sábado, 13 de maio de 2017

MAMÃE


MAMÃE
Jackson Valoni – Angra dos Reis/RJ

Mamãe bateu em mim com um chinelo de pano. Eu ri. Não fui desrespeitoso, foi ela quem fez a piada. Sempre vi mamãe como o “backing vocal” da sinfonia que existe na minha casa. É o detalhe dela que faz a diferença, é a vontade dela de rir até fazer xixi nas calças, é o assado de palmito, é a mania indomável de querer “passar um paninho” nas coisas pra tirar a poeira.

Mamãe ultimamente tem expressado o esquisito desejo de viajar a Paris pra poder comprar um perfume que ela já tem. Pela lógica dela, o perfume do outro lado do Atlântico é mais barato, por isso valeria a viagem. Meu pai só escuta, eu e minha irmã debochamos dela, mas, no fundo, todos nós sabemos que ela vai fazer isso.


Mamãe outro dia me enviou uma mensagem dizendo que sente orgulho de mim. Ela é o “backing vocal” perfeito da família. Houve um tempo em que ela fez uma cirurgia cardíaca e eu fiquei desesperado. Tinha 14 anos, na época, sem saber a quem recorrer, e só conseguia gritar a Deus em oração explodindo de medo.

Era pro colo dela que eu corria quando sentia pesadelo, à noite; era ela que eu gostava de fazer sorrir – meu pai era naturalmente o piadista de toda a casa, e acho que mamãe aprendeu isso com ele. Não imaginava perder a mamãe e só o medo tomava conta de mim. Durante o período em que mamãe esteve no hospital, meu pai me nomeou como o lavador de louça oficial da casa; não lembro o que minha irmã era, mas lembro o que meu pai se tornou: o cozinheiro. O novo ofício do meu pai desviou um pouco do medo que eu estava sentido. Perder a mamãe dominava minha mente, mas a possibilidade de morrer envenenado com aquela comida horrível do meu pai forçou minha irmã a se autonomear cozinheira.

Felizmente havia restaurante perto da nossa casa e a tortura do meu pai durou pouco tempo. Nem ele aguentava a própria comida.


Hoje tenho pouco mais de um ano de casamento. Eu costumava avisar aos meus pais sobre todos os lugares que eu ia, inclusive após eu me casar. É um velho hábito do qual me afastei. Mas mamãe ainda tem hábitos que, talvez, nunca se afastarão. Ela põe minha comida no prato quando vou até sua casa, aos sábados; ela pede pra eu cortar o cabelo; pergunta se eu já lavei as mãos; pergunta se eu escovei os dentes; se eu já tomei banho.

Minha mamãe foi mãe aos 17. Eu nasci de um susto. “E disse Deus: Haja...” e eu nasci. De repente, aos 18, minha irmã nasceu.

Mamãe sofreu, e várias outras mamães em suas histórias particulares, sofreram para cuidar de seus filhos. Mamãe nos ama, amamos mamãe, e ela faz a diferença na minha vida porque é o impulso que preciso para ser quem sou. E enquanto eu viver irei chamá-la de mamãe.


“(...) Os pais são o orgulho dos seus filhos”. Provérbios 17:6

Eu te amo, mamãe.

4 comentários:

  1. Texto simples e bonito, desses que a gente curte não parar de ler...

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  2. Que legal ver seu comentário, tombarros! Um forte abraço da turma do Então Serve!

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  3. Linda mensagem meu filho! Tenho muito orgulho de você. Continue andando nos caminhos de Deus até quando envelhecer, nunca se desvie Dele.
    Te amo muito! Sua mamãe, Jacqueline.

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