quarta-feira, 4 de maio de 2016

A EMPODERADA (E O RECEOSO)

A EMPODERADA (E O RECEOSO)
Por João Octávio Barbosa
         
A voz das minorias repercute mais e mais em tempos de democracia virtual. As polêmicas se multiplicam dia a dia. Como escrevo este texto com alguma antecedência à data da sua publicação, nem tenho como saber os Trend Topics de hoje. Qual foi o assunto da semana na internet? Dilma, Lula, Cunha e Moro? Taça Libertadores? Racismo? Intolerância religiosa? Feminismo?

E, sabe? Eu acho legal. Eu sou um cara que detesta assuntos corriqueiros. Que me importa se está calor, gente? Você acha que eu não reparei os 40°C lá fora? Falar sobre isso vai esfriar o clima? Então, por que isso é assunto?! Existe o chavão: “Futebol, religião e política não se discutem.”. Eu odeio essa frase com todas as minhas forças. Futebol é um tema superdimensionado pelos seus fãs, mas, mesmo assim, é minha trivialidade preferida. E religião e política são, sem dúvida, os tópicos mais importantes! As pessoas deviam discuti-los 24 horas por dia. Para mim, são muito apaixonantes.


O problema que deu origem ao chavão do parágrafo acima é a incrível capacidade dos seres humanos de se odiarem. Uma vez que as pessoas se determinam a agarrar certo ponto de vista, tendem, em sua maioria (não sem exceções), a ignorar o bom senso. Tenho observado uma geração viciada em ser exagerada. A reflexão e a autocrítica são secundárias. Quem não está comigo é um inimigo a ser derrotado. Óculos de pixels e toca o rap “Turn Down For What?”.

O título do texto de hoje é extraído da palavra de afirmação de grupos feministas do Facebook. Acompanho algumas ferrenhas defensoras da causa. Algumas vezes concordo, outras, em menor número, não. Tudo depende do bom senso e do exagero, como já disse. Mas a presença de mulheres fortes como líderes não é novidade. Há exatos 37 anos, Margaret Thatcher foi eleita a primeira mulher Chefe do governo britânico. Os mais velhos vão lembrar o seu apelido: “Dama de Ferro”.

Coincidentemente, outra mulher empoderada viveu milhares de anos antes e teve em sua história uma menção ao ferro. Estou falando de Débora que, juntamente com Baraque, faz os perfis sem curtidas de hoje. Eles são encontrados no capítulo 4 de Juízes, e você pode, e deve, ler sobre isso numa Bíblia, seja na edição física que você deve ter na sua casa, seja na virtual, aqui na internet.


Naquele tempo o povo de Israel, recém-estabelecido em Canaã, carecia de grandes líderes. Após se rebelar contra Deus novamente, foram dominados pelo Rei Jabim, que tinha um Exército enorme e assustador, com direito a 900 carros de ferro. Imagine o seu inimigo armado com quase mil tanques e você tendo que enfrentá-lo com algumas pistolinhas.

Nesse contexto, surge a Juíza Débora, uma das poucas representantes do poder feminino na história de Israel. Ela dava as cartas, por ali. Um dia, recebeu uma mensagem do SENHOR dizendo que Baraque lideraria o Exército contra Jabim. Mas Baraque não parecia estar tão disposto a isso. Ele não confiou em si mesmo.


Até aí, tudo bem. Baraque não foi chamado para acreditar em sua habilidade humana. “Maldito o homem que confia no homem!” (Jeremias 17:5). Discussões sobre autoestima à parte, Baraque não deveria ver como um problema olhar pro Exército inimigo e pensar que, talvez, não tivesse capacidade suficiente pra batê-lo. Mas os hebreus da época da nossa história já conheciam o retrospecto de suas guerras. Não foram suas armas nem seus guerreiros que trouxeram suas inúmeras vitórias. Foi a mão poderosa do Senhor dos Exércitos.

O versículo-chave do post de hoje é Juízes 4:8. Ao ouvir da profetiza Débora a ordem de Deus para o ataque, Baraque atrela sua ida à batalha à presença de Débora. Talvez fosse um desafio à profecia: “Ela deve estar mentindo! Deus não me mandaria para uma batalha impossível! Vou desafiar a Juíza a ir comigo. Aí, ela vai desistir de me pôr nessa guerra sem sentido. Ou vai morrer comigo!”. Ou, talvez, fosse pura covardia: “EU?! Ir lá?! Ela está maluca! Vamos todos morrer...”.

 
Mas todo o diferencial é a forma como Débora fala no versículo 6. A palavra “ordem” indica que Deus havia intimado a presença e liderança de Baraque. Ele e todo o Israel reconheciam Débora como mulher inspirada por Deus. E mesmo duvidando, no começo, Baraque foi o líder da vitoriosa empreitada que trouxe paz ao povo. Mas o grande inimigo de Israel, Sísera, foi derrotado não por Baraque, e sim por outra mulher, Jael.

Era a força da mulher, usada nas mãos de Deus. Muitas vezes a Bíblia gera discussões a respeito do papel na mulher na obra do Senhor. Alguns versículos servem de escândalo para acusadores de Deus. Dizem que Ele é machista, trata a mulher como ser inferior. A mulher foi feita da costela do homem, do lado dele. Ela é igual. Algumas questões culturais, adaptadas a situações específicas da era bíblica sofrem descontextualização, mas para Deus homens e mulheres são iguais. A harmonia entre os dois é o que há de mais bonito. Deus conta com a coragem da mulher para fazer a Sua obra. Deus conta com a coragem de todos nós!

Não peço que concordem, espero que reflitam!

Desafio do JOBS: Em que dia da semana certo lenhador foi trabalhar e acabou morto, em Números 15:32-36?
Resposta semana que vem.
Resposta da semana passada: Débora (Juízes 4:8).


Um comentário:

  1. Pois é... Se o machISMO não é bom, por que o feminISMO seria? A gente precisa entender que há harmonia na diferença. E que é maneira, essa complementaridade.
    As mulheres tem poder (é só ver o carão que a gente faz, quando quer. ahahahaha), homens também. O grande lance é saber usar isso pro bem. Deixar Deus se meter na história da gente. Aliás, usar força, inteligência e poder para o bem faria deste mundo um lugar bem mais legal pra se viver... Débora fez a parte dela.

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