sexta-feira, 1 de setembro de 2017

QUANDO ENTRAR SETEMBRO...


QUANDO ENTRAR SETEMBRO...
Denize Vicente – Cidade Maravilhosa/RJ

Hoje começa setembro. Depois de dezembro, é o mês mais lindo do ano. Eu acho. Acho mesmo! Passou agosto, com suas chuvas e céus pintados de cinza; vem setembro cheio de flores, cores e amores... Setembro é poesia e música, é renovação, esperança... e pra completar a beleza ainda tem o aniversário do meu maninho querido do meu coração... Setembro é um mês muito lindo, gente. Muito lindo!

Eu queria saber escrever poesia como o Evaldo Vicente e como a Cecília Meireles. Ela escreve palavras lindas e ele, que também escreve palavras lindas, ainda consegue pôr melodia nelas.

Então, enquanto você lê a “Primavera” de Cecília Meireles, escute a “Primavera” de Evaldo Vicente. Deixe seu coração ser tocado, e permita à sua mente viajar na beleza de todas essas palavras e notas...
Setembro chegou!


Primavera (Evaldo Vicente) - Intérprete: Joyce Carnassale

Primavera (Cecília Meireles)

“A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.

Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.

Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.

Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.

Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.

Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.

Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.”


Que um dia vivamos, pela eternidade, a beleza desse céu, desses pássaros, do ar azul e de tudo e de todos que amamos.

“E esta é a promessa que Ele nos fez: a vida eterna.” (I João 2:25)

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