DE ONDE MENOS SE ESPERA
Cecília E. Nascimento
O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que,
sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.
(Mateus 25:40 - Versão Almeida Revista Atualizada)
Jason McElwain, apelidado de “J-Mac”, foi diagnosticado
com autismo aos dois anos de idade. No início, tinha bastante dificuldade de
interagir com outras crianças, mas, com o tempo, começou a desenvolver
habilidades sociais. Desde menino, gostava de basquete. Quando estava no ensino
médio, Jim Johnson, o técnico do time de sua escola, deixava que ele ficasse no
banco de reservas acompanhando as partidas.
Na última partida da temporada de 2006, quando Jason
estava com 18 anos, o técnico lhe entregou um uniforme e disse que o deixaria
entrar se, no final do jogo, o time estivesse ganhando com folga. Faltavam
quatro minutos para o fim da partida e a equipe liderava por mais de dois
dígitos. Era a vez de J-Mac.
Os colegas, simpáticos e solidários a ele, passaram-lhe
a bola. Errou a cesta. Deram-lhe uma nova chance. Errou de novo. Até aí, nada
demais. Era o esperado. Mas ninguém estava preparado para o que viria a seguir:
Jason acertou seis arremessos de três pontos e um de dois pontos seguidamente.
Foram vinte pontos em menos de quatro minutos. A torcida foi à loucura,
aplaudindo-o mais e mais. Seu feito foi eternizado ao receber o prêmio ESPY, do
canal ESPN, de melhor momento do esporte em 2006. Superou inclusive os 81
pontos que Kobe Bryant marcou em uma só partida naquele ano. Jason recebeu os
cumprimentos do presidente dos Estados Unidos. Atualmente, ele faz palestras
motivacionais e ajuda a angariar fundos para pesquisas sobre o autismo.
Temos a tendência de julgar as pessoas. Classificá-las
por aquilo que parecem ser capazes de fazer ou não. Colocamos no banco de
espera de nossa vida os diferentes e os que parecem mais debilitados. Buscamos
amizades com os populares, bonitos e inteligentes. Ao agirmos assim, perdermos
a oportunidade de ver talentos incríveis desabrochando.
Além disso, Jesus foi bem claro: quando estendemos a mão
amiga e de misericórdia para os pequeninos aos olhos deste mundo, estamos
fazendo o bem ao Senhor. É assim que ele considerará no grande dia do juízo.
Abra a mente. Deixe de lado os preconceitos. Olhe ao
redor, procure alguém que esteja de escanteio e chame essa pessoa para entrar
em campo. Você vai se surpreender.
(De Olho no Prêmio - Cecília E.
Nascimento – CPB, 2016)
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