QUANDO ENTRAR SETEMBRO...
Denize
Vicente – Cidade Maravilhosa/RJ
Hoje
começa setembro. Depois de dezembro, é o mês mais lindo do ano. Eu acho. Acho
mesmo! Passou agosto, com suas chuvas e céus pintados de cinza; vem setembro cheio
de flores, cores e amores... Setembro é poesia e música, é renovação, esperança...
e pra completar a beleza ainda tem o aniversário do meu maninho querido do meu
coração... Setembro é um mês muito lindo, gente. Muito lindo!
Eu
queria saber escrever poesia como o Evaldo Vicente e como a Cecília Meireles. Ela
escreve palavras lindas e ele, que também escreve palavras lindas, ainda consegue
pôr melodia nelas.
Então,
enquanto você lê a “Primavera” de Cecília Meireles, escute a “Primavera” de
Evaldo Vicente. Deixe seu coração ser tocado, e permita à sua mente viajar na
beleza de todas essas palavras e notas...
Setembro
chegou!
Primavera (Evaldo Vicente) - Intérprete:
Joyce Carnassale
Primavera (Cecília Meireles)
“A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.
Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.
Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.
Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.
Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.
Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.”
Que um dia vivamos, pela
eternidade, a beleza desse céu, desses pássaros, do ar azul e de tudo e de
todos que amamos.
“E esta é a promessa que Ele nos fez: a vida eterna.” (I João 2:25)
Show de primaveras.
ResponderExcluir