SOBRE NÓS
Por Maria Paula Guimarães
Eu queria que vocês
soubessem de todas as desgraceiras que acontecem comigo. Na real, não queria
não. Por isso que não lhes conto. Mas se vocês soubessem, veriam que não existe
nenhuma grama mais verde do que a outra. Somos todos essas gramas secas em
busca de água fresca.
Somos todos feitos de indecisões e frustrações. Viver dói à beça. Não dói só pra você que teve um 2016 punk rock federal, não. Dói pra mim também, que sofri aos montes e não lhe contei. Dói porque eu também não sei o que quero da vida. E eu também não sei quem sou.
Ninguém contou pra gente que a indecisão faria parte, né? Ninguém chegou ao pé
do nosso ouvido e sussurrou que o início da vida adulta seria cheio de crise
existencial. Eles nos falaram sobre sonhos, mas não sobre frustrações. Disseram
para sermos alguém, mas não explicaram que, às vezes, precisamos saber ser
ninguém. Eles disseram que seríamos grandes, mas não deixaram claro que tudo
depende dos olhos de quem vê. E, às vezes, a gente se vê pequeno demais pra
enxergar o que vem pela frente e pequeno demais pra entender que o que vem pela
frente tanto faz. Os intervalos é que são os momentos mais importantes da vida.
São, dela, uma metonímia. Viver é um grande "enquanto". A vida é,
enquanto isso. E, enquanto isso, a gente conhece gente legal que divide,
generosamente, um pouco de si conosco. E isso basta pra ser feliz.
Quanto aos nossos planos, eles vão dando certo aos poucos. Não esquente.
Até hoje sempre deu tudo certo. É que Ele cuida.
E se Ele vai cuidar, então, enquanto isso, se ocupe em amar.
Mas se estiver pesado demais, você tem a mim, pra chorar as suas pitangas
comigo.
E eu tenho você, pra chorar as minhas.
Que sejamos sempre nós e que nossos nós não desatem.
Bjs no córe.
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Hoje é dia de Maria.
Maria Paula Guimarães
é uma garota do Rio, que mora em Niterói; é Fonoaudióloga formada pela UFRJ,
irmã do Pedro e do João, tradutora e intérprete da LIBRAS (Língua Brasileira
de Sinais), e aceitou, com o maior sorriso nos lábios que você pode imaginar, o
convite que a gente fez para que viesse aqui falar das desgraceiras da sua
vida... ou não. Ela escolheu o "não", é claro, e preferiu falar do
que é preciso (e suficiente) pra gente achar a felicidade.
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