segunda-feira, 3 de abril de 2017

RESENHANDO ED RENÉ KIVITZ


RESENHANDO ED RENÉ KIVITZ
Maria Paula - Niterói/RJ

"Nada do que é humano deve nos surpreender." - Sêneca

Em seu livro "Vivendo com propósitos", Ed René Kivitz busca trazer, em suas próprias palavras, uma resposta cristã ao sentido da vida. Passeia por conceitos como Imago Dei, de que fomos criados à Sua imagem e semelhança e, a partir daí, fala sobre transcender, crescer, construir. Ele não traz respostas óbvias, mas nos convida a reflexões relevantes, algumas das quais serão tratadas aqui.

A partir de suas reflexões, pode-se pensar que é impressionante como temos a capacidade de nos surpreender com os erros alheios, como se errar nos fosse estranho ou, ainda, fosse uma questão alheia à nossa condição humana.

Desde que o mundo é mundo, praticamente, o pecado existe. Exceto nos dias anteriores ao pecado de Adão e Eva, sempre houve o erro. "Culpa deles", poderíamos pensar, numa visão bem mesquinha da vida. "Por que temos que pagar um preço pelo que não fizemos?", alguns perguntam.


O que acontece é que fizemos, sim. Adão e Eva são só o protótipo de toda a humanidade. Fosse eu, faria o mesmo. Culpa minha.

Parece difícil conviver com a palavra "culpa". E, por essa dificuldade mesmo, opto sempre por uma parecida, mas que soa diferente. Responsabilidade minha. Antoine de Saint Exupéry já dizia: "Tu te tornas eternamente responsável por quem cativas". Não culpado, mas responsável. Viver é uma atitude de responsabilidade tão grande quanto amar.

Desde cedo, vamos aprendendo que viver não é pra qualquer um, não. Lembro-me de uma música que aprendi na escola e que dizia assim: "Quando a gente cresce um pouco, é coisa de louco o que fazem com a gente. Tem hora pra levantar, hora pra se deitar, pra visitar parente...". E não é verdade? A responsabilidade de ser não é de Adão nem de Eva, mas minha e sua. Faríamos o mesmo, sejamos honestos.


Faríamos porque somos humanos. E, porque somos humanos, não deveria nos surpreender que dois próximos nossos, há bastante tempo, tenham cometido o erro original. O que não consigamos compreender, talvez, seja o "sorteio divino" de quem vai sofrer mais ou menos, por conta desse erro original. Por que não sou eu a pessoa em situação de rua?
Por que não sou eu a iletrada?
Quem é que joga os dados da vida e escolhe pra quem vai o sofrimento? Se é Deus, onde está Sua bondade?

Alguns acreditam que para acreditar em Deus, é preciso saciar as questões mais profundas da existência humana. Caso contrário, é preferível acreditar em nada. O que também não satisfaz, mas é uma opção.


Alguns fatores da Filosofia existencialista me fazem apontar para Deus e Sua realidade, ainda que eu não saiba todas as respostas sobre a vida (caso contrário, eu seria Deus).

A nossa necessidade de saciedade moral é uma delas. Quem foi que pôs, no nosso coração, essa sede de querer fazer o que é correto, mesmo quando o erro possa não oferecer condenação nem medo? A nossa mente não se aquieta. Não consegue viver com duas realidades. Ou rompe com uma, ou com outra. Quem nos programou assim, certamente, nos programou também para que questionássemos os motivos de nossa curta trajetória durante o intervalo entre nascer e morrer. Se esses questionamentos não fossem uma constante dentro de nossa mente, que nunca sossega, aí sim, eu poderia pensar que Deus não é real.

Mas a realidade divina me convida a questionar a mim mesma, a aceitar que alguns entendimentos estão fora de meu alcance e, sobretudo, entender que, se sou abençoada, tenho a responsabilidade de abençoar. Todos os dias. De todas as formas que me forem possíveis. A mim, cabe amar. Sim, amar todos os seres humanos, incluindo aqueles que cometem os erros mais grotescos. Nada do que é humano deve nos surpreender, mas deve despertar em mim a responsabilidade do amor que Deus põe no meu coração.

Obrigada, querido Deus!


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Referência:

Música Bê-a-bá, de Toquinho e Elifas Andreato – Disponível em duas versões: https://youtu.be/FIBjN2ioUkw e https://youtu.be/QNfCXp-xJXE - links acessados em 26.03.2017.

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