 * II Pedro 3:13)
“Pois, desejo primeiro que você ame e que amando, seja também amado,
E que se não o for, seja breve em esquecer e esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo depois que não seja só, mas que se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos e que, mesmo maus e inconsequentes, sejam corajosos e fiéis,
E que em pelo menos um deles você possa confiar, que confiando, não duvide de sua confiança.
E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos, nem muitos nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas próprias certezas
E que entre eles haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiadamente seguro.
Desejo, depois, que você seja útil, não insubstituivelmente útil,
Mas razoavelmente útil. E que nos maus momentos, quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé. Desejo ainda que você seja tolerante,
não com os que erram pouco, porque isso é fácil, mas com aqueles que erram muito e irremediavelmente,
E que essa tolerância não se transforme em aplauso nem em permissividade,
Para que assim fazendo um bom uso dela, você dê também um exemplo para os outros.
Desejo que você, sendo jovem, não amadureça depressa demais e que, sendo maduro,
não insista em rejuvenescer e que, sendo velho, não se dedique a desesperar.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
é preciso deixar que eles escorram dentro de nós.
Desejo, por sinal, que você seja triste, mas não o ano todo,
nem em um mês e muito menos numa semana, mas apenas por um dia.
Mas que nesse dia de tristeza, você descubra que o riso diário é bom,
o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra com o máximo de urgência, acima e a despeito de tudo,
Talvez agora mesmo, mas se for impossível, amanhã de manhã,
que existem oprimidos, injustiçados e infelizes,
e que estão à sua volta, porque seu pai aceitou conviver com eles.
E que eles continuarão à volta de seus filhos, se você achar a convivência inevitável.
Desejo ainda que você afague um gato, que alimente um cão
e ouça pelo menos um joão-de-barro erguer triunfante o seu canto matinal.
Porque assim você se sentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
por mais ridícula que seja, e acompanhe o seu crescimento dia a dia,
para que você saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro, porque é preciso ser prático.
E que, pelo menos uma vez por ano, você ponha uma porção dele na sua frente e diga:
Isso é meu. Só para que fique bem claro quem é dono de quem.
Desejo ainda que você seja frugal, não inteiramente frugal,
não obcecadamente frugal, mas apenas usualmente frugal.
Mas que esse frugalismo não impeça você de abusar quando o abuso se impõe.
Desejo também que nenhum dos seus afetos morra, por ele e por você.
Mas que, se morrer, você possa chorar sem se culpar e sofrer sem se lamentar.
Desejo, por fim, que sendo mulher você tenha um bom homem,
E que sendo homem, tenha uma boa mulher.
E que se amem hoje, amanhã, depois, no dia seguinte, mais uma vez,
E novamente, de agora até o próximo ano acabar,
E que quando estiverem exaustos e sorridentes,
ainda tenham amor para recomeçar.
E se isso só acontecer, não tenho mais nada para desejar. ”
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