quinta-feira, 21 de setembro de 2017

MARIANA CONTA UM


MARIANA CONTA UM
Mário Jorge Lima

Estava eu no meu escritório pensando no que poderia conversar com vocês desta vez, quando resolvi entrar no Facebook enquanto a “inspiração” não vinha.

Deparei-me, então, com uma postagem feita pela filha de um de meus melhores amigos, João Leopoldo Bracco de Lima, recentemente falecido. Fiz questão de citar seu nome completo, como homenagem, pois o João foi um ser humano extraordinário. Sua filha Roberta é mãe de uma criança que chamamos “especial”; tem Síndrome de Down.

Essa criança, o Gabrielzinho, com menos de dois anos, está já há uma semana na UTI de um hospital, com problemas sérios, causados por Acidose, e que ainda não foi vencida pelas medicações e tratamento. Seu caso vem inspirando muitos cuidados.

E essa mãe especial – sim, porque mãe e pai de crianças especiais são também especiais – está lutando com todas as suas forças para superar essa situação, lado a lado com seu filhinho, sofrendo, angustiando-se, chorando e alegrando-se em função do andamento da doença e dos resultados alcançados.



Na postagem ela conta que... aliás, vou colocar aqui nas próprias palavras emocionadas dela:

Os batimentos cardíacos dele (Gabrielzinho) foram para 220!!! Eu quase tive um treco! Mas, como sempre, criamos força sabe lá Deus de onde. A médica disse que ele precisava se acalmar, e em plena UTI lá fui eu pedir socorro à ‘Galinha Pintadinha’, e não é que a música ‘Mariana’ fez algo inacreditável! Em apenas alguns segundos, os 220 batimentos cardíacos caíram para 150!!! Nem as enfermeiras acreditaram!

Eu tenho uma filha adulta, chamada Mariana, que está longe, hoje é cidadã de outro país, e lembrei-me que, quando ela era criança, em muitas noites cantei essa música pra fazê-la dormir. A letra dizia: “Mariana conta um, um conta Mariana, é um é Ana, viva Mariana, viva Mariana”. E ia cantando e contando até dez. Depois voltava e repetia, e repetia... Normalmente, quem dormia era eu.

Não preciso dizer que aquela postagem da Roberta me “derrubou”, não só pela lembrança da minha amada filha Mariana, mas por ver o que o amor e a fé de uma mãe desesperada podem conseguir. Peço respeitosa licença aos amigos que não creem nas coisas espirituais, e que certamente atribuirão esse fato a outras razões lógicas e explicáveis pela medicina, mas eu e a Roberta, que somos crédulos, sem nenhuma arrogância e até com humildade, nos permitimos entender que ali aconteceu um fato sobrenatural.

Seja por razões científicas, seja por fato sobrenatural, o que eu quero ressaltar neste pequeno texto, é o amor e a entrega de uma mãe, que é a coisa mais palidamente parecida com o amor de Deus. O amor, esse sentimento universal, poderoso e transformador, é o melhor que podemos ter, manifestar e compartilhar, não apenas em relação à nossa família, mas também com amigos, conhecidos, desconhecidos, incluindo-se aí os infelizes, que sofrem e têm carências de todo tipo.

O amor cura, a fé também cura, e ambos trazem esperança. Não foi por outra razão que no mais belo texto bíblico sobre o amor, nascido da pena de Paulo de Tarso, seja dito que um dia “permanecerão a fé, a esperança e o amor, estes três; porém, o maior destes é o amor”.



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Referência:

http://www.multisites.com.br/dl/mariana_conta_um.pdf - texto de Mario Jorge Lima, escrito em abril de 2012 - acessado em 17/09/2017.

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