(Por Airton Sousa)
Cresci numa família muito pobre; cinco irmãos,
na época; os três mais novos vieram depois. Nossa rotina era bem simples:
durante a semana, escola; aos sábados, igreja; domingo, praia. A praia mais
próxima de casa era a Praia de Sepetiba, a uns 20 ou 30 minutos de ônibus. Era o dia mais feliz. E o castigo
para as coisas erradas que fazíamos durante a semana era ficar sem praia no
final dela. Minha mãe preparava frango com farofa, arroz e refresco. Quando o
dinheiro dava, havia refrigerantes e com muita sorte a gente ganhava picolé.
Que coisa feliz! Que alegria era o domingo!
A gente foi crescendo e descobrindo que as pessoas riam da gente e nos chamavam de “farofeiros”.
- Mãe, o que é farofeiro?
- Ah, filho... isso é besteira de gente que não é feliz.
A descoberta veio com a idade e foi uma grande decepção para todos nós. "Farofeiro! Farofeiro!". Com o tempo,
perdi a vontade de ir à praia com a família. "Que brega!" Preferia
ficar em casa vendo TV, ou lendo. "Farofeiro nunca mais." "Tô fora!"
Naquela época, anos 70 e anos 80, havia uma expectativa social, e a grande
questão girava entre o “ser” e o “ter”, sendo que era mais importante ter do
que ser. Depois veio a era do consumismo. E agora estamos na era das aparências.
Quando se fala em praia, hoje, a primeira coisa que vem à cabeça: "Tenho
que ir ao shopping comprar uma bermuda nova". "Não posso repetir o
que usei no verão passado". E tudo tem que combinar. Óculos de marca, boné
de marca. Se possível, uma prancha enorme em cima do carro, só pra fazer uma
“preza” na estrada. Não esquecer a dieta para o próximo verão e dá-lhe detox e
comprimidos “seca barriga”.
Você é o que aparenta e nem precisa ter. Farofa? Nem pensar, meu caro. O mundo valoriza as pessoas
que estão tentando impressionar. E as pessoas que estão tentando impressionar
também se impressionam.
No livro de Eclesiastes,
Salomão conta de sua busca pela felicidade nas riquezas e aparências e depois
de velho o autor chega à conclusão: “Quando
avaliei tudo que as minhas mãos haviam feito e o trabalho que eu tanto me
esforçara para realizar, percebi que tudo foi inútil, foi correr atrás do vento”
(Eclesiastes 2:11). “Tudo sem sentido!
Tudo sem sentido! Nada faz sentido!” (Eclesiastes 12:8).
O que faz
sentido é ser feliz, e Jesus Cristo citou a listinha dele sobre quem é
verdadeiramente feliz:
1. Feliz é o pobre de espírito e não a pessoa autossuficiente,
arrogante, soberba.
2. Feliz é o que chora e não aquele que é durão,
insensível.
3. Feliz é o pacificador, aquele que não apenas
evita contendas, mas busca apaziguar os ânimos exaltados.
4. Feliz é o puro de coração.
5. Feliz é o perseguido por causa da justiça e não
aquele que procura levar vantagem em tudo.
6. Feliz é o humilde, pois será exaltado.
E disse, ainda, que quem ganha a sua vida a perde;
mas o que a perde, esse é o que a ganha.
Meu desejo para hoje é que possamos aprender a ser
intensos e felizes, conforme a vida vai nos pedindo, ensinando e acrescentando.
“Fiquem
alegres e felizes, pois uma grande recompensa está guardada no céu para vocês…”
(Mateus 5:12)
Vamos
continuar este papo amanhã.
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