HISTÓRIAS DE MÃE
Por Airton
Sousa
Ainda sobre
ela, e ainda sobre o dia das mães, eu queria contar que em 2015 minha mãe
estava fraquinha de saúde; eu mesmo a acompanhei algumas vezes ao Pronto Socorro
e me lembro de uma madrugada de sexta para sábado que passamos na UPA (Unidade
de Pronto Atendimento), em uma situação de emergência. O medo de perdê-la foi
tão grande, que ali, em meio às lagrimas, eu pedi, desesperadamente, a Deus que
curasse minha mãe; e muito abusado pedi mais: “Senhor, prolongue a vida da
minha mãe por mais dez anos. Senhor, só mais dez...”.
Minha mãe
conta que fumou até os 24 anos de idade e deixou de fumar há exatos cinquenta
anos; e mesmo parando de fumar, ativamente, ainda conviveu com meu pai e com
alguns dos meus irmãos e eu, fumantes - o que complicou ainda mais sua saúde. Ela
tem enfisema pulmonar. Sua saúde é precária, toma remédios para asma, tem
sérios problemas respiratórios. Quando os médicos alertaram, seriamente, de que
ela deveria ficar longe dos fumantes e de cachorro e gato, minha irmã Bete a
levou pra morar com ela, cedendo um quarto mais confortável e alguns
privilégios em sua casa.
Agora, toda
vez que preciso de um colo, e pra ver minha mãe, tenho que atravessar uma
avenida perigosa e uma passarela cansativa, mas valem a pena cada passo e cada
subida, pois sempre volto pra casa com uma oração e algum conforto e alívio. E,
claro, sempre com bons conselhos e orientações para aquele dia.
No dia 18 de
fevereiro deste ano atravessei a passarela azul na hora do almoço; era o início
do Projeto “Dez dias de oração”. A família da Bete estava toda reunida; nós
iniciamos o Projeto juntos, decidimos orar por milagres reais, pela saúde da
minha mãe e pela nossa saúde espiritual... Devia ser uma e pouca da tarde. Coloquei
diante de Deus o meu dilema profissional - a lojinha estava insustentável, eu
precisava sobreviver, precisava de uma solução; ou a lojinha decolava de vez,
ou eu deveria sair para um novo emprego. De novo fui abusado: eu não queria
voltar para São Paulo; o emprego deveria ser no Rio de Janeiro. Quem conhece o
mercado publicitário, sabe que ele quase não existe no Rio de Janeiro.
Eu orei,
minha irmã orou e, no final, minha mãe confirmou nossa oração, orando. Eu já
percebi que ela sempre pede pra gente orar primeiro; depois, ela vem e confirma.
“Eu te peço que abençoes os meus
descendentes para que eles continuem a ter sempre a tua proteção. Tu, ó Senhor,
os tens abençoado, e que tua benção esteja com eles para sempre.” (I Crônicas
17:27 Youversion).
Ainda nem
bem havíamos chegado ao oitavo dia de oração - eram dez, lembra? - e as respostas começaram a pipocar! Recebi alguns telefonemas de
pessoas com quem há muito tempo eu não falava, me chamando, pedindo curriculum, e dois convites para
trabalhar em São Paulo. Muito curioso, isso, pois durante um ano e seis meses
não recebi nenhuma proposta de emprego e, de repente, elas começam a acontecer
em plena crise econômica e política no país. Coincidências?
Eu recebi
dois convites para trabalhar e morar em São Paulo, e um deles era irresistível...
Mas, lembrem-se, as orações eram para um emprego na cidade do Rio de Janeiro -
mesmo porque minha mãe não iria suportar mais trinta anos longe do seu filho
predileto (isso aí é por minha conta, mas só porque ainda não está provado se
sou mesmo o filho predileto).
Bem, era um
pedido especifico, de gente que sabe com quem tá falando, gente que tem
intimidade pra falar com Deus. Foi dela a ideia do emprego, foi dela a ideia de
pedir que fosse no Rio. E foi dela o apelo final para que eu retornasse à
igreja por meio do batismo: “Filho, tá na hora de molhar os pés...” - não é
assim que diz a música? “Para atravessar o mar coloque o pé na água.”
Na
sexta feira, nono dia de oração, encontrei minha mãe na igreja, à noite:
- Mãe, o
convite chegou HOJE. Hoje à tarde chegou o convite para trabalhar aqui no Rio
de Janeiro; fazendo o que eu gosto, com um salário igual àquele de São Paulo.
Ela deu um
grito, na porta da igreja, que atraiu os olhares do pequeno grupo ali reunido:
“Glória a Deus!”.
“Sou bondoso com aqueles que me amam e obedecem
aos meus mandamentos e abençoo os seus descendentes por milhares de gerações.”
(Êxodo 20:6 – youversion).
Eu não sei
explicar, mas eu fico mais emocionado quando olho pra minha mãe e vejo nos
olhos dela essa fé imensa, sem duvidar em nenhum momento. “Você só precisa crer, meu filho...”. Ela gosta desta canção: “Pra
chegar ao outro lado você precisa acreditar. Deus quer abrir o mar pra você. Mas,
antes, você precisa crer.”.
Outro dia
questionei à Bete se minha mãe iria ficar muito tempo, ainda, na sua casa, e ela
respondeu: Zé, você se lembra da arca da
aliança? Você se lembra da festa que o Rei Davi fez quando trouxe a arca da
aliança de volta para Jerusalém? Houve muita alegria por parte do rei e de todo
o povo quando os sacerdotes entraram na cidade com a arca em seus ombros.
Aquela arca simbolizava a presença de Deus no meio do seu povo.
E terminou
dizendo: A arca da aliança é a minha mãe,
e ela ficará na minha casa e a minha família será muito abençoada.
É... para
chegar ao outro lado é preciso atravessar, digo, acreditar!
Vou repetir, embora vc esteja cansado de saber: amo histórias de mães e amo demais as da sua mãe...
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