ESTAVA ALI
Por Airton Sousa
Daqui da janela do prédio onde trabalho eu
tenho o privilégio de contemplar uma das paisagens mais lindas do mundo. A Praia
de Botafogo com suas dezenas de barcos e barquinhos ancorados e ao fundo o Pão
de Açúcar é um charme irresistível de dia e à noite, e ainda nos presenteia com
um pôr do sol de tirar o fôlego. Já faz umas três semanas, eu olho na mesma
direção todos os dias e contemplo esse mesmo quadro, deslumbrado. Até postei,
outro dia, no Facebook, que eu trabalho e moro no lugar onde a maioria dos meus
amigos passa as férias.
Cada dia descubro algo nesta cidade maravilhosa.
Mas hoje foi demais! Na hora do almoço tive um encontro espetacular com um dos
maiores cartões postais do mundo - e uma das sete
maravilhas do mundo moderno*. Na hora do almoço, totalmente perdido por estas ruas de
Botafogo, que nunca sei se são do Botafogo mesmo ou do Flamengo, entrando aqui e
saindo no mesmo lugar, de repente... eu vejo à minha frente a estátua do Cristo
Redentor.
Assim mesmo: do nada. Eu vi o Cristo com seus trinta
metros de altura. Mil cento e quarenta e cinco toneladas de concreto armado.
Posicionado num morro de setecentos e dez metros acima do nível do
mar, ali estava a estátua brasileira mais famosa no mundo.
Eu olho, admiro e me emociono com toda essa
arquitetura, tão próxima de mim. Totalmente surpreso, olho para as pessoas,
pensando que estão tendo o mesmo impacto que eu.
- Gente, é o Corcovado! Aqui na nossa frente!
- mas eles não se surpreendem, dando a impressão de que o Cristo sempre esteve ali.
E, de repente, me vejo dentro de uma crônica de Nelson Rodrigues, tentando me
explicar o óbvio ululante. A visão do Cristo de braços abertos é uma coisa tão
clara e tão patente que chega a ulular.
Lembrei-me de um momento muito triste na minha
vida, quando eu estava sozinho numa mesa, em uma noite fria, algumas garrafas
amargas de cerveja quente, com um cinzeiro entupido de pontas de cigarros,
chorando copiosamente e perguntando por que Deus havia me abandonado.
Naquele momento eu pude ouvir e sentir,
claramente, a presença de Deus e Sua voz dizendo: “...Não te deixarei nem te
desampararei.” (Hebreus 13:5).
Tão óbvio como o cartão símbolo do Rio aparece
para o carioca mesmo em dias nublados e chuvosos, assim, desse mesmo modo, Deus
se nos apresenta com seu amor inesgotável, suas misericórdias renovadas, manhã
após manhã, e nos convida: “Vinde a mim
todos que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomais sobre
vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde do coração; e
achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é
leve.” (Mateus 11:28-30).
Volto extasiado para o trabalho e comento com meus novos
colegas:
- Eu vi o Cristo Redentor lá fora.
- É, sim, mas ele sempre esteve lá, no mesmo
lugar... Espere! Você é novo aqui no Rio... Logo, logo se acostuma.
Levanto os olhos, olho pela janela e lá está ele novamente. O
Cristo Redentor ao meu alcance, na minha janela lateral.
“Na fraqueza achei tua força
No vazio achei teu
abraço
Eu pensei estar só,
mas percebi
Havia alguém ali,
você estava ali
Já nasceu outro dia, posso
levantar e viver”
(Sergio Saas e Raiz Coral)
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Referência:
* As novas sete maravilhas do mundo – Disponível em http://super.abril.com.br/voce-sabe-quais-sao-as-novas-sete-maravilhas-do-mundo-confira-aqui
- acessado em 25.04.2016
Poxa, Amigão... Você me fez lembrar de "Ainda Sou O Mesmo" do seu amigão Evaldo Vicente...
ResponderExcluirE já estou aqui ouvindo...
https://www.youtube.com/watch?v=AfLTjVD7T_w
ResponderExcluirA inspiração veio daí mesmo.
ResponderExcluirTocante. Creio intensamente que a minha vida e a de cada um seria com muito mais plenitude se tivéssemos o contínuo senso da constante presença de Deus em nossas vidas. Afinal, Ele é onipresente, Ele está ali. Não está longe quando o filho pródigo está comendo lavagem, nem distante quando Sansão está com uma prostituta em Gaza. Ele está ali. Seu agir está à distância de um clamor.
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