GUARDANDO
RANCOR
Nilton Amorim – Oshawa/ON – Canadá
“Não procurem vingança, nem guardem
rancor contra alguém do seu povo, mas ame cada um o seu próximo como a si mesmo.” (Levítico
19:18)
É interessante notar que o mesmo texto que nos sugere amar o
nosso próximo, começa nos advertindo a não guardar rancor. O rancor é um
intenso ressentimento provocado por uma afronta ou ofensa sofrida no passado. Ele
é caracterizado, muitas vezes, por uma raiva oculta e profunda.
Atribuído a diversos autores, de Buda a Nelson Mandela,
é o pensamento que diz: “Guardar rancor é beber veneno na esperança de que a
outra pessoa morra.”. Rancor funciona como uma seringa que injeta mais uma dose
de veneno, cada vez que o insulto sofrido vem à tona.
Mitchell Zuckoff em seu livro “Lost in Shangri-La”
(Perdidos em Shangri-La), conta a história de um avião que, em 1945, se esmagou
contra uma montanha que contornava um vale da Papua Nova Guiné. A existência desse
vale era, até então, ignorada. Nele viviam grupos tribais que nunca tinham tido
contato com a civilização.
Das 24 pessoas a bordo, apenas três sobreviveram. Os
nativos fizeram amizade com elas e esforços de resgate foram enviados para localizá-las.
Quando foram, finalmente, localizadas, receberam provisões lançadas de um
avião. Uma das tradições dos indígenas locais consistia em dar um porquinho a
toda menina que atingia a puberdade. O porco era cuidado como um tesouro precioso.
A adolescente Yunggukwe Wandik tinha acabado de ganhar seu precioso porquinho. E
entre os muitos pacotes contendo provisões jogados do avião, um deles caiu bem em
cima do porco de Yunggukwe e o matou. Ela ficou furiosa, cheia de rancor.
Zuckoff escreveu: "Yunggukwe nunca
recebera um pedido de desculpas nem compensação; e ela nunca esqueceu nem
perdoou.".
Sessenta e cinco anos depois, quando Zuckoff estava
escrevendo seu livro, ele visitou o vale Shangri-La. Yunggukwe estava viva e ainda guardava um
profundo rancor pela perda do seu porco. Por mais de uma hora ela se recusou a
falar com o escritor. Depois de muita insistência, ela aceitou encontrá-lo.
"Ela não solicitou dinheiro"
– escreveu ele – "mas depois de
relatar aquilo de que se lembrava, aceitou alguns dólares como compensação atrasada
pela perda do seu primeiro porco.". Yunggukwe guardara seu rancor por
65 anos. Ninguém mais estava sofrendo por causa daquele incidente. Somente ela.
O rancor envenena a vida. Muitas vezes, a pessoa que
causou o rancor nada soube, ou, se sabia, já superou o passado. Só quem guarda
o rancor é que está sofrendo. Isso acontece entre antigos amigos, pessoas da
família, e mesmo entre membros de igreja.
Se você guarda algum rancor de alguém, é tempo de falar
com Jesus. Só Ele pode ajudá-lo a perdoar e esquecer. Pare de injetar veneno em
seu corpo. Recupere a alegria da salvação.
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