segunda-feira, 13 de março de 2017

SOBRE VESTIR-SE DE FELICIDADE E NADA MAIS


SOBRE VESTIR-SE DE FELICIDADE E NADA MAIS
Maria Paula Guimarães - Niterói, RJ


Oi, gênteim!
Txudjo bem com vocês? Eu tava aqui pensando na quantidade absurda de artigos, posts, blogs e afins sobre “modéstia cristã” (que, na verdade, falam só sobre vestimenta; não sobre todas as outras coisas que o termo engloba). Ter um blog de moda sobre modéstia cristã é, no mínimo, contraditório. Não acho que a modéstia more numa roupa ou em algumas palavras ou em coisas que digam que eu devo fazer para ser modesta. Se a modéstia é algo que eu “super quero”, pra poder mostrar pra Deus e o mundo que sou santa, isso já não me soa muito modesto.


Dia desses, era dezembro, eu estava no aniversário da minha sobrinha, em Buenos Aires. A festa foi linda, uma graça. E, ao final, os convidados adultos levavam uma lembrancinha feita com muito amor, para casa. Era uma vela com uma mensagem por fora. As crianças ganhavam um saco de doces. Mas é sobre as velas que quero falar. Elas estavam sobre uma mesa. Faziam parte da decoração e, então, eu escolhi uma vela, a que tinha a mensagem que eu mais gostei, e pedi que meu irmão adivinhasse qual eu tinha escolhido: "No sabía que ponerme y me puse feliz." Ele acertou em cheio. Ele me conhece! Sabe que minha roupa preferida é mesmo a felicidade. Nem sei se a felicidade é modesta, mas eu sei que vem de dentro pra fora. É verdadeira. É sincera. Permissão para o clichê, mas o que você usa não define o que você é. A equação não é essa. Vestir-se pode até ser uma questão de identidade, mas identidade, além de ser uma construção social, é também uma construção individual, interna, da mente. Sua mente escolhe os valores e princípios que quer para si e, a partir disso, você passa a refletir, externamente, essa escolha. Pessoas que se identificam com hippies passam a se vestir como; pessoas que se identificam com regueiros, passam a se vestir como; pessoas que se identificam com Cristo também se vestem como Ele.


Parece moralista, mas talvez eu não queira dizer o que você possivelmente esteja pensando. Não, eu não acho que ser de Jesus seja vestir-se como os crentes culturalmente se vestem. Eu disse que eu acho que ser dEle é vestir-se como Ele, não como a galera que diz ser dEle.

Feche os olhos e imagine Jesus. Agora, abra pra poder continuar lendo este texto (risos). Imagine a galera dEle, que andou com Ele. Quem vem à sua mente? Os discípulos? Gostaria de lembrar que eles eram todos da pá virada antes de conhecer Jesus. Naquele meio tinha mentiroso, pavio curto, sem noção. Tudo mundano. Depois que conheceram Jesus foi que eles deram uma mudada. Certo. Em quem mais a gente pode pensar? Marta, Maria e Lázaro? Maria Madalena?

Gente. Era tudo gente.

Se Jesus se vestisse como um ET de Varginha, como ia se aproximar dessa galera? Não ia. Não dava. Seria linchado se quisesse pagar de crentão pra cima deles. Mas Jesus nunca pagou de crentão. Jesus pagou de/com amor. Eu não consigo imaginar Jesus escrevendo um blog sobre moda cristã. Eu imagino Jesus amando pessoas. Nem sei a roupa dEle. Nem sei a roupa da galera dEle. A Bíblia não descreve. Porque o que era relevante nEle não era sua roupa. Ele se vestia como as pessoas se vestiam e pronto – assim eu imagino. Paulo mesmo fala dessa necessidade de sermos Um com o nosso irmão a fim de viver o verdadeiro evangelho, quando diz em I Coríntios 9:20 a 23:

“E fiz-me como judeu para os judeus, para ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, como se estivesse debaixo da lei, para ganhar os que estão debaixo da lei. Para os que estão sem lei, como se estivesse sem lei (não estando sem lei para com Deus, mas debaixo da lei de Cristo), para ganhar os que estão sem lei. Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns. E eu faço isto por causa do evangelho, para ser também participante dele”.


Jesus se vestia de amor. Como você acha que vai amar melhor as pessoas? Com uma roupa bem à vontade, de chinelo, de quê? Eu acho que a gente ama melhor quando a gente ama igual. Quando a gente se faz hippie para com os hippies, “mainstream” para com os “mainstreams”, a fim de amá-los.

Jesus não chama a gente pra ser diferentão. Ele também não nos chama para sermos ostentação. Não chama pra ser “sexy sem ser vulgar”, nem pra ser "bela, recatada e do lar". Cristo nos chama para amar o nosso irmão. Para negar o nosso ego. Para parar de se preocupar em provar que é santa através da vestimenta. Para parar de correr (atrás do vento) a fim de obter uma supermodéstia cristã. Mas Ele também nos chama para deixar nosso narcisismo, para abandonar a geração do "sou maravilhosa", se isso for infrutífero para nossos irmãos.

Pedro 3:3-4 diz: “O vosso adorno não seja o enfeite exterior, como as tranças dos cabelos, o uso de joias de ouro, ou o luxo dos vestidos, mas seja o do íntimo do coração, no incorruptível traje de um espírito manso e tranquilo, que és, para que permaneçam as coisas.”. É com isso que devemos nos preocupar: em ter um espírito manso e tranquilo, que sobressaia em qualquer estampa, em qualquer tecido. Não digo que não se deve usar isso ou aquilo... por favor! Só digo que usar isso ou aquilo não é o principal.

Menos modinha, mais Amor.
Menos #ModéstiaCristã e mais presença de Cristo no coração.
Menos #BelaRecatadaeDoLar e mais Jesus, por favor.

Que Ele seja a nossa identidade. Ele. Só Ele e nada mais do que Ele.

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