CAI,
NÃO CAI. CAI, NÃO CAI...
Por Denize Vicente
Eu estava ali, passando de carro pela altura
do Méier. As ruas, num dia de sol, ficam cheias e movimentadas. As pessoas
caminham apressadas. Nem reparam no céu azul, tadinhas... O trânsito não estava
parado, mas a gente conseguia andar, no máximo, a uns 50km/h, talvez. Estávamos
quase passando em frente ao hospital. Eu não conheço muito bem aquela área e
não sei dizer o nome das ruas nem das praças, mas eu passava ao lado de uma
pracinha, perto de um hospital, quando vi o rapaz que vinha um pouquinho
apressado, caminhando pelo meio-fio. Ele carregava uma pastinha na mão e andava
elegante. Não parecia desanimado. Talvez estivesse saindo do estágio, ou indo
pro colégio. Faculdade, talvez. Caminhava ligeirinho, ali pelo meio-fio, no
sentido contrário ao que iam os carros. Sabia para onde estava indo.
Fiquei impressionada com a cena.
O garoto vinha num pique só, quando, de
repente, se desequilibrou. Eu não tenho como descrever pra vocês o que foi
aquilo, mas se você me encontrar na rua, qualquer dia desses, pode pedir que eu
interpreto. Eu acho que saberei fazer parecido, inclusive a carinha dele.
Ele se desequilibrou. E aquilo durou menos
do que uma piscada dos meus olhos. Eu não sei descrever, mas ainda me pego rindo
quando me lembro da cena. Não... não pense que eu estou rindo porque o moço
caiu. Porque ele não caiu! Ele não caiu, mas não foi simplesmente isso. Ele
vinha por ali, virou o pé, flexionou o joelho, se entortou, sentiu que ia cair,
arrumou o pé, esticou a perna, estendeu a coluna, levantou o queixo e seguiu no
meio-fio sem que ninguém, além de mim e J., que estávamos olhando, percebesse.
A carinha dele, com aqueles olhos pretos que em nenhum momento olharam pro
chão, seguindo o caminho como se nada houvesse acontecido - apesar de o
coração, com certeza, estar disparando -, me impressionou!!
A graça, nisso tudo, pra mim, foi a postura
do rapaz. Um misto de graça com graciosidade – que a gente pode também chamar
de elegância. Seria um tombo feio, bem feio. Mas ele não caiu. No meio do
caminho para a queda ele se reequilibrou. E seguiu elegante,
sabendo para onde estava indo. Simplesmente seguiu.
Fiquei pensando na vida da gente. É bem
assim mesmo. A gente, às vezes, precisa andar pelo meio-fio. Ruas cheias,
gente parada que não caminha e ainda atrapalha a passagem, calçadas cheias de
obstáculos. A gente vai pelo meio-fio e, às vezes, vai na direção contrária à dos
que andam velozes, nos carros. Entre carros que vão para um lado, gente parada,
e obstáculos, vamos ali, no meio-fio fininho, mantendo o equilíbrio. Até que o
perdemos.
E é quando a gente perde o equilíbrio e
quase cai - ou vai mesmo ao chão -, que o jeito de a gente encarar a vida se
mostra de verdade.
Há quem se deixe abater, que se envergonhe
por ter ido ao chão ou quase cair; há quem procure alguém para culpar e também
os que nem se levantam mais, depois de uma queda. Mas há os que tentam se
reerguer antes de chegar ao chão; os que caem e mesmo assim se levantam; os que
precisam de u’a mão pra ficar de pé outra vez, os que sorriem como se nada
tivesse acontecido, e seguem. Esses todos são os que seguem. Elegantemente. Sabendo pra onde querem ir.
Você pode ser um desses que, mesmo
tropeçando, se desequilibrando e levando tombos, mantém a elegância. E é perto
de gente assim que todo mundo quer estar. Gente que mantém “a mente quieta, a
espinha ereta e o coração tranquilo”. Gente que “levanta, sacode a poeira e dá
a volta por cima”. Gente que “tudo pode naquele que a fortalece”.
A vida tem dessas coisas. De repente tudo
fica escuro, você perde o equilíbrio, cai, ou quase vai ao chão; o céu se toma
de trevas, e a gente perde a segurança... Porque não é fácil andar na
contramão, não é mole desviar de obstáculo e é difícil pra caramba andar no
meio-fio.
Eu acho que não vou esquecer tão cedo a
carinha daquele rapaz. O jeito como ele reagiu a sua quase queda e a lição que
deixou ali, às cinco da tarde, num dia desses de inverno, sol dourado e céu azul,
enquanto a vida passava apressada pra tanta gente que nem reparou nele...
Os problemas existem. As dificuldades não
são de mentirinha. As lutas são grandes e diárias. Mas existe uma promessa...
Sim! Eu gosto de promessas!
“(...) Você andará de cabeça erguida, puro,
firme e sem medo. Você não se lembrará dos seus sofrimentos, que serão como
águas passadas que a gente esquece. A sua vida brilhará mais do que o sol do
meio-dia, e as suas horas mais escuras serão claras como o amanhecer. Você
viverá seguro e cheio de esperança; Deus o protegerá, e você dormirá tranquilo.
Quando você estiver descansando, nada o assustará; e muita gente virá lhe pedir
ajuda.”
(Jó 11:15-19 – Nova Tradução na Linguagem
de Hoje)
Você só precisa virar o coração para Deus e
orar com as mãos estendidas pra Ele. (Jó 11:13 - NTLH)
Muito bom!! :)
ResponderExcluirSe a gente mantiver atento o olhar, aprende muita coisa na rua, no carro, no ônibus, né, Cah?
Excluir;)
Bom dia!!
Adorei o texto!
ResponderExcluirOi, Ale!! Obrigada!
ExcluirDesejo calçadas livres, sem buracos e sem obstáculos pra você, na sua vida. Mas se for preciso andar pelo meio-fio, que você mantenha o equilíbrio e a elegância!!
Volte sempre!!
;)
Bem interessante!!! Mantenhamos o equilíbrio.
ResponderExcluirSim! Equilíbrio!
ExcluirAdorei o texto tbm... Belas palavras e uma ótima lição e reflexão de como tenho que realmente encarar os problemas e as adversidades... Vc é sempre show !!! 😙😙
ResponderExcluirObrigada por voltar por aqui, Romila!
ExcluirDetalhes que podem fazer a diferença.
;)
Beijos!!
"Porque sete vezes cairá o justo, e se levantará; mas os ímpios tropeçarão no mal." Provérbios 24:16. Mais significativo ainda creio ser o verso seguinte que fala sobre a queda, não do amigo, mas do inimigo. Que não nos alegremos quando virmos nosso inimigo cair, quem sabe nos achando melhores, antes, que estendamos a mão. Muito bom e profundo o texto. Quão bom é enxergar detalhes "comuns" da vida com olhos espirituais. Obrigado por compartilhar os óculos.
ResponderExcluirA Bíblia é cheia de promessas. Muito bom saber que quem cai não tá condenado a ficar caído no chão, na desgraca.
ExcluirE muito boa a lembrança do verso 17:
“Não fique contente quando o seu inimigo cair na desgraça.”
Provérbios 24:17 NTLH
Muito legal a analogia entre a quase queda do rapaz do Méier e as dificuldades que enfrentamos na vida. O importante é como reagiremos às adversidades ...
ResponderExcluir"Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão."
Isaías 40:31
Perfeito!
ExcluirEsse é o ponto!