DO QUE MAIS PRECISO ME LEMBRAR?
Por Airton Sousa
Todos os dias eu tenho a honra de caminhar durante
quarenta minutos na ciclovia que construíram aqui no bairro. Nessa pista,
enquanto faço minha caminhada vou refletindo, cantando e pensando. No meio do
caminho eu subo as escadas que levam até a estação do trem, e foi lá de cima
que percebi as primeiras cores do Natal.
O ano continua tendo 365 dias e cada dia continua
tendo 24 horas, uma hora vale 60 minutos e cada minuto ainda tem 60 segundos,
mas eu tenho a sensação de que, desta vez, o tempo exagerou e cuidou de passar
muito rápido. Já tem panetone nas padarias e supermercados e hoje, data em que
escrevo este texto, ainda é dia 14 de novembro!
Todas as manhãs, depois da caminhada, eu entro num
trem que conduz centenas de passageiros até a Central do Brasil. Geralmente vou
em pé, encostado na minha porta preferida, olhando a paisagem pelo vidro,
enquanto leio um livro ou ouço algo no meu fone adquirido nesse mesmo trem, onde
também se vendem pares de meias, doces e salgados, entre outras coisas.
Todos os dias, antes de sair de casa, tenho a
oportunidade de estudar a Bíblia e orar. Se eu não faço o que a Bíblia me
ensina, ou se não concordo ou não entendo, Deus não me chama de imbecil nem de
burro. Na verdade, ele me chama de “filho” e na outra página me explica o que
não entendi na página anterior.
Todos os dias, enquanto acontece tudo isso, eu me lembro
da história de John. Você talvez não conheça o John. Permita-me contar pra você
a sua história.
Ele havido servido no mar, como marinheiro da
Marinha Real da Inglaterra. Aos vinte e poucos anos partiu para a África, onde
se sentiu fascinado com o lucrativo comércio de escravos, e passou a ganhar a
vida a bordo do Greyhound, um transatlântico navio negreiro.
John não era cristão. Ele ridicularizava o Evangelho
e a Bíblia, andava em más companhias, zombava dos religiosos e duvidava da
existência de Deus.
Mas teve uma noite em que houve uma grande tempestade.
John acordou e sua cabine estava cheia de água; uma parte do seu navio estava
danificada. Ele trabalhou a noite inteira bombeando água. Ele e os outros
marinheiros lutaram para evitar que o navio afundasse, mas ele sabia que estava
perdendo a batalha. Finalmente, depois que suas esperanças foram minguando,
açoitadas pela tempestade, ele se atirou de joelhos no convés alagado e
suplicou: “Senhor, tem piedade de todos
nós!”.
Ali, naquele momento, ele recebeu a piedade que não
merecia. O Greyhound e sua tripulação sobreviveram.
John nunca se esqueceu da misericórdia de Deus. Ele voltou
para a Inglaterra onde se tornou um grande compositor de hinos. Estou falando
de John Newton e você já cantou alguns dos hinos que ele escreveu. “Amazing
Grace” é o seu mais famoso.
Durante quase 50 anos ele subiu aos púlpitos e
encheu igrejas, contando a história do Salvador que vem ao nosso encontro em
meio à tempestade.
Um ou dois anos antes de sua morte ele não
enxergava mais, e estava perdendo a memória, mas não quis parar. Não podia
parar.
Ele confessou que suas forças estavam acabando:
- A memória eu praticamente perdi, mas me lembro de duas
coisas: eu sou um grande pecador e Jesus é um grande salvador.
Todos os dias passam, passam rápido demais. Algumas
coisas ficam pra depois, outras ficam esquecidas, mas o importante mesmo é que
eu tenho um grande salvador.
Do que mais preciso me lembrar?
”Porque a graça salvadora de Deus se há
manifestado a todos os homens.” (Tito 2:11)
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