SOBRE O VALOR DO TRABALHO E SOBRE ESPALHAR O QUE É BOM
Por Sérgio Mafra
Semana passada eu falei
acerca da minha viagem de férias a Barreiras, no interior do interior das
Alagoas e contei de uma grande lição que aprendi com dona Modá - uma senhorinha
incrível, que nos recebeu com um carinho imenso. Mas, como eu disse, foram três
valiosas lições.
A segunda lição preciosa que
aprendi com dona Modá foi sobre o valor do trabalho. Aquela mulher é incansável
no serviço. Ao acordarmos, o café da manhã já estava na mesa, assim como,
pontualmente, os fartos almoços e jantares. Ela tem prazer em servir ao próximo.
Isso, sem falar que, com seus mais de 80 anos, ela sobe na garupa de uma moto e
vai pra área rural do distrito colher a mandioca com a qual ela mesma faz a
farinha que consumimos! Isso tudo, além de pescar e catar os típicos siris
daquela região no mangue.
Nos dias em que estive lá não
ouvi nenhum lamento nem reclamação. Dona Modá estava sempre pronta pra ajudar.
Pelo menos três pessoas eu vi batendo à sua porta em busca de remédios
naturais, alimento e conselhos.
Mais para o final da tarde, a
distração da querida senhora, antes do lanche, é ficar na varanda, sentada na
sua cadeira de balanço, ou sob as sombras do pé de jamelão do outro lado da
rua, conversando com os amigos e vizinhos.
Essa é a rotina de dona Modá:
“ajudar a quem precisa”, diz ela. Com alegria, relata que quase todos os
adultos de Barreiras nasceram sob seus cuidados de parteira. Possui cinco
filhos seus e mais seis de criação. Tem orgulho de todos.
E pensar que hoje de manhã eu
estava reclamando por ter que encarar o engarrafamento! Talvez eu devesse subir
na garupa da moto e fazer farinha lá em Coruripe, junto com dona Modá...
A terceira lição que aprendi
com dona Modá foi a de ensinar para os outros aquilo que é bom. Na casa dela
havia mais duas pessoas: uma era sua filha que mora na capital e tem uma vida
tranquila, e a outra era uma mulher de meia-idade que poderemos chamar de
Helena.
Helena foi, durante quase 20
anos, responsável por toda a parte de contratos de comunicação do Carnaval da
maior emissora de televisão de nosso país. Tem uma casa confortável no
Ibirapuera/SP, mas estava passando uns dias com sua amiga no interior. Tanto a
filha quanto a amiga de dona Modá deixaram a casa onde moram e seu conforto
para estar ali. E elas se alegravam em ajudar e contribuir para que todos
estivessem felizes.
Olhando tudo aquilo eu
percebi que dona Modá, com seu jeito amoroso e cheio de cuidados, estava
fazendo verdadeiros discípulos na arte da abnegação e do serviço. Naquele
instante me deu vontade de passar alguns momentos com ela - não mais como
hóspede, mas, sim, como alguém que também iria contribuir para fazer o bem a um
próximo que eu, provavelmente, não conhecia.
Aquela mulher,
silenciosamente, estava dando sua contribuição para um mundo melhor.
Eu aprendi as minhas lições e
as estou partilhando com vocês.
Escrever uma nova história é
possível todos os dias.
Um grande abraço.
Boa semana!