ESQUECENDO E SEGUINDO EM FRENTE
(Por Denize Vicente)
Estou aqui de volta, abrindo esta semana na
companhia de Tao-Te-Ching, Alberto Caeiro, T. S. Eliot e Roland Barthes,
citados por Rubem Alves, um dos meus escritores prediletos, em seu livro
“Variações sobre o Prazer [Santo Agostinho, Nietzsche, Marx e Babette]” -
Editora Planeta, 2011.
Alberto Caeiro diz:
“O essencial é saber ver –
Mas isso (tristes de nós que trazemos a
alma vestida!),
Isso exige um estudo profundo,
Uma aprendizagem de desaprender...
Procuro despir-me do que aprendi,
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que
me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os
sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções
verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu...”
Barthes diz: “(...) periodicamente, devo
renascer, fazer-me mais jovem do que sou(...)”.
Tao-Te-Ching diz: “Na busca do conhecimento
a cada dia se soma algo. Na busca do Caminho da Vida a cada dia se diminui
algo.”.
T. S. Eliot diz: “Num país de fugitivos,
aquele que anda na direção contrária parece estar fugindo.”.
O que todos eles nos dizem, no essencial?
Qual é a lição deste domingo?
Em poucas palavras eu lhe diria: aos quinze
anos você sabe alguma coisa da vida; aos vinte, um pouco mais, mas já é hora de
começar a renascer, livrar-se de conceitos e pré-conceitos adquiridos,
desaprender certas coisas; aos trinta já aprendeu muito mais do que imaginava,
pela experiência e pelo que lhe ensinaram, aprendeu, inclusive, a driblar suas
emoções, e então... é tempo de esquecer muito do que foi aprendido. Se você
está em busca de aperfeiçoamento, se quer alcançar o Caminho da Vida, seja lá
qual for a sua idade, você precisa do exercício de renascer, periodicamente,
frequentemente, sempre, mesmo que isso signifique andar em outra direção.
Capriche no desapego, esta semana. Livre-se
de tudo o que desvia você do Caminho da Vida. Reaprenda conceitos. Experimente
coisas novas. Explore a paisagem em volta do caminho. Leia mais. Escreva um
pouco. Compartilhe. Pense junto. Aproxime-se das pessoas. Crie pontes.
Desaprenda tudo o que aprendeu sobre construir muros. Esqueça que lhe ensinaram
a ter medo de pessoas diferentes. Perceba as semelhanças. Saber ver é
fundamental. Desaprenda toda e qualquer lição sobre o desamor. Faça amigos.
Esqueça os rótulos.
Gostaria muito que lá pelo meio-dia de hoje
você pudesse se olhar no espelho e dizer para si mesmo e para quem mais quiser
ouvir: “Estou tentando. Estou começando.
Espero conseguir...”.
E desejo, sinceramente, que você tente; que
você comece, e que consiga.
Desejo a você uma boa semana. E uma boa vida, sempre renascendo,
reaprendendo, esquecendo o que ficou para trás, e seguindo para o que está à
frente (Filipenses 3:13-14).
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Referências:
Roland Barthes, Aula, pp.46-47
Fernando Pessoa, Obra poética, pp. 217-226
Tao-Te-Ching, Poema XLVIII
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