terça-feira, 31 de março de 2015

VAI DOER



VAI DOER
(Por Airton Sousa)

É provável que você já tenha escutado uma ou mais vezes sobre a história que vou contar hoje. Em uma família grande como é a minha é muito natural que todas as histórias aconteçam e se repitam.
Uma vez, minha irmã pediu pra eu levar minha sobrinha ao posto de saúde para tomar vacina. Era vacina daquelas de agulha. Segurei minha sobrinha no colo e ela me perguntou se a vacina iria doer, e mesmo com a enfermeira dizendo que não doeria nadinha, eu disse pra ela:
- Vai doer sim, Suelen. Mas eu estou aqui com você; segura na minha mão que eu vou sentir a dor com você.
E enquanto Suelen tomava a vacina, senti que sua mãozinha apertava a minha com bastante força. Ela sentiu dor, mas sentiu muito mais a mão do tio ali segurando e teve certeza de que nada aconteceria com ela.

A Páscoa me lembra de um Deus apaixonado por Seus filhos. Como um tio apaixonado ou um pai amoroso, um Deus que diz a cada manhã que muita coisa nesta vida não vai ser do jeito que a gente quer ou sonhou, mas é preciso crer que em meio à dor haverá sempre u’a mão estendida, alguém pronto pra ajudar, amparar e proteger. Ele veio para que tenhamos vida em abundância.
Um Deus apaixonado que, insistentemente, nos pede: “Filho Meu, dá-Me o teu coração” (Pv 23:26).

Aqui em casa, o almoço de Páscoa não será diferente dos outros anos, a família estará reunida mais uma vez, todos os sobrinhos, netos e bisnetos estarão presentes. Antes de agradecer pela refeição, a matriarca irá pedir a palavra e contar a história. Uma velha história de amor e paixão. E nós fecharemos os olhos imaginando as cenas, enquanto ela vai contando...

“Cenas de horror, mas a minha vida ali salvou.
Cenas! O silêncio do pai.
Cenas! Os pecados do homem.
Cenas! As feridas abertas, acoites tão cruéis.
Cenas! Minha culpa levou” (1)

Estamos na semana da Páscoa, e este é um momento de renascimento, de acreditar na vida e nos sonhos.
- Filho, vai doer sim! Mas eu estou aqui ao seu lado. Segura na minha mão!

Feliz Páscoa!

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Referência:
1. Cenas – Letra e Música: Daniel D. Salles - Intérprete: Grupo Novo Tom - Pode Cair o Mundo... Estou em Paz (CD)

segunda-feira, 30 de março de 2015

O SOM DO CORAÇÃO


O SOM DO CORAÇÃO
(Por Sérgio Mafra)

Uma das coisas mais difíceis no fato de morar em prédio é quando seu vizinho resolve fazer obras. Vão-se a paz e a tranquilidade por um período que pode se arrastar por meses. Vivi isso faz pouco tempo. Foram longos dias ouvindo serras, talhadeiras, martelos, entre outros instrumentos característicos. De todos esses, acho que o barulho do martelo era um dos piores, fosse batendo na parede, numa porta ou num armário, o som parecia penetrar em meus ouvidos e não sair mais.

Tempos depois, o movimento e, consequentemente, o barulho, estavam diminuindo; a obra estava em seu estágio final. Acho que comemorei tanto esse momento quanto a proprietária do apartamento. Uma manhã, ao sair de casa, encontro a simpática Dona Marina, indo descartar seu lixo e após os cumprimentos formais não resisti à pergunta que não queria calar: - “E a obra, já está terminando?” Ao que a simpática senhora arqueia as sobrancelhas e responde: - “Ah, meu filho, estava quase no fim, mas o pedreiro nivelou o piso errado. Teremos que fazer tudo de novo. Esse tempo e o dinheiro investidos foram em vão”. Eu me despedi... e enquanto me dirigia ao trabalho não resisti a pensar que em vão foi todo o barulho que suportei e que, novamente, martelos e serras fariam parte da minha rotina.

Já passava do meio-dia quando o barulho de martelos e pregos havia cessado. Mas a obra ainda não estava completa. Jesus entrega a Deus o Seu espírito e fecha Seus olhos para a morte. Com Ele, carrega o peso da humanidade e sai vitorioso ao ressuscitar no terceiro dia.

O coração pulsa forte, ouso dizer que será mais forte que o som do martelo batendo na madeira. Não teve erro, a obra chegou ao fim, Jesus, enfim, terá voltado. Quero estar de pé e dizer pra Ele: “as batidas do martelo não foram em vão, a obra está completa.” Que alegria, quando o som do martelo for substituído pelo som de corações batendo forte, exultantes de alegria e felicidade.

Feliz Páscoa, sabendo que você também é responsável por fazer com que os sons angustiantes de dor e tristeza dessa obra celestial tenham valido a pena!

domingo, 29 de março de 2015

50 TONS DE CINZA OU UM TOM DE VERMELHO? VOCÊ ESCOLHE.


50 TONS DE CINZA OU UM TOM DE VERMELHO? VOCÊ ESCOLHE.
(Por Lucileide Santos)


"Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara."
(Livro dos conselhos)1

Nossa frase de reflexão de hoje é muito importante! E compõe uma parte do comportamento sábio. Repare bem! No espectro das cores, o cinza e o vermelho ocupam posições bem distantes. A cor cinza, para mim, representa neutralidade, indiferença, falta de cuidado.

Esta semana é marcada em nosso calendário por um dos acontecimentos mais significativos da história humana. Acontecimento esse que vem marcado pela cor vermelha que traduz paixão, amor, sacrífico e graça! Afinal, Deus tanto amou este mundo que deu seu único filho para que vivamos!

“Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.” Repare na cena do calvário! Visualize o ato de amor ali realizado por você! Quais são as oportunidades que lhe são abertas hoje?
Repare e não apenas olhe. Esteja atento aos significados, às marcas de amor, talvez antes não notadas, mantenha seus olhos atentos, a audição aguçada e o coração aberto.

O Redentor de braços abertos não é apenas um convite para vir ao Rio de Janeiro, ou um motivo para se escrever uma música. O redentor abre seus braços sobre o mundo para mostrar para você que a cor vermelha é a mais significativa desta vida! É a cor que salva!

Hoje, o que eu lhe desejo é que reflita, repare e não escolha a frieza do cinza e, sim, o abraço caloroso dAquele que nos ensinou o verdadeiro sentido do vermelho do amor!
Um domingo abençoado para você e sua família.

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Referência:
SARAMAGO, José. Ensaio sobre a cegueira. Companhia das Letras,1995. São Paulo.

sábado, 28 de março de 2015

BENÇA, PAI



BENÇA, PAI
(por Jackson Valoni)
        
Tenho muita dificuldade em começar a escrever alguma coisa, não por falta de motivação, mas por não saber quais palavras usar na introdução. Vi uma entrevista com o Jô Soares em que ele ampliava essa dificuldade dizendo que escrever é como parir sem ser mãe. Eu não teria capacidade para descrever a dor do parto, mas compreendo perfeitamente aquela comparação que Jô Soares ousou fazer.

Algumas vezes tive que escrever de madrugada para a inspiração não ir embora. Houve vezes em que o texto surgia ao acaso, tomando banho, almoçando, conversando com alguém, caminhando... o texto-embrião não tem dia nem hora para aparecer. Até que o texto consiga nascer, o trabalho de parto é constante e não sai da minha cabeça até que aquele “filho” seja concebido do jeito que eu havia formado na minha mente. É um processo doloroso e angustiante, depende de humor, tempo e paciência para a sua conclusão. Graças a Deus, as crias deste blog têm dado muita alegria. Textos criam asas e alcançam pessoas que nunca imaginaríamos.

Sabe aquele papo de que a gente cria o filho pro mundo? Meu amigo Pontinelli escreveu algo que me marcou: “Quando percebo que todo o meu esforço pra tentar melhorar de classe nessa vida vai ser melhor aproveitado pelo meu filho do que por mim próprio, já faz eu me sentir pai. Cuidar de um desconhecido.” Parece que é tão óbvia a noção de que preparamos nossa vida em favor de outra. Quem sonha em um dia ter filhos provavelmente tem a consciência de que precisa “preparar o terreno” pro neném ter uma vida de rei, deitado em berço esplêndido, ou algo assim.

A gente cria o filho pro mundo... e eu nem tenho filhos, só textos e poesias que algumas vezes fiz estando apaixonado e, em outras, com dor de cotovelo. Jesus falou que não somos deste mundo. Embora vivamos neste mundo, fomos escolhidos por Cristo para anunciar coisas que não são daqui. João 15:16,19; João 17:14,16.

Ouvia meu pai sempre pedir a benção pra mãe dele, ao encontrá-la e na despedida. Como é bom ter a bênção dos pais e saber que somos especiais para eles. Deus abençoou Adão e Eva ao final da Criação da Terra (Gênesis 1:27, 28), assim como também fez com os animais (Gênesis 1:21, 22).

O tipo de herança que não tem como recusar dos nossos pais é o caráter e a educação. Lembro-me de ter visto uma palestra em que uma Psicóloga afirmava que o caráter de uma criança é formado até os seus sete anos de idade. “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” (Provérbios 22:6). É impossível rejeitar algo que está dentro de nós.

Sabe, Deus é um paizão. A bênção dEle é disponível a todos! Nosso mundo não é aqui, apesar de vivermos aqui. Toquinho fala na música Valsa para uma Menininha que o mundo é ruim, que logo vivemos uma desilusão. Não vejo outro meio de encontrar verdadeira paz senão com Jesus. Deus é o nosso Pai celestial, disposto a nos abençoar.

Que Deus nos abençoe e que sejamos bons filhos, tanto aos nossos pais quanto ao nosso Pai Celestial.

sexta-feira, 27 de março de 2015

QUANDO TUDO É UMA QUESTÃO DE PEDIR AJUDA


QUANDO TUDO É UMA QUESTÃO DE PEDIR AJUDA
(Por Denize Vicente)

Diego não conhecia o mar. O Pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o Sul.
Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto o seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
-  Me ajuda a olhar!1

Você e eu, muitas vezes, mudos diante do belo, do novo ou do desconhecido, precisamos de ajuda. Já pensou nas tantas vezes em que você teve medo ou sentiu-se pequeno diante da imensidão do mundo e de sua doçura ou de sua maldade? Ao nosso lado, ali, bem disposto, um Pai.

Temos, geralmente, certa mania de tentar resolver e entender as coisas sozinhos - você já reparou nisso? -, e só buscamos ajuda quando já nos descabelamos com aquelas particulares e infrutíferas tentativas de “vou dar meu jeito”. Insistimos em ser sós, quando não somos.

Dia após dia nos deparamos com situações que, por sua complexidade, novidade ou grandeza, exigem de nós um tanto de humildade, especialmente para receber ajuda. Somos miúdos demais para encarar a imensidão do mar e o seu fulgor. Mas ficamos ali, sem entender nada, “com cara de paisagem”; nós nos deixamos vencer pelo orgulho, pela timidez, pela falta de intimidade com o Pai; não pedimos ajuda, não seguramos sua mão. Nós nos achamos grandes demais para isso...

Ajuda pra entender a leitura, ajuda pra concluir um trabalho, ajuda pra superar um trauma, ajuda pra enxergar o que é belo. Para enfrentar um problema, para ter sabedoria, para fazer as escolhas certas, pra definir prioridades. Ajuda. Mudo de incerteza, de beleza ou de pavor, ainda que tremendo e gaguejando, seja um menino, e peça ao Pai:
- ”Ei, me ajuda a olhar!”.

“Porque és a minha ajuda, canto de alegria à sombra das tuas asas.” 2

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Referências:
1. Eduardo Galeano in O Livro dos Abraços - Texto: A Função da Arte/I

2. Salmos 63:7

quinta-feira, 26 de março de 2015

O FIM DO COMEÇO


O FIM DO COMEÇO
(Por Carina Baptista)

Oi pessoal, tudo bem com vocês?
O livro que indico hoje, já tem um tempinho que li, mas, a história ainda está fresquinha. São apenas 173 páginas, gostosas demais de ler. Se você gosta de ficção vai se apaixonar e, se não gosta, vale a pena a leitura mesmo assim; tenho certeza de que vai se identificar com pelo menos um dos personagens.

Ele conta um pouco da vida de vários personagens que se entrelaçam no decorrer da história - essa interação é surpreendente (falar isto não estraga a surpresa, rs). "Infelicidade, angústia, ambição, morte e tantos outros problemas afetam diariamente a humanidade. Parece que nada pode ficar pior do que já está. Mas isso é apenas o começo".

No livro, conhecemos um estudante de medicina, uma esposa infeliz, um dono de restaurante, uma professora idealista, um pescador, uma estudante de Psicologia, um jornalista ambicioso e uma dona de casa. São dias decisivos que irão mudar a vida deles para sempre. A escolha de cada um dirá qual vai ser o final.

O Fim do Começo é um livro que nos faz refletir nas nossas escolhas e no impacto que elas terão em nosso futuro. Constantemente, somos colocados diante de situações decisivas, mas, infelizmente, nem sempre fazemos a melhor escolha.

Espero, de coração, que você goste da leitura e, sobretudo, que ela faça uma mudança positiva na sua vida.

Não se esqueça de me contar o que você achou.
Tem um livro bem legal para me indicar? Entre em contato pelo e-mail 2015dicasdecah@gmail.com. Vou amar ler uma indicação.

Um beijo e até semana que vem!

quarta-feira, 25 de março de 2015

E DISSE DEUS


E DISSE DEUS
(Por Eduardo Santos)

“E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; (...)” (Gênesis 1:26)

Finalmente, chegamos ao sexto dia, como as próprias palavras originais do texto hebraico nos fazem crer. O sexto dia, tão repleto quanto o quinto, deve ter sido algo magnífico. Ver todos aqueles grandes animais, alguns imensos, compondo o maravilhoso cenário quase completo de um mundo perfeito que acabara de sair das mãos de seu Criador.

Felizmente, não tive aquela dúvida incômoda para decidir em quem colocaria meu foco. Só não a tive, porque não fui eu quem determinou! Seria tão complicado quanto nos outros dias, com tantas coisas para reparar e comentar, tendo um curto espaço pra escrever ─ vou conversar com o pessoal responsável por isso, ver se consigo, pelo menos, umas cinco linhas a mais.

Talvez, você esteja curioso sobre quem foi o responsável pela escolha do foco; eu conto agora: ninguém menos do que o Autor da obra! Após criar os animais que havia deixado para criar nesse dia, vemos uma ação inesperada, se compararmos todos os dias da semana da criação. Sutil ou não, dessa vez Deus usa Sua voz apenas para fazer um convite; em seguida, o relato só diz que “(...) criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou (...)” (Gênesis 1:27).

Disposto a ousar um pouco mais hoje e exceder os limites do capítulo 1? Venha comigo. Creio que você não vai se arrepender!

A Bíblia é um livro repleto dos grandiosos feitos de Deus e tivemos a oportunidade de acompanhar algumas de suas obras tremendas durante estas últimas sete semanas. Podemos ficar maravilhados só pelo fato de Ele ter trazido à existência todas as coisas que revisamos, mas, além disso tudo, Ele também controla o que fez.

Sim, o Deus “que fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há (...)”
 (Salmos 146:6), que conta o número das estrelas e chama-as todas pelos seus nomes (Salmos 147:4), que cobre o céu de nuvens, o que prepara a chuva para a terra, e O que faz produzir erva sobre os montes
 (Salmos 147:8) e sabe, inclusive, quantos fios de cabelo temos em nossa cabeça (Lucas 12:7) escolheu fazer-nos à Sua imagem e semelhança. E foi além! Como se já não fosse mais que suficiente ter sido formado à imagem de Deus, fomos formados por Suas mãos (Gênesis 2:7).

Não é mera força de expressão. A palavra hebraica, yatsar, nos faz entender que saímos das mãos de Deus modelados em forma de bonecos de barro até recebermos dele Seu fôlego de vida e, então, nos tornamos seres viventes. Fantástico! Um Ser tão poderoso e tão importante se ajoelhou sobre o barro e moldou o ser humano com Suas próprias mãos. Este é o primeiro relato de muitos nos quais vemos Deus vindo até nós. Ainda há dúvidas de que Ele foi quem determinou o foco?

Fim da semana da criação e, consequentemente, da nossa retrospectiva. Mas não poderíamos encerrar sem antes colocar as considerações divinas como de praxe.

“E Deus viu tudo o que havia feito, e tudo havia ficado muito bom. Passaram-se a tarde e a manhã; esse foi o sexto dia.”
(Gênesis 1:31).

E, pela última vez, podemos falar em coro algo que, talvez, você também esteja pensando: “Se Ele achou tudo muito bom, #quemsoueupradiscordar?    
Elementar, meu caro Watson, digo, meu caro leitor.

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Referência:
Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia. Volume 1, Pág.: 204.