MÃE, O TESOURO DA NOSSA VIDA
(Por Denize Vicente)
Tenho muitas lembranças da
minha infância. Muitas. Muito saudáveis. Divertidas e agradáveis. Uma delas era
a aula de postura que minha mãe nos dava. Três irmãos. Todos tínhamos essas
aulas. À tardinha, todos os dias, minha mãe punha os três filhos para andar
elegantemente pela casa. Sim, a nossa casa era, verdadeiramente, nosso espaço
para tudo: em casa a gente brincava, estudava, fazia as festinhas de
aniversário, ouvia música, cantava, tocava piano, flauta, escaleta, xilofone e
gaita, fazia orações, fazia experimentos (na cozinha, nos tubos de ensaio, nas
panelinhas de brinquedo, experimentava até modelos alternativos de
“enceradeira”, quando um de nós sentava num grande flanelão e segurava firme as
pontas, sendo puxado de um lado para o outro, pelos irmãos, às gargalhadas,
para encerar o chão da sala e dos quartos); era ali, em casa, que a gente estudava
pra escola, estudava a Bíblia, trazia amiguinhos para almoçar e pra dormir,
tinha aulas de elegância... Eu posso dizer que a nossa casa era um lar, doce
lar. Minha mãe foi e ainda é muito sábia, como educadora.
Então, todas as tardes, lá
vinha a mamãe, e nos mandava colocar um livro na cabeça. Era a aula de postura.
Colocar um livro sobre a cabeça e andar pela casa, equilibrando-o, sem deixá-lo
cair. Para isso, você precisa estar com a coluna ereta, concentrado, cabeça
erguida, olhos na linha do horizonte, nunca fitando o chão. E aprendíamos, com
isso, a andar elegantemente, e a manter a postura correta, no dia a dia. Talvez
sem saber, ela nos ensinava a ter postura diante da vida, percebe? "A
mente quieta, a espinha ereta"[1], cabeça erguida, olhos na linha do
horizonte, elevados... caminhando sempre em frente.
O Dia das Mães está
chegando... Eu não sei que tipo de lembranças você, que é filho, guarda da sua
infância. Também não sei dizer que marcas você tem deixado nos seus filhos,
agora que se tornou pai/mãe. Mas não há dúvidas de que aquilo que acontece na
infância de alguém tem um impacto significativo na sua formação. “As lições aprendidas, os hábitos formados
durante os anos da infância, têm mais que ver com o caráter e a direção da vida
do que todas as instruções e educação dos anos posteriores.” (A Ciência do
Bom Viver, p. 380, Casa Publicadora Brasileira.)
Anna-alguma-coisa - Anna
Jarvis, eu acho -, a mulher que "inventou" o Dia das Mães nos Estados
Unidos da América, pretendeu "desinventá-lo" quando percebeu que a
data havia se tornado extremamente comercial. Morreu aos 84 anos de idade, e
mesmo tendo feito campanhas de grande repercussão para que o espírito que
originou sua ideia ressurgisse, pouco ou nada conseguiu...
Mas nem tudo está perdido!
Certa vez eu ouvi uma história, contada num Dia das Mães. Vou falar sobre ela. Já
ouvi muitos filhos contando histórias lindas a respeito de mães igualmente
belas. E acho que Anna Jarvis se sentiria um pouco mais animada se nos visse aqui,
nesta sexta, lendo e contando histórias que não têm a ver nem com dinheiro nem com
comércio. Queria contar pra você a história que ouvi de um filho. 41 anos. Abraçado
a sua mãe, ele disse que ela é o maior e melhor exemplo de todas as boas coisas
do mundo. Contou que dos dez filhos que ela teve "só oito vingaram";
e que quando o mais novo tinha apenas dois anos de idade o pai faleceu. A partir de então... u'a mulher viúva,
com oito filhos pequenos, sem emprego e sem pensão.
Moravam numa comunidade carente
na periferia da cidade - comumente chamada "favela" - e os vizinhos,
vendo as crianças órfãs e as condições da mãe, diziam mesmo que nada lhes
restaria a não ser o mundo do crime, que seriam todos bandidos, a única saída.
Pois aquele filho nos contou que, a vida inteira, jamais tomaram para si alguma
coisa que não lhes pertencesse, porque foi assim que aprenderam com a mãe.
"Hoje" - relatou aquele homem, ainda abraçadinho à mãe, já velhinha, bem vestida, com um relógio bonito no punho e a face marcada pela dureza da vida -, "todos os oito filhos estão bem de vida". E tudo isso graças à mãe, da qual eles todos têm orgulho. E num beijo demorado e carinhoso, o filho encerrou sua declaração. Dos olhos cabisbaixos da mãe, que parecia repassar mentalmente o filme da sua vida enquanto ouvia seu filho falar, rolaram duas lágrimas. Chorávamos também todos nós que ouvimos a história...
"Hoje" - relatou aquele homem, ainda abraçadinho à mãe, já velhinha, bem vestida, com um relógio bonito no punho e a face marcada pela dureza da vida -, "todos os oito filhos estão bem de vida". E tudo isso graças à mãe, da qual eles todos têm orgulho. E num beijo demorado e carinhoso, o filho encerrou sua declaração. Dos olhos cabisbaixos da mãe, que parecia repassar mentalmente o filme da sua vida enquanto ouvia seu filho falar, rolaram duas lágrimas. Chorávamos também todos nós que ouvimos a história...
Eu não sei que tipo de
lembranças você tem como filho nem sei que marcas você vai imprimir nos seus
filhos, se já é mãe. Mas se quiser acertar sempre, siga os conselhos de Paulo
(Efésios 6:1-4):
“Filhos, obedeçam a
seus pais no Senhor, pois isso é justo.
‘Honra teu pai e tua mãe’ - este é o primeiro mandamento com
promessa – ‘para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra’.
Pais, não irritem
seus filhos;
antes criem-nos segundo a instrução e o conselho do Senhor.”
___________________
Referência:
[1]Trecho de Serra ao Luar, de Walter Franco.
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