OLARIA - UM BAIRRO DO RIO, UM LUGAR, UMA ARTE, OU TUDO ISSO?
Airton Sousa – Direto de Paciência – Rio de Janeiro
Airton Sousa – Direto de Paciência – Rio de Janeiro
Não me julgue por isto, mas eu
comprei no trem um fone para o meu celular. O camelô me disse que era “bonzão”
e o som muito alto. “- Pode fazer o teste agora, e, se parar de funcionar,
daqui a dois dias eu faço a troca para o senhor.” Realmente, o som era muito
bom. Paguei vinte merrecas no fone. Liguei no celular e selecionei a música que
estava grudando nos meus ouvidos: “Nas mãos do oleiro”.
Faça os cálculos comigo: a música tem 4,34 minutos, e eu
fui ouvindo e repetindo, ouvindo, repetindo, até chegar ao meu destino, a
estação Central do Brasil. Não sei quantas vezes ouvi essa música. “Quem sou eu para questionar... Tuas mãos a
me moldar”. Dias depois descobri que o compositor dessa música é o Daniel
Ludtke, um músico famoso e apresentador da TV Novo Tempo. Dias depois o fone ainda não havia parado de funcionar.
No
livro de Jeremias, encontramos a história de um oleiro que estava fazendo
uma obra com barro sobre as rodas. Infelizmente, aquele vaso que o oleiro fazia
com tanto capricho se quebrou em suas mãos. Imediatamente, o oleiro juntou os
pedaços de barro e tornou a fazer outro vaso. Enquanto Jeremias observava
aquele profissional refazendo o seu trabalho, foi percebendo uma coisa... ele
viu aquilo como um símbolo de como Deus trabalha com “o barro humano”. Qualquer
ser humano, mesmo arruinado, pode ser refeito. “Eis que como o barro na mão do
oleiro, assim são vocês na minha mão.”
Pesquisando por aí, eu
vi que “olaria” é o nome da arte de elaboração de vasos e outras peças de barro
cozido. É um bairro do Rio, também, que leva esse nome porque os senhores de engenho
mantinham inúmeros desses fornos. Mas também é o nome das
fábricas e lojas onde se comercializam essas peças e onde o próprio artesão as
fabrica - é um processo manual, na maioria dos casos; ou seja, o artesão molda a
obra com suas próprias mãos.
Esse processo, segundo minhas pesquisas, começa com o
amassamento de argila. É durante essa fase que se adiciona água, para que a argila
mantenha sua plasticidade e para que não surjam rachas. Depois, a peça é
deixada ao ar livre para secar. E, totalmente seca, ela adquire maior dureza e
uma cor mais clara. O oleiro pode então lixar a peça para deixá-la mais polida.
Finalmente, a peça é levada ao forno, onde adquire maior
resistência e perde a sua umidade química.
Agora, imagine, depois de todo esse processo a cerâmica cai
no chão e se espatifa toda!
Aí você pensa: quebrou... não tem mais jeito.
Mas é aí que começa tudo outra vez. O oleiro fica triste,
mas não quer perder aqueles cacos... e começa tudo outra vez. Tem jeito!
Quando alguém falar para você que não tem mais jeito,
ignore.
Desconsidere aqueles que dizem que
você nunca será alguém na vida. Ignore aqueles que dizem que você está perdido
para sempre, que você é um fracasso. Feche os ouvidos para eles.
“Eu é que sei que
pensamentos tenho a respeito de vocês, diz o Senhor. São pensamentos de paz e
não de mal, para dar-lhes um futuro e uma esperança.” (Jeremias 29:11)
Se está tudo quebrado, traga seus pedaços e entregue nas
mãos do oleiro. Ele fará tudo de novo. Entregue seus cacos nas mãos do oleiro.
Você será moldado.
Pode ser que o processo seja doloroso e difícil. Ele vai
usar o calor e a pressão da vida e vai transformar sua vida em um vaso novo
para seu uso.
Confie. Entregue-se.
Vejo você na olaria.
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