O IRMÃO MAIS VELHO
Por Airton Sousa
Quando terminei de escrever o
texto da semana passada, tive uma ideia excelente e inédita. Pensei: vou
escrever sobre o irmão mais velho do filho pródigo; será que alguém já escreveu
sobre ele? Numa rápida pesquisa, descobri que o Edu escreveu aqui no blog “a parábola do pai do filho pródigo”
e o Jobs escreveu sobre “os dois filhos”. Sou fã dos
textos do Dudu e do João, mas, sei lá por que, a leitura desses dois posts me
escapou. E eu ainda fui citado no primeiro texto!
Então eu vou de
carona neste parágrafo:
“... o pai prepara uma refeição para seu filho e come com ele. No Oriente
Médio, aceitar comer com alguém é aceitar a pessoa em seu convívio; justamente
por isso o irmão mais velho se recusava a entrar na comemoração. Ou seja,
aquele pai estava demonstrando ao filho que, apesar dos diversos insultos, ele
era aceito de volta na mesma condição que havia deixado para trás.”.
No meu texto da semana passada contei a história do filho pródigo, à
minha maneira, e comentei da emoção do retorno da Claudia, que disse aquela frase
que ficou na minha cabeça: “Ninguém foi tão longe que não possa voltar.”.
Mas tem sempre alguém do contra. Tem sempre alguém que vai achar que você,
realmente, foi longe demais. “Será que está voltando mesmo ou só veio dar um
mergulho e já já volta para o mundão novamente?”.
Está admirado? Pois essas foram as frases que o irmão mais velho disse
naquele finalzinho de tarde, quando chegou e não viu seu pai no portão, como
sempre fizera, esperando o “outro”, e também quando ouviu os sons de música e os
gritos de alegria... Aí, então, ficou mais “bolado” ainda:
- Que barulho é esse?
- Ah, seu irmão voltou e seu pai está dando uma festa.
- Como assim? Esse meu irmão só machucou e fez sofrer meu pai. Eu me
recuso a participar dessa festa; não vou entrar nesse clima de comemoração não.
E no dia seguinte ele se dirige ao irmão:
- É muito legal você voltar para casa, meu
pai está feliz, mas você não me engana. Você fez meu pai e minha mãe sofrerem;
eu não acredito no seu arrependimento. Vou lhe dizer uma coisa: cuidado com a
roupa nova que o papai lhe deu. Cuidado com o anel e as sandálias novas. Elas
custaram um valor muito alto, você não pode manchar nem sujar. Cuidado por onde
anda, com o que pensa, com o que fala. Ficarei de olho em você.
E repetiu no segundo dia, e no terceiro dia
mandou a real:
- Ei, a roupa está suja... Você está usando
o anel no dedo errado... Olha que nem bem voltou já vejo manchas nessa roupa...
e olha as sandálias!
Para aquele rapaz, a roupa, o anel, as
sandálias estavam sendo mais importantes que o verdadeiro presente.
Isso começa a perturbar o filho pródigo: “Quando
eu estava lá fora comendo lavagem ninguém me perturbava, ninguém me acusava,
ninguém olhava para minhas roupas...”. E ele começa a pensar: “E se eu voltar
pra lá?”.
As acusações continuam: E esse cabelo? E essa roupa?
Essa maquiagem? Você está guardando o sábado, os mandamentos? Você não tem
comparecido à igreja...
Esses são os irmãos mais velhos, que nunca
saíram de casa, bloqueando a graça. É como se cressem que Deus lhe dá a
possibilidade de estar num lugar celestial, mas você tem que pagar as parcelas
para chegar lá. É como se você tivesse que chegar do outro lado da ribeira do
rio; Deus dá o barquinho e a lancha e você tem que remar até chegar lá.
O negócio é tão sério que São Paulo mandou
uma cartinha aos irmãos mais velhos, já naquela época:
“Admiro-me de que vocês
estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo,
para seguirem outro evangelho que, na
realidade, não é o evangelho. O que ocorre é que algumas pessoas os estão
perturbando, querendo perverter o evangelho de Cristo.” (Gálatas 1:6-7).
Há somente um evangelho no cristianismo. E ele diz que
você é digno de ser amado por Deus. Não porque você voltou para casa e entregou
sua vida a Deus novamente. Não porque você esteja todos os dias fazendo a
manutenção desse presente que Deus deu de graça. Não porque guarda os
mandamentos e cumpre os regulamentos com fidelidade. Não porque você dá esmolas
e ofertas e distribui alimentos e roupas aos moradores de rua.
Você não é digno de ser amado por Deus porque você passa duas
horas em oração todos os dias e intercede pelos doentes. O evangelho verdadeiro
diz: Você é digno de ser amado por Deus por uma única razão – porque Deus ama
você. Ponto.
"Irmãos, venho lembrar-vos o evangelho que vos anunciei, o qual
recebestes e no qual ainda perseverais; por ele também sois salvos, se
retiverdes a palavra tal eu a preguei, a menos que tenhais crido em vão. Antes
de tudo, vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu pelos nossos
pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado e ressuscitou ao terceiro
dia, segundo as Escrituras." I Coríntios 15.1-4
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