MAMÃE
Jackson Valoni – Angra dos Reis/RJ
Jackson Valoni – Angra dos Reis/RJ
Mamãe
bateu em mim com um chinelo de pano. Eu ri. Não fui desrespeitoso, foi ela quem
fez a piada. Sempre vi mamãe como o “backing vocal” da sinfonia que existe na
minha casa. É o detalhe dela que faz a diferença, é a vontade dela de rir até
fazer xixi nas calças, é o assado de palmito, é a mania indomável de querer
“passar um paninho” nas coisas pra tirar a poeira.
Mamãe
ultimamente tem expressado o esquisito desejo de viajar a Paris pra poder
comprar um perfume que ela já tem. Pela lógica dela, o perfume do outro lado do
Atlântico é mais barato, por isso valeria a viagem. Meu pai só escuta, eu e
minha irmã debochamos dela, mas, no fundo, todos nós sabemos que ela vai fazer
isso.
Mamãe
outro dia me enviou uma mensagem dizendo que sente orgulho de mim. Ela é o “backing
vocal” perfeito da família. Houve um tempo em que ela fez uma cirurgia cardíaca
e eu fiquei desesperado. Tinha 14 anos, na época, sem saber a quem recorrer, e
só conseguia gritar a Deus em oração explodindo de medo.
Era
pro colo dela que eu corria quando sentia pesadelo, à noite; era ela que eu
gostava de fazer sorrir – meu pai era naturalmente o piadista de toda a casa, e
acho que mamãe aprendeu isso com ele. Não imaginava perder a mamãe e só o medo
tomava conta de mim. Durante o período em que mamãe esteve no hospital, meu pai
me nomeou como o lavador de louça oficial da casa; não lembro o que minha irmã
era, mas lembro o que meu pai se tornou: o cozinheiro. O novo ofício do meu pai
desviou um pouco do medo que eu estava sentido. Perder a mamãe dominava minha
mente, mas a possibilidade de morrer envenenado com aquela comida horrível do
meu pai forçou minha irmã a se autonomear cozinheira.
Felizmente
havia restaurante perto da nossa casa e a tortura do meu pai durou pouco tempo.
Nem ele aguentava a própria comida.
Hoje
tenho pouco mais de um ano de casamento. Eu costumava avisar aos meus pais
sobre todos os lugares que eu ia, inclusive após eu me casar. É um velho hábito
do qual me afastei. Mas mamãe ainda tem hábitos que, talvez, nunca se
afastarão. Ela põe minha comida no prato quando vou até sua casa, aos sábados;
ela pede pra eu cortar o cabelo; pergunta se eu já lavei as mãos; pergunta se
eu escovei os dentes; se eu já tomei banho.
Minha
mamãe foi mãe aos 17. Eu nasci de um susto. “E disse Deus: Haja...” e eu nasci.
De repente, aos 18, minha irmã nasceu.
Mamãe
sofreu, e várias outras mamães em suas histórias particulares, sofreram para
cuidar de seus filhos. Mamãe nos ama, amamos mamãe, e ela faz a diferença na
minha vida porque é o impulso que preciso para ser quem sou. E enquanto eu
viver irei chamá-la de mamãe.
“(...) Os pais são o orgulho dos seus filhos”. Provérbios 17:6
Eu
te amo, mamãe.
Texto simples e bonito, desses que a gente curte não parar de ler...
ResponderExcluirQue legal ver seu comentário, tombarros! Um forte abraço da turma do Então Serve!
ResponderExcluirLinda mensagem meu filho! Tenho muito orgulho de você. Continue andando nos caminhos de Deus até quando envelhecer, nunca se desvie Dele.
ResponderExcluirTe amo muito! Sua mamãe, Jacqueline.
<3 <3 <3
ResponderExcluir