DIREITO À PERVERSÃO
Jackson Valoni – Angra dos Reis-RJ
No último fim de semana
encontrei um homem. Foi o fim de semana mais longo da minha vida.
Meu primo havia me chamado
para a igreja que ele frequenta, no Rio de Janeiro. Preparei minhas coisas para
ficar sexta e sábado na casa dele. Algumas coisas, porém, fugiram dos nossos
planos (dos meus planos) depois que encontrei um homem, o homem que fez o meu
fim de semana se estender até a terça-feira seguinte.
Quis matá-lo. Em minha
mente, o matei. Em minha mente, o agredi, o insultei, o castiguei. Em minha
mente, não havia quem pudesse me segurar. Aquele homem poderia ser exterminado
com a força do meu pensamento, mas ele está ileso.
Estudiosos do Direito
Penal identificam algumas fases para que um crime possa acontecer. Mas não
qualquer crime; apenas aqueles causados de forma intencional (dolosos), como
seria, no meu caso, se eu pudesse dar efeito à minha imaginação.
As leis do Brasil me dão o
direito de desejar praticar o mal, durante a primeira fase do crime (fase de
cogitação). É durante a fase de
cogitação do crime que as pessoas possuem o “direito à perversão”, que é a
liberdade que o ser humano possui para pensar atrocidades – conquanto a
criatividade animalesca não se manifeste em atos, fique à vontade. Você não
será preso por isso.
“Se alguém fala, fale de
acordo com os oráculos de Deus; se alguém serve, faça-o na força que Deus
supre, para que, em todas as coisas, seja Deus glorificado, por meio de Jesus
Cristo, a quem pertence a glória e o domínio pelos séculos dos séculos. Amém!”
(I Pedro 4:11)
O conselho de Pedro no
verso acima é um ideal inatingível pra mim. Permita que eu pare de escrever na
primeira pessoa.
Nós (eu e você) fomos
criados à imagem e semelhança de Alguém infinitamente superior. Mas nossos
pensamentos são miseráveis, os desejos são mesquinhos e a justiça é
impecavelmente imunda.
As noites que se passaram,
desde que me encontrei com aquele homem até o presente momento em que escrevo
este texto, foram difíceis. Muitas imagens vinham à minha mente, sentimentos me
consumiam e eu desejava apagar esse fim de semana da minha memória. “Sem fé é
impossível agradar a Deus” (Hebreus 11:6), e é com a certeza da força desse
Deus invisível que tenho buscado minha transformação.
“... Ele nos amou
primeiro.” (I João 4:19)
Não sei o porquê desse
amor, mas sei que é suficientemente forte para curar meus pensamentos
perversos.
Ele tem me curado.
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