terça-feira, 21 de julho de 2015

AOS VELHOS E NOVOS AMIGOS

AOS VELHOS E NOVOS AMIGOS
(Por Airton Sousa)
 
Se você já teve um amigão na sua vida, você vai concordar comigo: ele era gordinho e se chamava "Zé", não é verdade?  Era justamente disso que eu estava querendo fugir. Mas parece que não restam muitas alternativas para quem é gordinho e se chama "Zé”. De repente, você acha que não precisa mais de amigos, já que tem todos. Não tem mais espaço na agenda pra fazer novos amigos.
 
Estava lendo agora o livro do Seinfeld, e tirei alguns conceitos de um texto dele chamado "amigolandia", para escrever este post.
 
"Quando a gente faz quarenta anos ou mais de idade, é difícil fazer um amigo novo. Sejam quais forem os amigos que a gente conviveu até hoje, é com eles que a gente quer continuar vivendo."
 
"A gente não sai por ai entrevistando gente nova, nem olha pra gente nova, não está interessado. Eles não conhecem os lugares, os gostos, não conhecem a nossa comida. Nem sabem o nosso time de futebol".
 
"Se me apresentam um candidato a amigo, eu nem perco mais meu tempo e vou logo dizendo: Eu sei que você é um cara legal, parece ter um potencial muito bom, mas no momento não estou contratando ninguém para o cargo de amigo."
 
Por onde andei fiz amigos, e os tenho aos montes. E embora seja ausente, sou fiel às lembranças, às datas de aniversários. Cada um com sua vida, sua história, sua família... mas basta um encontro, planejado ou não, e a gente começa o papo exatamente de onde parou há trinta anos. Um pouco de conversa é suficiente pra se atualizar sobre o que a pessoa está fazendo agora nesses dias, e já voltamos ao passado - o que queremos mesmo é saber como foi resolvida aquela história, aquele namoro, como foi isso, como foi aquilo.
 
"Amigos novos não têm história, nem sabem o que estávamos fazendo no ano passado."
 
Mas aí, de repente, você abre a guarda e conhece um amigo novo, depois outro, você vai a uma festa, ou a uma reunião da igreja, e descobre um amigo novo... E, de repente, lá está você chorando ou tomando as dores de pessoas que você nunca viu na sua vida.  Essas pessoas entram na sua vida de um jeito esquisito, sem pedir licença... E você as ama de um jeito esquisito, sem pedir licença... E de repente, viram amigos de infância... E, de repente, elas sabem da sua vida inteirinha que nem aquele seu melhor amigo que estudou do fundamental até o superior com você sabia... E você se entrega e, ao mesmo tempo, aceita a entrega.
 
É incrível como esses novos amigos passam, de um momento para outro, a fazer parte da sua vida. E você acaba abrindo mão do conceito de que não precisa mais de amigos depois dos quarenta ou cinquenta. E esses amigos, de repente, passam a fazer parte da sua vida exatamente no mesmo grupo daqueles da quinta série. E você os acolhe e se torna responsável por eles.
 
Aqui no Rio, tenho reencontrado os amigos do passado e tenho encontrado novos amigos. A turma deste blog, por exemplo, tornou-se a minha nova família e já nos sentimos responsáveis um pelo outro.
 
Porque ontem foi o dia do amigo, e porque este mês já encontrei com dezenas de amigos do passado e cada dia tenho feito um novo amigo, eu desejo um FELIZ DIA DO AMIGO aos novos e velhos. Porque, pensando bem... tem vaga, sim, para novos amigos.
 
E se você quiser me conhecer, pode chegar, tem sempre um cantinho. Meu primeiro nome é José, mas não me chame de "Zé" - chame de "amigão", que é mais bonitinho.
 
 
Referência:
1)    "O melhor livro sobre nada", Jerry Seinfeld.

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