UM BELO PROGRAMA PARA UM DIA DE CHUVA

UM BELO PROGRAMA PARA UM DIA DE CHUVA

(Por Denize Vicente)

Basta chover de mansinho que a vida adquire outro ritmo. Alguma coisa diferente das tempestades, da chuva forte, da chuva de vento. Escrevo este texto num domingo nublado e quieto, a partir de algumas antigas anotações... Hoje é um dia frio e cinza, em que a chuva cai de mansinho, lá fora.

Chuva que cai de mansinho dá outra cadência ao tempo. Não existe a pressa de sair de casa, porque não é prenúncio de temporal; não há necessidade de dar um tempo, até que passe, porque, sabe-se, não vai passar tão cedo; ela é apenas chuva que cai de mansinho e não tem hora pra acabar. Não se pensa em apressar os passos no meio de uma chuva fina, nem se cogita de ir lá fora tomar banho de chuva. É outro movimento que se estabelece. É diferente, completamente diverso. Basta olhar da janela, de onde quer que você esteja, para perceber que a vida é outra, num dia de chuva que cai de mansinho. A garotada não está na rua brincando nas poças d’água, e nada se faz no ritmo alucinado daqueles dias de sol quente ou de um pianissimo dia de uma grande tempestade, quando parece que debaixo do edredon o tempo vai acabar, parar para sempre. Não se lava a varanda... porque chuva que cai de mansinho nem parece molhar; também não se lava roupa... porque não vai secar. Chuva assim, de mansinho, só lava a alma...

Pode-se pensar em muita coisa, num dia de chuva.

Se a chuva é forte, pensa-se na tragédia, no se eu morrer, nos barrancos que se quedam, nos deslizamentos de terra; se é de vento, a chuva, pensa-se nas saias que levantam, nos cabelos escovados que não vão resistir, no guarda-chuva que vira, no frio que faz; mas se é mansinha, a chuva, só se pensa no passado ou no futuro, como se entre a vida e a morte só existisse o amor... Acho até que chuva assim tem cara de romance...

Num dia de chuva que cai de jeito mansinho, deseja-se um dia inteiro de boas recordações, porque a nostalgia toca a nossa campainha, e se não abrimos ela fica ali, sentada, à espera, passando bilhetes por debaixo da porta, soprando melancolia pelo buraco da fechadura até que nos rendamos. E se é pra entrar, que traga boas lembranças. 

Se cai um temporal... é diferente. Corre-se para trancar tudo, portas, janelas, coração... Uma agitação que deseja a calmaria de um colchão e um cobertor, e só se pensa na proteção. Sobem ao céu as orações de quem tem medo de que a casa caia e de quem se preocupa com os desabrigados...

E então eu cheguei ao ponto que eu queria: dia de chuva, pra mim, é dia de oração. Na minha agenda, sempre que a chuva cai, forte ou de mansinho, é dia de oração. Não que eu não ore nos dias de sol, mas os dias de chuva são especiais.

Se você reler o texto de hoje vai encontrar na descrição desses dias motivos para pedir e motivos para agradecer. E sua listinha particular de “Por favor, Deus” e de “Obrigado, Deus” vai ter outros itens, suficientes para ocupar sua mente e seu coração durante todo o longo dia de chuva que você tiver. Você pode agradecer por ter um amor pra comemorar o 12 de junho, ou, se for o caso, pode pedir a Deus que esse tal amor chegue a tempo para o ano que vem; pode agradecer pelo sol e pela chuva, por ter um teto pra se proteger, e pode pedir pelos que não têm; mais que isso, pode pedir que Deus use você para ser a resposta à oração de alguém. Enquanto você vai ali esquentar um leite com mel e canela para aquecer sua garganta, num dia de temperatura baixa, existe alguém com muito frio, em algum lugar não tão longe de você, orando para que Deus lhe envie alguma bênção.

“Por favor, Deus, usa-me...” - essa é apenas uma ideia para a sua oração no próximo dia de chuva.

#ficaadica