quarta-feira, 20 de maio de 2015

AS APARÊNCIAS ENGANAM

AS APARÊNCIAS ENGANAM
(Por Eduardo Santos)

Século XV, uma nova época. Momento de novas descobertas, novos horizontes, novas empreitadas. Foi assim que navios portugueses chegaram até a costa do Novo Mundo, mais especificamente, no que hoje conhecemos como Brasil. Suas ambições? Eram várias! Dentre elas: ampliar seus domínios, desenvolvimento de novas colônias etc., mas, principalmente, encontrar especiarias e artigos de valor, como metais e pedras preciosas.

Essa busca desenfreada por metais preciosos fica clara no primeiro documento enviado de volta à metrópole, por Pero Vaz de Caminha, quando ele menciona a expectativa de encontrar o “fulvo metal”, ao falar do ouro. Momentaneamente, os colonizadores têm suas expectativas satisfeitas ao identificar gestos dos índios indicando a existência de ouro na terra.

Para preocupação da coroa portuguesa, materiais didáticos relatam que, até o ano de 1693, não se achava no território brasileiro outra coisa que não fosse pirita, também conhecida como ouro dos tolos. A pirita é um mineral bastante interessante, pois, apesar de estar longe de ser um metal ─ muito mais longe de ser nobre ─, apresenta coloração e brilho muito semelhantes aos do ouro. De repente, não deve ter sido uma descoberta muito agradável para os garimpeiros que ora se achavam ricos e, logo em seguida, descobriam que haviam encontrado um minério de ferro (FeS2). Por fim, até que conseguiram encontrar jazidas de ouro no Brasil.

Esse enorme desejo por riqueza acompanha a humanidade em todas as eras já vividas. Mas li um conselho, certa vez, que vale compartilhar! Ele diz assim: “Quão melhor é adquirir a sabedoria do que o ouro! e quão mais excelente é adquirir a prudência do que a prata!” (Provérbios 16:16). Não poderia deixar de pensar sobre esse conselho, uma vez que saiu da boca do homem mais sábio que passou por este planeta. Eu me dei conta de que é mais contemporâneo do que inicialmente parece... Então, me debrucei sobre um dicionário para encontrar uma definição da palavra “sabedoria” e encontrei, logo de cara, esta: “grande fundo de conhecimentos”.

Hoje, vivemos num mundo onde temos o conhecimento na palma da mão, ao toque de um dedo. Somos capazes de descobrir qualquer coisa numa velocidade e disponibilidade nunca antes experimentadas pelo gênero humano. Se usarmos uma lógica clara e direta, esta deve ser a era na qual as pessoas são mais sábias... mas será isso real?

Observando as circunstâncias ao redor, eu não poderia responder a pergunta acima afirmativamente. Então, só poderia chegar a uma conclusão: minha pesquisa não estava encerrada. Retornei aos escritos de Salomão e me deparei com esta sentença: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria (...)” (Provérbios 9:10). Complementei esse conceito com uma nova definição, do dicionário, da palavra em questão. O sexto significado de sabedoria, no material de consulta, é “razão”, ou, com ajuda de um sinônimo, “discernimento”.

Discernimento é a capacidade de diferenciar entre o certo e o errado, entre o verdadeiro e falso. Mas como diferenciar se tudo é relativo? Você deve se lembrar de que, em nosso século, o que é verdade para mim, pode não ser para os outros. Essa, talvez, seja uma influência da Lei da Relatividade de Einstein aplicada de uma forma inapropriada. Então, como ter discernimento se ele nem mesmo seria necessário? Ser sábio é, realmente, só ter conhecimento? Essas perguntas nos conduzem a algum lugar?

Como já disse, se observarmos o mundo a nossa volta, concluiremos que sabedoria vai além de agregar conhecimentos. Quanto ao relativismo da verdade, convido você a lembrar do fatídico relato lá do começo do texto, sobre a frustração dos colonizadores com sua trágica descoberta. Sabedoria é, antes de tudo, discernimento para distinguir o certo do errado, mas vai mais a fundo: é tornar prática essa distinção através de suas atitudes, é usar o conhecimento para fazer escolhas acertadas. Esta é a tal “phronesis” da qual falava Aristóteles. Ser sábio mesmo é buscar sabedoria da Fonte!

Em meio a tanto conhecimento, “tantas pepitas de cor amarela brilhante”, tantas falsas verdades que nos são oferecidas, seja sábio. Busque sempre a sabedoria onde se pode encontrar, pois “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria (...)” (Provérbios 9:10). E não se engane: nem tudo que reluz é ouro!

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Referências:

1-    A corrida do ouro em Minas Gerais. Disponível em: < http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/corrida-ouro-minas-gerais-433563.shtml>. Acessado em: 21/04/2015.
2-    Discernimento. Disponível em: <http://www.dicionariodoaurelio.com/discernimento>. Acessado em: 21/04/2015.
3-    Razão. Disponível em: < http://www.sinonimos.com.br/razao/>. Acessado em: 21/04/15.


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