UMA CRIANÇA ESPECIAL
Por
João Octávio Barbosa
Não
poderia começar falando de outra coisa, neste maravilhoso feriado, que não fosse
o Dia das Crianças. Foi-se o tempo em que esse dia era aquele que meu tio Jairo
me mandava R$50,00 para eu torrar em chocolate nas Lojas Americanas. Nesta
minha fase atual, intermediária entre ser criança e ter crianças, o dia poderia
passar em branco. Mas eu não quis assim, e falarei sobre uma criança especial desde
antes de sua própria concepção.
Estou
falando de João Batista, profeta ascético (bota no Google aí, não dá tempo de
explicar) que deu as caras na sociedade israelita logo antes de Jesus,
literalmente “preparando o caminho” para a grande ruptura nos discursos espirituais
da época. Todavia, o Perfil Sem Curtidas de hoje não repousa sobre João, mas,
sim, sobre seu pai, Zacarias. Não, não é o Zacarias do “Ô, Didi!”. É outro.
Leia
Lucas 1:5-21. (Hoje eu não pedi, hoje eu imponho. Obedeça
ou será castigado!) Enfim, Zacarias tinha o privilégio de ser considerado
pelo evangelista Lucas um homem irrepreensível diante de Deus. Não só ele; sua
esposa, Isabel, idem. Ambos estavam
na 3ª idade, porém não tinham descendentes, uma vez que Isabel era estéril.
Zacarias orava por um filho, mesmo assim.
Certo
dia, ao exercer sua função de sacerdote, surgiu um lindo negro - negro anjo,
anjo negro, lindo anjo (“... negra
Ângela...” - momento nada a ver, desculpe... pintou um clima meio Beija-Flor no
meio do meu texto. Voltando agora, em 3, 2, 1...) que afirmou enfaticamente:
“Você e sua mulher terão um filho! Ele será cheio do Espírito Santo, deve ser
muito bem cuidado, e chamado João!”.
Chocante
demais pro velhinho! Não sei se Zacarias estava em dia com o cardiologista, mas
até que ele sobreviveu. Porém, o medo da visão, e a dúvida sobre a realidade
das palavras ouvidas foram responsáveis por um puxão de orelha divino: Zacarias
ficou mudo, temporariamente. Todo o povo percebeu que estava acontecendo algo
extraordinário. E Isabel realmente engravidou.
Passando
para Lucas 1:57-80,
nasce o bebê. Zacarias ainda estava mudo. Há quase um ano sem poder falar,
Zacarias teve muito no que pensar. Como criar um filho tão especial num mundo
de pecado? Como preservá-lo o mais santo possível para as importantes funções que
deveria exercer? Se já é difícil ser pai e mãe, imagina quando isso é mais que
uma fase da sua vida: é uma missão dada por Deus para você.
O
bebê é a sensação do bairro. Todos os vizinhos estão lá ao redor no dia de
botar o nome na criança. Quantas coisas passaram pela cabeça de Zacarias
durante aquela gravidez! Ele poderia ter ficado ressentido pela punição da
mudez e decidido descumprir as ordens dadas para a criação daquela criança. Mas
ele preferiu o caminho contrário. Aprendeu com a repreensão, e exerceu a fé.
Não mais duvidava, tinha certeza de que Deus estava com ele e faria tudo de acordo
com o plano do Deus Todo-Poderoso.
Ao
longo do tempo, Zacarias conseguiu de alguma forma comunicar a Isabel o que
acontecera com ele dentro do Templo. Ela era uma mulher de Deus, e se orgulhou
(orgulho não é, em si, algo ruim; inveja é) de fazer parte dessa história, que
agora também incluía sua prima Maria, já grávida de Jesus. A marca
inquestionável da obediência e gratidão do casal fica gravada na vontade da mãe
e na tábua do pai: o nome João, o nome que o anjo mandara dar à criança.
O
perdão é imediato. Zacarias entendeu, e pôde falar novamente. E sua boca se abre
para louvar intensamente a Deus pelo privilégio de não só ser pai, mas pai do
maior de todos, até Jesus (palavras do próprio Jesus).
Zacarias
e Isabel cuidaram de João com cuidado. Eram idosos, e logo seu filho seria
órfão. Preservaram o jovem dos perigos do mundo, o levaram para o deserto.
Acostumaram-no com pouco, na Terra, e abriram seus olhos para o Céu. Funcionou
como na profecia, e ele foi a voz que clama e prepara estradas para a passagem
de Jesus.
Zacarias,
velhinho gente fina que logo no dia em que se esqueceu de levar o Diazepan para
o trabalho teve um grande susto, recebeu grandes bênçãos e foi um homem
de valor para Deus. Feliz Dia das Crianças para todos nós.
Não
peço que concordem, espero que reflitam!
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