OUVIRAM DIZER LÁ EM EDE
Por
João Octávio Barbosa
Coincidências
são as coisas mais curiosas. Pois bem, pesquisei sobre hoje, e descobri que
estamos no aniversário de dois eventos totalmente paralelos, que tratam do
mesmo assunto, e nos ligam à história sobre a qual falaremos a seguir.
Em
1945, a
Iugoslávia foi o primeiro país a integrar a ONU. Todavia, décadas depois, essa República
se desmembrou em pequenas nações (Sérvia, Bósnia, Albânia, Croácia, Kosovo, e
outras) que sofreram na pele essa separação, banhada, por vezes, com sangue.
Exatamente 34 anos depois (hoje, exatos 37 anos atrás), Brasil, Argentina e Paraguai
assinaram o acordo para a represa elétrica de Foz de Iguaçu, uma obra que usa
um único rio para dar energia a três países.
Relações
internacionais e acordo entre povos. Hoje, o nosso Perfil Sem Curtidas não é
uma pessoa. É uma história. Uma situação confusa entre grupos de uma mesma nação
que se separaram (como a Iugoslávia), ou, também podemos chamar assim, uma
completa falta de acordo entre países vizinhos (o inverso de Foz do Iguaçu). Deleite-se
com a desconhecidíssima história de Josué 22.
Vamos
a alguns contextos, aqui. Imagine uma terra farta, cortada por um rio. Israel
deveria ocupar esse território, atravessando esse rio. Uma parte do povo de
Israel (as duas tribos e meia, da história) gostou do pedaço de terra que
ficava antes de atravessar o rio. Ao fim da ocupação, eles decidiram voltar
para esse pedaço, e se estabelecerem lá.
Ok,
só que isso gerava uma distância. Mais que geográfica, era uma coisa ligada à
identidade nacional. Aquele lugar, a leste do rio Jordão, era ainda um pedaço
de Israel? Ou lá se estabeleceria uma nova nação, um povo independente, uma
fronteira internacional? Indefinição na mente do povo que fica, observando o
povo que vai.
Na
despedida, o líder Josué agradece e enaltece o fato desse povo ter lutado pelos
seus irmãos numa terra que nem ficou para eles. E recomenda: acima de tudo,
mesmo distantes, não esqueçam que temos um só Deus.
Eis
que surge o altar da discórdia. Já na fronteira final da sua nova terra, à
margem do rio, o povo das duas tribos e meia levanta um altar de pedra “de
grande aparência”. Do povo que ficou, ninguém estava lá. Ninguém viu acontecer,
nem o porquê de ter acontecido.
E
vem o ponto-chave de hoje. O começo do verso 11. Ênfase minha:
“Ouviram dizer os filhos de Israel: Eis que [aqueles das duas tribos e meia]
edificaram um altar (...)”. Josué 22:11
ÊEEEEEEEEEEEEEEEEEEPAAAAAA!
(Leia com a voz da Vera Verão; fica mais
divertido!!) Peraí, amiguinho! Ouviram dizer ONDE? Ouviram dizer DE QUEM?
Como assim? Que fofoca é essa que surgiu sem fonte? Que julgamento foi esse,
que veio sem investigar? “Julgamento”, eu digo, porque após o povo de Israel
descobrir desse altar dos vizinhos, já pressupôs que esse altar era para
adoração a ídolos, e uma apostasia a Deus. E foram tirar satisfação com os
vizinhos com armas em punho para a guerra! Isso é claro em Josué 22:33.
Com
o dedo em riste e o bigode penteado, chegaram perguntando: “Por que abandonaram
a Deus? Que blasfêmia é essa? Ficam 5 minutos depois do rio e já esquecem que
são povo de Israel? Si num guenta pq
veio?”. Ou seja, maior sermão do tipo moralizante.
Mas,
ora, ora, quem diria... Depois de já terem condenado aquele povo foi que eles
decidiram ouvi-lo. E a justificativa para o altar não poderia ser mais coerente!
Ele estava ali justamente para ser o memorial de um sentimento inverso àquele
que ficou de rótulo. O altar era uma lembrança física para futuras gerações, as
quais teriam nele a certeza: antes e depois do rio, há um só povo, que segue a
um só Deus, o Verdadeiro, Criador, e Salvador de Israel e de todos os vizinhos
internacionais.
Isso
que eu chamo de um tapa na cara da sociedade. Aí eu volto lá atrás: “ouviram
dizer”! Ouviram, mas não escutaram. Pensaram o pior, e estavam errados.
Basearam-se numa fofoca que nem tinham entendido, e quase fizeram guerra. Do
nada, por nada. Meu Deus, gente... que perigo!
Isso
é coisa de tempos bíblicos? Quantas vezes você já viu alguém começar uma
conversa com “ouvi falar...”? Quantas certezas você tem na vida baseadas no que
você “ouviu falar”? Quanto de desinformação você já propagou provinda do que
você “ouviu falar”?
Quantas
vezes você já julgou alguém do outro lado do rio? Quantas vezes você achou que
estava defendendo Deus para um pecador sem saber se o pecado existe, sem saber
de toda a verdade por trás da sua certeza? A certeza do que você ouviu falar.
Sem saber se o errado não era você...
Faltou
amor? Então falta compreensão, calma, paciência, sensatez. Não deixe faltar o
amor. Ouvi falar que lá em Ede (Josué 22:34) isso deu
maior problema...
Não
peço que concordem, espero que reflitam!
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