TRONO
Jackson Valoni - Angra dos Reis/RJ
Os pingos de chuva
fazem escândalo quando despencam sobre as telhas galvanizadas das garagens dos
vizinhos. Faltou luz agora há pouco. O córrego próximo da minha casa ameaça transbordar.
O vizinho da frente colocou uma espécie de comporta, se preparando, caso o
riacho transborde e invada sua casa.
Sons de móveis pesados
sendo arrastados surgem entre as nuvens negras, sons de tambores de guerra
sendo tocados de forma violenta, terríveis rugidos de leão acompanham o impacto
da chuva que atormenta minha noite. Pela fresta da janela vejo um clarão
intenso, que vai e volta. Relâmpagos colorem de branco a negra noite de
tempestade.
O desenho dos raios
chicoteia o ar. A força elétrica de sua natureza enfeita o céu de fúria e esfola
o horizonte infinito com seu grito metálico.
Felizmente estou em
casa, de folga; logo irei tomar banho e me deitar. O estrondo do céu me trouxe
pensamentos sobre o Alto que eu não poderia ignorar.
“Acaso a
chuva tem pai?” Jó 38:28
Há três pessoas na
Bíblia que compararam a voz de Deus com o som de “muitas águas”. São eles João (Apocalipse 1:15), Ezequiel
(Ezequiel 1:24) e
Davi (Salmo 29:3).
Entre os três, o
que mais gosto é Ezequiel. Ele escreve que o som estrondoso das asas dos
querubins que ele estava vendo era semelhante aos “rugidos de muitas águas,
como a voz do Onipotente”. Pode parecer que ele não tenha sido tão respeitoso
com Deus ao comparar Sua voz com o som de suas criaturas celestes.
Mas, de repente, em
seu relato, ele ouve um “estrondo tumultuoso, como o tropel de um exército”. E
nesse momento, amigo leitor, Ezequiel descreve umas das mais indescritíveis
imagens para um ser humano. Ele revela o próprio Jesus em Seu trono no Céu,
acima dos querubins, sobre quem ele havia feito, anteriormente, o relatório
santo.
Jesus, cuja voz é
incomparável, que faz querubins (Ezequiel 1:25) e
serafins (Isaías 6:2, 3)
se calarem diante de Sua presença, é apresentado da forma mais sóbria que
Ezequiel poderia fazer. O profeta contemplou a glória da divindade, envolta
numa luz semelhante a um “metal brilhante”, “como fogo”, de claridade intensa.
Ele ainda descreve Jesus envolvido numa coloração de um profundo azul, “como
uma safira”, sentado em “algo semelhante a um trono”. (Ezequiel 1:26-28)
Imagino quanta
agonia Ezequiel deve ter sentido para poder registrar da melhor maneira
possível “a aparência da glória do Senhor”! (Ezequiel 1:28)
Sua dificuldade
para precisar sua visão se justifica pelo brilho constante que seus olhos não
lhe permitiam decifrar. Mas, ainda assim, eu consigo perceber que o meu Deus é
grande, e eu reflito de maneira mais profunda na pergunta que Ele fez a Jó: “Acaso a chuva tem pai?”.
Sabendo que Ele é o Criador de tudo, do som do trovão, da
luz do relâmpago, da força da chuva e do design do arco-íris, eu compreendo que
Deus percebe cada detalhe de Sua criação; e, por isso mesmo, Ele percebe você.
“O único que possui
imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem homem algum jamais viu, nem
é capaz de ver. A Ele honra e poder eterno. Amém!”
I Timóteo 6:16
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O que você acha?