TODA PRENDADA
Por
João Octávio Barbosa
Em
um dez de agosto, anos atrás, nasceu um rapaz prendado por demais. Um
farmacêutico eficaz, ele foi capaz de, com uma única invenção, tirar milhares
de crianças da desnutrição. Henri Nestlé nasceu em Frankfurt, mas sua famosa
bebida não era bem iogurte, e sim um tipo de farinha, produto feito com leite,
que com muito deleite qualquer dona de casa faria. E assim, esse industrial,
casado com uma médica, diminuiu o grande mal da constante tragédia da
mortalidade infantil já banal, numa época de recursos escassos e tratamentos
cheios de fracassos.
Nosso
Perfil Sem Curtidas desta quarta mostra a vida de outra pessoa prendada, que,
de tão qualificada, virou Rainha da Cocada. Preste atenção, meu Brasil, porque
hoje é dia de falar de Abigail. De antemão, já vou dizendo que lá vem textão,
mas para sua melhor compreensão, até mesmo para aumentar a sua visão, entender
toda a situação, e você não ficar na minha mão como dono da razão (afinal, não
há mal na defesa e contraditório, e toda verdade tem caráter transitório) eu
lhe ofereço minha recomendação: pague o preço e leia I Samuel 25 e lá você verá que
eu não brinco.
Havia
esse homem vil e mal chamado Nabal, que se achava o tal porque tinhas muitas
posses. Ser rico pode? Pode, até, se você não permitir que a sua fé seja
afetada pelo não partilhar com a ralé aquilo que Deus deixou aos seus pés. E
esse foi o erro fatal do nosso Nabal. Davi e seu grupo faminto, uma milícia
armada do bem, agiram de um jeito distinto, pois, embora fortes, eram humildes
também. Não forçaram a barra, não vieram com marra, e, simples que eram,
pediram bem pouco. Mas o que Nabal não lhes deu, se fingindo de louco, era para
ele só um troco, algo que nem lhe faria falta. O que estava em pauta não era o
dinheiro, mas o orgulho de ser o primeiro a dizer “Aqui, não! Aqui eu sou o rei
e patrão.”.
Abigail
ficou sabendo e saiu correndo, pois sabia o que estava acontecendo e que, a
qualquer momento, tudo que tinha podia voar como o vento. A chama da vingança
estava acesa em Davi, que já estava a partir para tudo de Nabal destruir.
Abigail é chamada na Bíblia de “mulher prudente” e, consequentemente, previu a
tragédia subsequente, e se pôs à frente. Disfarçadamente, recolheu alimentos,
agrados a Davi, para acalmar os sentimentos abrasados da turma violenta que
estava por vir.
Corajosa
que só ela, desfilou em passarela, e, fora seus argumentos, venceu a batalha
com seu jumento. Ela venceu a briga pela barriga, satisfazendo com a gula as
agruras que seu marido insensato havia trazido pelo seu destrato.
Então,
Davi e seus guerreiros, agora de comida fartos, esqueceram os farpos e
entreveros com o boçal Nabal. A prática do perdão, que às vezes parece em
extinção, é talvez a grande lição que dessa história se faz extração. Não é tão
difícil, embora para alguns seja um sacrifício. É um gesto muito importante,
que devemos ter a cada instante, afinal é consonante com o serviço constante de
Deus, que com amor ignora, toda hora, sem demora, a cada um de nós, antes e
após cada erro atroz.
Abigail
evitou a morte, mas Nabal não teve a mesma sorte. Ele escapou da guerra por
causa da sua mulher, mas a pessoa que erra não fica muito tempo em pé. Pois dez
dias depois, morreu Nabal. Davi apareceu, não para dar tchau, mas levar o que
era seu. Não mais queria matar e destruir, mas, sim, casar e construir.
Construir uma família com Abigail, mulher sábia e gentil.
A
tragédia viria por tão pouco: um destrato bobo. Abigail, com um único gesto, interrompeu
o violento protesto, trouxe paz à situação, e foi capaz de vencer na aflição.
Quantas vidas podemos mudar ao agir da melhor forma que há: pacífica, ordeira,
com amor!
Magnífica
maneira de vencer, seja lá o que for!
Não
peço que concordem, espero que reflitam!
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