sábado, 4 de fevereiro de 2017

TRONO

TRONO
Jackson Valoni - Angra dos Reis/RJ

Os pingos de chuva fazem escândalo quando despencam sobre as telhas galvanizadas das garagens dos vizinhos. Faltou luz agora há pouco. O córrego próximo da minha casa ameaça transbordar. O vizinho da frente colocou uma espécie de comporta, se preparando, caso o riacho transborde e invada sua casa.

Sons de móveis pesados sendo arrastados surgem entre as nuvens negras, sons de tambores de guerra sendo tocados de forma violenta, terríveis rugidos de leão acompanham o impacto da chuva que atormenta minha noite. Pela fresta da janela vejo um clarão intenso, que vai e volta. Relâmpagos colorem de branco a negra noite de tempestade.

O desenho dos raios chicoteia o ar. A força elétrica de sua natureza enfeita o céu de fúria e esfola o horizonte infinito com seu grito metálico.


Felizmente estou em casa, de folga; logo irei tomar banho e me deitar. O estrondo do céu me trouxe pensamentos sobre o Alto que eu não poderia ignorar.

“Acaso a chuva tem pai?” Jó 38:28

Há três pessoas na Bíblia que compararam a voz de Deus com o som de “muitas águas”. São eles João (Apocalipse 1:15), Ezequiel (Ezequiel 1:24) e Davi (Salmo 29:3).

Entre os três, o que mais gosto é Ezequiel. Ele escreve que o som estrondoso das asas dos querubins que ele estava vendo era semelhante aos “rugidos de muitas águas, como a voz do Onipotente”. Pode parecer que ele não tenha sido tão respeitoso com Deus ao comparar Sua voz com o som de suas criaturas celestes.

Mas, de repente, em seu relato, ele ouve um “estrondo tumultuoso, como o tropel de um exército”. E nesse momento, amigo leitor, Ezequiel descreve umas das mais indescritíveis imagens para um ser humano. Ele revela o próprio Jesus em Seu trono no Céu, acima dos querubins, sobre quem ele havia feito, anteriormente, o relatório santo.

Jesus, cuja voz é incomparável, que faz querubins (Ezequiel 1:25) e serafins (Isaías 6:2, 3) se calarem diante de Sua presença, é apresentado da forma mais sóbria que Ezequiel poderia fazer. O profeta contemplou a glória da divindade, envolta numa luz semelhante a um “metal brilhante”, “como fogo”, de claridade intensa. Ele ainda descreve Jesus envolvido numa coloração de um profundo azul, “como uma safira”, sentado em “algo semelhante a um trono”. (Ezequiel 1:26-28)


Imagino quanta agonia Ezequiel deve ter sentido para poder registrar da melhor maneira possível “a aparência da glória do Senhor”! (Ezequiel 1:28)

Sua dificuldade para precisar sua visão se justifica pelo brilho constante que seus olhos não lhe permitiam decifrar. Mas, ainda assim, eu consigo perceber que o meu Deus é grande, e eu reflito de maneira mais profunda na pergunta que Ele fez a Jó: “Acaso a chuva tem pai?”.

Sabendo que Ele é o Criador de tudo, do som do trovão, da luz do relâmpago, da força da chuva e do design do arco-íris, eu compreendo que Deus percebe cada detalhe de Sua criação; e, por isso mesmo, Ele percebe você.

“O único que possui imortalidade, que habita em luz inacessível, a quem homem algum jamais viu, nem é capaz de ver. A Ele honra e poder eterno. Amém!”
I Timóteo 6:16


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