sexta-feira, 13 de novembro de 2015

DA SOLIDÃO


DA SOLIDÃO
(Por Denize Vicente)

“... A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, e que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.1

Não tenho tempo.
Frequentemente, ao argumento de que nos falta tempo, deixamos de olhar para as necessidades dos outros; e se olhamos, pelo mesmo argumento deixamos de fazer alguma coisa por eles.

Curiosamente, executivos que saem do trabalho no final do expediente, mas passam no orfanato que fica no meio do caminho para casa pra deixar um presente de aniversário para uma criança, têm as mesmas 24 horas no seu dia que você e eu temos. Também o jovem que vai ao asilo ensinar artesanato para os velhinhos, e a criança que vai ao hospital cantar para os doentes, todos têm somente 24 horas por dia para dar conta de tudo o que têm para fazer. Não menos curioso é o fato de que essas pessoas não sofrem de solidão... têm sempre um sorriso pra sorrir e estão vivendo melhor do que poderiam, porque têm dado amor, amizade e socorro a quem precisa.

As palavras do Poetinha, parte do poema “Da Solidão”, não destoam daquelas de Isaías e de Tiago:

O jejum que me agrada é que vocês repartam a sua comida com os famintos, que recebam em casa os pobres que estão desabrigados, que deem roupas aos que não têm e que nunca deixem de socorrer os seus parentes.” (Isaías 58:7 - Bíblia - Nova Tradução na Linguagem de Hoje)

Para Deus, o Pai, a religião pura e verdadeira é esta: ajudar os órfãos e as viúvas nas suas aflições e não se manchar com as coisas más deste mundo.” (Tiago 1:27 – Bíblia - NTLH)

Há mais do que parece, nas palavras de Vinicius, Isaías e Tiago. Não são mera poesia. O fato, inconteste, é que não significam nada uma religião sem amor e rituais religiosos sem compaixão no coração; o homem que só se preocupa com seus próprios interesses está condenado à solidão amarga que lhe destrói a vida e o afasta da felicidade.

Deixe as desculpas de lado. Seja sensível.
Mas não basta sensibilidade. Não é suficiente se emocionar com a dor e as necessidades do outro. Arrume a sua agenda. Encontre tempo e reencontre o motivo.
Ame com ações.
Ame de verdade.

Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade.” (I João 3:18 – Bíblia - Almeida Corrigida e Revisada Fiel)


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Referência:

1.    MORAES, Vinicius de. O Poeta não tem fim: Da Solidão. SP: Vergara & Riba Editoras, 2002, p.43


2 comentários:

  1. Qdo. ajudamos ao próximo, podemos perceber que nossos problemas não são tão grandes como pensamos (bom, pelo menos é assim que penso); é algo divino!
    Além de as passagens citadas acima, citaria tb Tiago 2:14 " De que adianta, meus irmãos, alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Acaso a fé pode salvá-lo?"
    Parabéns pelo texto!

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    Respostas
    1. Pois é isso!
      De que adianta?
      De que vale??
      Pra que serve???

      Vem aí o Natal - época em que muita gente se mobiliza para praticar ações de amor (ou de vaidade, talvez...). Mas o homem que nos demais dias do ano permanece "encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, e que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro”, continuará em solidão, infeliz, sem saber o que é a verdadeira religião.

      O amor é coisa pra todo dia!

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