terça-feira, 10 de abril de 2018

A HISTÓRIA DE UM PAI BONDOSO


A HISTÓRIA DE UM PAI BONDOSO 
Airton Sousa – Direto de Paciência - Rio

Já escrevi aqui sobre meu fascínio por aquelas estradas sem final, imensas, e da minha vontade de sair andando sem rumo, a pé, com chuva, com sol, com frio. Uma mochila nas costas. Esse é um sonho recorrente.

Há alguns dias, eu tive oportunidade de viajar por uma dessas estradas. E estava de mochila e era um sábado lindo. Eu estava na Costa Verde. A região da Costa Verde, que inclui os municípios de Paraty, Mangaratiba, Itaguaí, Rio Claro e Angra dos Reis, é uma das regiões mais belas do mundo.

Enquanto o ônibus avança pela estrada eu vou ensaiando sobre o que vou falar em minha preleção na igreja, na hora do culto. É uma história de caminho, de pai e filhos. E é uma das mais belas páginas da Bíblia. É a história do “Filho pródigo”, já contada e recontada neste blog e que você provavelmente deve conhecer. Está relatada no capítulo 15 do livro de Lucas, a partir do verso 11.

Nessa minha releitura cheguei à conclusão de que essa narrativa não deveria ser chamada de “história do filho pródigo”, e, sim, “a história do pai bondoso”. Porque é isso que representa. Uma história de Pai e filhos.

A parte que eu mais gosto é quando o filho pródigo entra no caminho e começa a andar de volta para casa: Caindo em si, ele disse: Quantos empregados de meu pai têm comida de sobra, e eu aqui, morrendo de fome!”.

Esse é o momento em que ele percebe que seu pai trata bem os empregados. Porque meu pai é bom. E repete: “Vou me levantar e voltarei para a casa do meu pai. Aqui ninguém me dá nada. Porque meu pai é bom. Meu pai é bom o tempo todo.”.

Ele ainda diz que quando chegar lá vai pedir perdão e que seja tratado como um dos empregados. Ele decide que vai trabalhar para pagar e reembolsar o pai por tudo que gastou indevidamente.

Então ele se pôs a caminho, e no momento em que ele entra no caminho, ele se encontra em Jesus, porque “Jesus é o caminho, a verdade e a vida”.  O Pai e Jesus estão no caminho porque o Pai e Jesus são um. E o Pai vem ao encontro e abraça e beija.

Que louco, isso!

Quando o jovem voltou para casa, ele estava fedendo a porco. E o pai correndo ao seu encontro nem se importa com o cheiro e pede aos seus empregados que tragam uma roupa limpa para pôr nele. E quando entra em casa, ele já está limpo, já tem roupa nova e tem sandálias nos pés e anel nos dedos. Nenhum dos trabalhadores nem ninguém da casa o viu maltrapilho. Porque ele foi restaurado no caminho, antes de entrar em casa.

Quando Jesus veio, o mundo viu uma coisa que nunca tinha visto antes, pois o mundo só conhecia religião. Jesus veio mostrar o Pai amoroso que existe fora da religião. E agora o mundo passa a conhecer o amor de Deus manifesto em Sua bondade e misericórdia.

E tudo isso acontece no caminho. Porque o Pai cuida da gente no caminho.

Essa história nos mostra, primeiro, que para entrar em casa você tem que se pôr no caminho. Segundo, só há uma maneira de entrar na casa: como filho. Não importa o quanto você está sujo, ou se você vai vir com aquele lengalenga de “Pai, me trata como um dos seus trabalhadores...”. Para o Pai isso não existe. Você é filho. E ponto.


É uma viagem curta, de Campo Grande até Angra. Já estou chegando e meus amigos estão me esperando na rodoviária. E já me acenam sorrindo.
A chegada é assim mesmo!

Enquanto pego minha mochila e me preparo para desembarcar, eu vou pensando: Deus é bom o tempo todo. Sua bondade é escandalosa!

Sempre que você se perder por aí e achar que está andando sozinho, em círculo, correndo atrás do vento, lembre-se dessa história.

O pai é bom! O pai espera por você. Ele vai lhe restaurar no caminho, pra você chegar a sua casa cheiroso e arrumadinho.

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