MARIANA
CONTA UM
Mário Jorge Lima
Estava eu no meu escritório pensando no que poderia
conversar com vocês desta vez, quando resolvi entrar no Facebook enquanto a
“inspiração” não vinha.
Deparei-me, então, com uma postagem feita pela filha de
um de meus melhores amigos, João Leopoldo Bracco de Lima, recentemente
falecido. Fiz questão de citar seu nome completo, como homenagem, pois o João
foi um ser humano extraordinário. Sua filha Roberta é mãe de uma criança que
chamamos “especial”; tem Síndrome de Down.
Essa criança, o Gabrielzinho, com menos de dois anos,
está já há uma semana na UTI de um hospital, com problemas sérios, causados por
Acidose, e que ainda não foi vencida pelas medicações e tratamento. Seu caso
vem inspirando muitos cuidados.
E essa mãe especial – sim, porque mãe e pai de crianças
especiais são também especiais – está lutando com todas as suas forças para
superar essa situação, lado a lado com seu filhinho, sofrendo, angustiando-se,
chorando e alegrando-se em função do andamento da doença e dos resultados
alcançados.
Na postagem ela conta que... aliás, vou colocar aqui
nas próprias palavras emocionadas dela:
“Os batimentos
cardíacos dele (Gabrielzinho) foram para 220!!! Eu quase tive um treco! Mas,
como sempre, criamos força sabe lá Deus de onde. A médica disse que ele
precisava se acalmar, e em plena UTI lá fui eu pedir socorro à ‘Galinha
Pintadinha’, e não é que a música ‘Mariana’ fez algo inacreditável! Em apenas
alguns segundos, os 220 batimentos cardíacos caíram para 150!!! Nem as
enfermeiras acreditaram!”
Eu tenho uma filha adulta, chamada Mariana, que está
longe, hoje é cidadã de outro país, e lembrei-me que, quando ela era criança,
em muitas noites cantei essa música pra fazê-la dormir. A letra dizia: “Mariana
conta um, um conta Mariana, é um é Ana, viva Mariana, viva Mariana”. E ia
cantando e contando até dez. Depois voltava e repetia, e repetia...
Normalmente, quem dormia era eu.
Não preciso dizer que aquela postagem da Roberta me “derrubou”,
não só pela lembrança da minha amada filha Mariana, mas por ver o que o amor e
a fé de uma mãe desesperada podem conseguir. Peço respeitosa licença aos amigos
que não creem nas coisas espirituais, e que certamente atribuirão esse fato a
outras razões lógicas e explicáveis pela medicina, mas eu e a Roberta, que
somos crédulos, sem nenhuma arrogância e até com humildade, nos permitimos
entender que ali aconteceu um fato sobrenatural.
Seja por razões científicas, seja por fato
sobrenatural, o que eu quero ressaltar neste pequeno texto, é o amor e a
entrega de uma mãe, que é a coisa mais palidamente parecida com o amor de Deus.
O amor, esse sentimento universal, poderoso e transformador, é o melhor que
podemos ter, manifestar e compartilhar, não apenas em relação à nossa família,
mas também com amigos, conhecidos, desconhecidos, incluindo-se aí os infelizes,
que sofrem e têm carências de todo tipo.
O amor cura, a fé também cura, e ambos trazem
esperança. Não foi por outra razão que no mais belo texto bíblico sobre o amor,
nascido da pena de Paulo de Tarso, seja dito que um dia “permanecerão a fé, a
esperança e o amor, estes três; porém, o maior destes é o amor”.
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Referência:
http://www.multisites.com.br/dl/mariana_conta_um.pdf
- texto de Mario Jorge Lima, escrito em abril de 2012 - acessado em 17/09/2017.
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