EM CISMAR,
SOZINHO, À NOITE...
(Por Eduardo Santos)
Hoje, escrevo com um incômodo peso da saudade que
ocupa meu peito. Saudade é uma coisa curiosa, é um sentimento ruim oriundo de
algo bom que já aconteceu. De qualquer jeito, é coisa da vida da gente!
Falando de saudade, logo me lembro do belo poema de
Gonçalves Dias: “Canção do exílio”.¹ Já li esse poema diversas vezes e, em toda
oportunidade que tenho, acabo relendo. Gosto da forma como o escritor transmite
sua angústia pela saudade que sente de sua terra natal. De forma empática,
consigo até mesmo sentir a saudade que ele sentiu.
Talvez pareça um tanto esquisito, mas a saudade que
sinto é de algo que desconheço, na verdade, de um lugar onde nunca estive, só
ouvi falar. Sinto falta de "um país nas terras de além-rio, cheio de
flores, de prazer e luz".² Um lugar diferente do que conhecemos hoje,
"uma terra linda e encantada"³, um "lugar onde a felicidade é
total"³, onde "não terão mais lutas nem mais cruz".²
Começamos o ano falando do ato criativo de Deus. Revimos
a semana da criação, quando a divindade fez surgir um mundo maravilhoso, do que
conhecemos apenas uma pálida representação. E, propositalmente, escolhi falar
sobre a recriação da Terra em meu último texto.
A Bíblia começa e termina apresentando relatos de
ações criativas de Deus e eu gosto de pensar nela como um hiato na história da
eternidade, como uma pequena pausa numa história perfeita, como uma interrupção
por conta do pecado. Daí a similaridade entre seu início e fim, na minha
opinião.
Esta é a mais bela esperança apresentada pela Bíblia:
a de que teremos a oportunidade de experimentar o plano inicial de Deus para os
seres humanos por causa do resgate que foi efetuado na cruz. Essa maravilhosa
promessa é muito bem traduzida em palavras, nos versos a seguir: "Porque, eis que eu
crio novos céus e nova terra; e não haverá mais lembrança das coisas passadas,
nem mais se recordarão. Mas vós folgareis e exultareis perpetuamente no que eu
crio; porque eis que crio para Jerusalém uma alegria, e para o seu povo gozo. E
exultarei em Jerusalém, e me alegrarei no meu povo; e nunca mais se ouvirá nela
voz de choro nem voz de clamor."
(Isaías 65:17-19).
A cada dia que passa, sinto que essa realidade se
torna mais próxima. "Os meus olhos já divisam não tão distante, meus
ouvidos já escutam sons divinais."³ E a saudade que arde em meu peito é um
dos combustíveis que mantém acesa a chama da esperança em minha mente. E à
tardinha, "quando o sol se põe no horizonte, eu julgo ver em sonhos esse
lar".² Convicto de Sua breve vinda, peço permissão a Gonçalves Dias pra
dizer: "Em cismar, sozinho, à noite, mais prazer encontro eu lá; nossa terra
tem palmeiras, onde canta o sabiá.".¹
________________________
Referências:
1.
DIAS, G. Canção do exílio. - Disponível em: <http://www.vidaempoesia.com.br/goncalvesdias.htm>.
Acessado em 04/12/2015.
2.
Lindo País. Hinário
Adventista do Sétimo Dia, número 571.
3.
SANTOS, J. D. Além
do Rio. Hinário Adventista do Sétimo Dia, número 570.
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