A EMPODERADA (E O RECEOSO)
Por
João Octávio Barbosa
A
voz das minorias repercute mais e mais em tempos de democracia virtual. As
polêmicas se multiplicam dia a dia. Como escrevo este texto com alguma
antecedência à data da sua publicação, nem tenho como saber os Trend Topics de
hoje. Qual foi o assunto da semana na internet? Dilma, Lula, Cunha e Moro? Taça
Libertadores? Racismo? Intolerância religiosa? Feminismo?
E,
sabe? Eu acho legal. Eu sou um cara que detesta assuntos corriqueiros. Que me
importa se está calor, gente? Você acha que eu não reparei os 40°C lá fora? Falar
sobre isso vai esfriar o clima? Então, por que isso é assunto?! Existe o
chavão: “Futebol, religião e política não se discutem.”. Eu odeio essa frase
com todas as minhas forças. Futebol é um tema superdimensionado pelos seus fãs,
mas, mesmo assim, é minha trivialidade preferida. E religião e política são,
sem dúvida, os tópicos mais importantes! As pessoas deviam discuti-los 24 horas
por dia. Para mim, são muito apaixonantes.
O
problema que deu origem ao chavão do parágrafo acima é a incrível capacidade
dos seres humanos de se odiarem. Uma vez que as pessoas se determinam a agarrar
certo ponto de vista, tendem, em sua maioria (não sem exceções), a ignorar o
bom senso. Tenho observado uma geração viciada em ser exagerada. A reflexão e a
autocrítica são secundárias. Quem não está comigo é um inimigo a ser derrotado.
Óculos de pixels e toca o rap “Turn Down For What?”.
O
título do texto de hoje é extraído da palavra de afirmação de grupos feministas
do Facebook. Acompanho algumas ferrenhas defensoras da causa. Algumas vezes
concordo, outras, em menor número, não. Tudo depende do bom senso e do exagero,
como já disse. Mas a presença de mulheres fortes como líderes não é novidade.
Há exatos 37 anos, Margaret Thatcher foi eleita a primeira mulher Chefe do
governo britânico. Os mais velhos vão lembrar o seu apelido: “Dama de Ferro”.
Coincidentemente,
outra mulher empoderada viveu
milhares de anos antes e teve em sua história uma menção ao ferro. Estou
falando de Débora que, juntamente com Baraque, faz os perfis sem curtidas de
hoje. Eles são encontrados no capítulo 4 de Juízes, e você pode, e deve, ler
sobre isso numa Bíblia, seja na edição física que você deve ter na sua casa,
seja na virtual, aqui na internet.
Naquele
tempo o povo de Israel, recém-estabelecido em Canaã, carecia de grandes
líderes. Após se rebelar contra Deus novamente, foram dominados pelo Rei Jabim,
que tinha um Exército enorme e assustador, com direito a 900 carros de ferro. Imagine
o seu inimigo armado com quase mil tanques e você tendo que enfrentá-lo com
algumas pistolinhas.
Nesse
contexto, surge a Juíza Débora, uma das poucas representantes do poder feminino
na história de Israel. Ela dava as cartas, por ali. Um dia, recebeu uma mensagem
do SENHOR dizendo que Baraque lideraria o Exército contra Jabim. Mas Baraque
não parecia estar tão disposto a isso. Ele não confiou em si mesmo.
Até
aí, tudo bem. Baraque não foi chamado para acreditar em sua habilidade humana.
“Maldito o homem que confia no homem!” (Jeremias 17:5). Discussões sobre autoestima
à parte, Baraque não deveria ver como um problema olhar pro Exército inimigo e
pensar que, talvez, não tivesse capacidade suficiente pra batê-lo. Mas os hebreus
da época da nossa história já conheciam o retrospecto de suas guerras. Não
foram suas armas nem seus guerreiros que trouxeram suas inúmeras vitórias. Foi
a mão poderosa do Senhor dos Exércitos.
O
versículo-chave do post de hoje é Juízes 4:8. Ao ouvir da profetiza Débora a
ordem de Deus para o ataque, Baraque atrela sua ida à batalha à presença de Débora.
Talvez fosse um desafio à profecia: “Ela
deve estar mentindo! Deus não me mandaria para uma batalha impossível! Vou
desafiar a Juíza a ir comigo. Aí, ela vai desistir de me pôr nessa guerra sem
sentido. Ou vai morrer comigo!”. Ou, talvez, fosse pura covardia: “EU?! Ir lá?! Ela está maluca! Vamos todos
morrer...”.
Mas
todo o diferencial é a forma como Débora fala no versículo 6. A palavra “ordem” indica
que Deus havia intimado a presença e liderança de Baraque. Ele e todo o Israel
reconheciam Débora como mulher inspirada por Deus. E mesmo duvidando, no
começo, Baraque foi o líder da vitoriosa empreitada que trouxe paz ao povo. Mas
o grande inimigo de Israel, Sísera, foi derrotado não por Baraque, e sim por
outra mulher, Jael.
Era
a força da mulher, usada nas mãos de Deus. Muitas vezes a Bíblia gera
discussões a respeito do papel na mulher na obra do Senhor. Alguns versículos
servem de escândalo para acusadores de Deus. Dizem que Ele é machista, trata a mulher
como ser inferior. A mulher foi feita da costela do homem, do lado dele. Ela é
igual. Algumas questões culturais, adaptadas a situações específicas da era
bíblica sofrem descontextualização, mas para Deus homens e mulheres são iguais.
A harmonia entre os dois é o que há de mais bonito. Deus conta com a coragem da
mulher para fazer a Sua obra. Deus conta com a coragem de todos nós!
Não
peço que concordem, espero que reflitam!
Desafio do JOBS: Em que
dia da semana certo lenhador foi trabalhar e acabou morto, em Números 15:32-36?
Resposta semana que vem.
Resposta da semana
passada: Débora (Juízes 4:8).
Pois é... Se o machISMO não é bom, por que o feminISMO seria? A gente precisa entender que há harmonia na diferença. E que é maneira, essa complementaridade.
ResponderExcluirAs mulheres tem poder (é só ver o carão que a gente faz, quando quer. ahahahaha), homens também. O grande lance é saber usar isso pro bem. Deixar Deus se meter na história da gente. Aliás, usar força, inteligência e poder para o bem faria deste mundo um lugar bem mais legal pra se viver... Débora fez a parte dela.