BILHETE
(Por
Airton Sousa)
Foi
em julho de 2008. Era um sábado e já passava do meio-dia quando cheguei em
casa, depois de ter passado toda a noite de sexta-feira na balada. Meu filho me
informou que um pastor da Igreja Adventista havia ido me visitar e deixado um
bilhete: “Vim fazer uma visita; como não o encontrei, deixo aqui um amplexo.
Visite nossa igreja no próximo sábado. Assinado, pastor Ronaldo.” Só pela
palavra “amplexo” (abraço) reconheci na hora quem era o autor do bilhete. Era
um pastor, amigo de velhos tempos, que sempre usava essa palavra para terminar
suas mensagens. Ele estava visitando a igreja do bairro em que eu morava e
sendo informado de que eu era vizinho da igreja resolveu me fazer uma visita.
Era a primeira vez em mais de dez anos que alguém da igreja me visitava e mesmo
não me encontrando deixava um bilhete.
Já
mandei muitos bilhetes e também recebi vários, mas, de todos, aquele foi o mais
importante em toda a minha vida.
No
sábado seguinte acordei com muitas dores no corpo, um cansaço inexplicável,
desânimo total e quase não fui à igreja. Precisei arrumar uma coragem e uma
certa força para chegar lá. Sentei no último banco. O pregador iniciou o sermão
reclamando de dores, parece que também estava desanimado e que também não
estava com muita vontade de estar ali naquela manhã. Mas nós estávamos lá. Ele
abriu a Bíblia e começou a contar a história da mulher que foi ao encontro de
Jesus Cristo pedir que ele curasse sua filha. O Mestre sequer olhou pra ela e
mesmo assim ela insistia. Insistia tanto que os seguidores do Cristo falaram:
“Mestre, essa mulher está nos seguindo, é melhor o senhor falar logo com ela”.
O
pregador falou que, muitas vezes, o que atrapalha mesmo são os seguidores
arrogantes que pensam que estamos ali por causa deles. E não é por eles que estamos
ali...
A
história que a gente ouvia está relatada em S. Mateus 15:23. Na primeira vez
que a mulher pede, Jesus fica calado; e depois ainda lhe diz que Ele não veio
para curar os estrangeiros. Mas ela insiste tanto, que até se compara a um
cachorrinho que só precisa de uma migalha...
No
fundo, o Cristo estava testando a fé daquela mulher. Ele queria saber o quanto
ela era persistente e até onde ia sua força de vontade. O próprio Jesus fica
admirado: “Nunca vi tamanha fé!”.
O
pregador vai desenvolvendo o sermão de uma maneira que vai me envolvendo... ele
passa a falar de esperança... meu coração já sente um grande conforto... sinto
um descanso, e certa quietude.
Já
estamos em 2015 e os bilhetes já não mais existem, foram substituídos pelas
mensagens eletrônicas; mas até hoje penso naquele bilhetinho do pastor me
convidando para ir à igreja no sábado seguinte...
Aquela
foi a primeira vez que fui à igreja, depois de muitos anos.
Hoje
eu queria convidar você para ir à igreja no próximo sábado. E o convite não é
só para ir à igreja; é um convite para a alegria, para o perdão; verdade!
alegria e perdão. Aceite o meu convite!
Então
me passa aí teu Whatsapp...
Gosto muito de bilhetinhos...
ResponderExcluir"... o que atrapalha mesmo são os seguidores arrogantes que pensam que estamos ali por causa deles."
ResponderExcluirSão pessoas que, dificilmente, nos dariam um bilhetinho, ou mensagem no whatsapp, ou que comprariam uma ideia diferente, ou, pior, que nos distancia mais do que nos aproxima de Deus.