quarta-feira, 11 de novembro de 2015

SOBRE MENINOS E OVELHAS


SOBRE MENINOS E OVELHAS
(Por Eduardo Santos)

Andei relembrando, dia desses, de algumas histórias da infância e me recordei de uma que ocorreu há, mais ou menos, 18 anos. Eu devia ter 4 ou 5 anos e era como toda criança nessa idade: superdesatento.

Fomos ao Parque Shanghai, certa vez, com uns amigos (era um parque de diversão de alta qualidade, na época; hoje, já nem sei mais se ele ainda existe). De início, aquilo parecia um mundo a ser explorado, diante dos meus olhos. Mas aquelas luzes piscando, o barulho e toda aquela movimentação de pessoas freavam meu instinto de explorador.

Claro que toda essa cautela não durou o tempo todo... logo estava eu querendo me desvencilhar das mãos dos meus pais para começar a ver o que tinha de bom naquele parque. Até que, distraído, comecei a andar numa direção diferente do grupo e me perdi. Levei um tempo pra me dar conta de que estava sozinho, mas, quando percebi, já devia estar bem longe.

Um fato curioso é que minha história se parece muito com outra, a de Lucas 15, a parábola da ovelha perdida. Uma vez, numa conversa sobre essa parábola, acabei sendo apresentado aos costumes judaicos relacionados à pratica de pastoreio.

Diz-se que a distância entre o aprisco e o oásis onde as ovelhas pastam é em torno de 3 a 4 km. Ou seja, um rebanho chega a andar por dia uns 8 km e isso é muito chão, um percurso grande o suficiente para uma ovelha desatenta se perder! E foi exatamente isso que aconteceu: das 100 ovelhas, apenas 99 retornaram, ao final do dia.

Não sei dizer se a ovelha percebeu ou não que estava perdida. Talvez tenha demorado, mas, como eu, acabou vendo que algo estava meio diferente. O que sei dizer é que o pastor sentiu falta do animal desgarrado da mesma forma que meus pais sentiram falta de mim!

O fim da história da ovelha eu não preciso lhe contar para você saber, é só ir conferir na Bíblia. Mas está curioso para saber o desfecho da minha história? Algo que já está evidente é que terminou tudo bem, ou quase isso. Afinal, sou eu mesmo que estou contando essa história. O que não foi nada legal foi que, após ser achado, não tinha mais aquela liberdade de correr para onde desse na telha. Sempre tinha a mão de um adulto agarrada a minha e não demorou muito para irmos embora.

Confesso que, até hoje, guardo a impressão de ter estragado o passeio por ter sumido por alguns instantes, mas o que mais me marcou foi a sensação de estar acompanhado o tempo todo. O adulto que me dava a mão não me impedia de ir até os brinquedos e aproveitar a brincadeira, mas estava lá comigo em todas elas.

E pelo que soube dos pastores judeus, é mais ou menos assim que funciona para as ovelhas que se extraviam. Elas são acompanhadas a todo momento, em todas as atividades, são carregadas nos ombros e nunca saem do alcance da vista do pastor.

Somos como ovelhas distraídas percorrendo grandes distâncias a cada dia. Passando por vales e desertos, caminhos tortuosos, planícies e oásis. Temos a péssima mania de não prestar atenção ao caminho do Pastor e nos perdemos, às vezes. Mas Ele nunca nos deixa para trás. Sai em nossa busca onde quer que estejamos e, quando nos encontra, nos dá um tratamento VIP.

Hoje, tenha a certeza de que, independentemente dos caminhos que tomamos, ao menor sinal de necessidade nossa, Deus estará pronto a nos encontrar e ajudar, pois "O Senhor olha desde os céus e está vendo a todos os filhos dos homens." (Salmos 33:13).


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