CAUSA OU EFEITO?
(Por Denize
Vicente)
Imagine que mal
começou o dia e, tão cedo, as coisas começam a dar errado. Você acordou e na
hora de tomar seu banho o chuveiro queimou. Só tem banho frio. Você pergunta: -
“Por que justamente agora?”.
Mais tarde, quando
chega ao trabalho, seu chefe chama você, comunica que já não precisam mais dos
seus serviços, na empresa, e pede que você assine o aviso prévio. A pergunta
que lhe vem à mente não é outra: - “Por que eu?”.
À noite, em
casa, seu filho mostra o boletim e você percebe que todo o investimento
financeiro que tem feito desde o primeiro ano de estudos do menino não tem
servido de nada, porque será mais um ano de reprovação. E ao deitar você se
pergunta: - “Por que ele faz isso?”.
Os dias, na
nossa vida, seguem cheios de situações desconfortáveis que nos desassossegam; e
no meio da agonia geralmente perguntamos: - “Por quê?”.
Em busca de quietação
insistimos em ter respostas... para as perguntas erradas.
Mario Quintana dizia que “a resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas
estejam certas”11, e ele estava muito bem acompanhado, porque Salomão, o homem mais sábio
do mundo dizia assim: “Eu
apliquei o meu coração para saber, e inquirir, e buscar a sabedoria e a razão
das coisas...”2.
Talvez
gastemos tempo e energia demais fazendo as perguntas erradas, em busca da
resposta certa, da causa de tudo o que nos sobrevém. Há mais sabedoria,
contudo, em querer saber “para que” as coisas acontecem, do que em buscar “o porquê”
de tudo o que nos atinge e não nos faz bem no mesmo instante.
Fazer a pergunta certa exige que você se
disponha a enxergar além do imediato; é uma questão de manter o foco na observação
e não no julgamento; no aprendizado e não no domínio, no direito de reger. É
não se colocar como o centro dos acontecimentos, mas como parte de um plano,
peça de uma engrenagem, e entender a finalidade de cada movimento.
A sabedoria
está em interessar-se mais em saber com que finalidade (“para quê?”) se está passando
por certas situações, na vida, do que em compreender por que alguém é submetido
a experiências negativas.
Então, a cada manhã, não importando quão
fria esteja a água que sai do chuveiro, encare a realidade que o aguarda mesmo
sem saber por que ela veio ao seu encontro, mas buscando compreender que todas
as coisas contribuem para o bem daqueles que amam a Deus; resta saber como.
Cabe-nos continuar semeando a nossa semente
(Eclesiastes 11:6), dia após dia; e mesmo não sabendo o caminho do vento nem
conhecendo as obras de Deus, que faz todas as coisas (Eclesiastes 11:5) -
afinal, somos de ontem e nada sabemos (Jó 8:9) -, é sinal de sabedoria
buscar compreender a razão das coisas – com que propósito elas estão aí e nos
atingem. Encontrar a resposta certa nem é o mais importante; mas, se você
estiver fazendo as perguntas certas, o exercício de inquirir e buscar a razão
das coisas, o fim determinado, fará de você alguém muito mais sábio e feliz do
que aqueles que insistem em fazer as perguntas erradas...
Experimente mudar o foco.
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Referência:
1- "Do
Caderno H", Editora Globo
- Porto Alegre, 1973
2- Eclesiastes 7:25 – (Bíblia
– Versão Almeida Corrigida e Revisada Fiel)
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