sexta-feira, 15 de maio de 2015

A SURPREENDENTE VERDADE QUE NUNCA CONTARAM A VOCÊ SOBRE A SAUDADE



A SURPREENDENTE VERDADE QUE NUNCA CONTARAM A VOCÊ SOBRE A SAUDADE
(Por Denize Vicente)

Você já sentiu saudade?
Um casal de namorados, quando se separa, geralmente leva a saudade no peito. Alguém que troca de emprego leva saudade, também; por mais que o trabalho já não fosse assim tão satisfatório, sempre fica uma saudade, porque, provavelmente, nem tudo eram dores. Um filho que se despede dos pais para ir cursar uma faculdade no exterior ou em outra cidade segue seu novo caminho, mas vai carregando na mala a saudade da família, da comida da mamãe, dos papos de domingo com seu pai, saudade dos amigos da sua rua, saudade do seu quarto e da sua cama... Até mesmo turistas, quando voltam das férias, trazem consigo saudade das coisas que viram e experimentaram e que agora ficaram para trás.

Por mais paradoxal que possa parecer, a saudade aproxima pessoas de outras pessoas, de coisas e de lugares. E é assim que a saudade pode ser motivo de sorrisos, ao invés de uma razão para a tristeza. Surpreso?? Saudade, meu amado, é trazer para perto o que está longe.

Longe dos olhos pode significar, sim, perto do coração. Rui Barbosa, aquele baiano incrível, certa vez escreveu sobre esse tema, em sua “Oração aos moços” ¹, com seu estilo peculiar, “afrontando a sabedoria” do ditado popular que reza “longe dos olhos, longe do coração”:
Embora o realismo dos adágios teime no contrário, tolerem−me o arrojo de afrontar uma vez a sabedoria dos provérbios. Eu me abalanço a lhes dizer e redizer de não. Não é certo, como corre mundo, ou, pelo menos, muitas e muitíssimas vezes, não é verdade, como se espalha fama, que ‘longe da vista, longe do coração’. O gênio dos anexins, aí, vai longe de andar certo. Esse prolóquio tem mais malícia que ciência, mais epigrama que justiça, mais engenho que filosofia. Vezes sem conto, quando se está mais fora da vista dos olhos, então (e por isso mesmo) é que mais à vista do coração estamos; não só bem à sua vista, senão bem dentro nele. ²
Eu me lembro de Gonçalves Dias, com sua Canção do Exílio, cantando da saudade que tinha da terra cheia de palmeiras onde canta o sabiá... Lembro-me também de Elba Ramalho que, de volta pro seu aconchego, trazia na mala bastante saudade, um sorriso e um abraço. A saudade, se você olhar bem, é uma coisa boa. A saudade que dói é aquela que a gente sente sem esperança de reviver o que amou viver - ainda assim, doída, é boa. Porque ruim mesmo é não ter saudades pra sentir, como escreveu Cartola nos versos de Sem saudades – “Ouvindo o gorjear da passarada / Eu não senti mais nada...”. ³ 

Se você curte aquelas melodias tradicionais que têm letras belíssimas, como a austríaca “Silent Night”, a indiana “I Have Decided to Follow Jesus” e a alemã “Joyful, Joyful, We Adore Thee”, deve conhecer a americana “The Homeland Shore”. Com letra de Fanny Jane Crosby, ela fala de uma espécie de saudade que talvez você já tenha sentido. Ou não... Saudade do que nem sequer já pôde viver. Saudade do que virá, dos sonhos que se vão realizar, saudade do canto de pássaros que você nunca ouviu, da pátria à qual você sempre pertenceu, mas que ainda não pisou no seu solo... um lugar onde, em maravilhoso contraste com este mundo cheio de maldades, dor e agonia, “habitará a justiça”.

“Da linda pátria estou mui longe, triste eu estou;
Eu tenho de Jesus saudade; quando será que vou?!”

“Passarinhos, belas flores,
Querem m'encantar;
(...)
Meu coração está com pressa,
Eu quero já voar.
(...)
Qual filho de seu lar saudoso,
Eu quero ir;
Qual passarinho para o ninho,
Pra os braços Seus fugir;

É fiel - Sua vinda é certa,
Quando... eu não sei.
Mas Ele manda estar alerta;
Do exílio voltarei (...).”  4

Pensando bem, de todas as saudades que alguém pode sentir, a mais incrível é essa. Saudade do que virá. Sentida dentro do coração. Taí a maior verdade!

"Todavia, de acordo com a sua promessa,
esperamos novos céus e nova terra, onde habita a justiça."
(II Pedro 3:13)

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Referências:

1.  “Oração aos Moços” é um discurso escrito por Rui Barbosa como paraninfo dos formandos da turma de 1920 da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo.



2. Barbosa, Rui - Oração aos moços / Rui Barbosa; edição popular anotada por Adriano da Gama Kury. – 5. ed. – Rio de Janeiro - Fundação Casa de Rui Barbosa, 1997.



3. Disponível em: http://www.francishime.com.br/discos/disco18.htm - Acessado em 29.03.15


4.“The Homeland Shore” (Saudade – Hinário Adventista n. 340 / O Exilado – Harpa Cristã n. 36) - Letra: Fanny Jane Crosby (1820-1915) Música: Stephen Collins Foster (1826-1864)
 

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