terça-feira, 15 de março de 2016

INTEIRAMENTE FIEL


INTEIRAMENTE FIEL
Por Airton Sousa

A minha turma do ensino fundamental no Colégio Adventista de Madureira, no Rio, era uma turma pequena e, por isso, muito unida. Incrível: todos tínhamos apelidos.

Clever (“Velho") Valcir (“Tio Marreco”), Araguaci (“Pissica”), Walter ("Leitão" - por causa do sobrenome), Wagner ("Pincel" - o pai dele era proprietário de uma loja de tintas), Evaldo ("Marmita” - ele fazia cursos extracurriculares no período da tarde e por isso levava marmita pra escola), Giovane ("Cebola" - nunca entendi o motivo do apelido), Reinaldo ("Mussum" - na época, podíamos chamar de Mussum; hoje seríamos processados por racismo) Otávio (Caramba... qual era o apelido do Otávio??). Não consigo me lembrar de outros...

Eu também tinha um apelido. Aliás, um apelido meio besta; nunca entendi por que me chamavam de "Zé Preá". Não fazia sentido... E quando servi ao Exército, alguns anos depois, apesar de ter como nome de guerra “Airton”, os soldados, cabos e sargentos me chamavam de "Preá". De novo esse apelido! Como conseguiram desenterrar uma coisa que me incomodava? Um dia eu conto mais sobre isso, mas me lembrei desses apelidos porque encontrei na Bíblia a história de quatro jovens que ficaram mais conhecidos pelos apelidos do que, propriamente, pelos nomes.

Quando o Rei Nabucodonosor, da Babilônia, cercou Jerusalém e levou cativos muitos dos melhores cidadãos de Israel, entre eles estavam esses quatro jovens: Daniel, Ananias, Misael e Azarias. Logo, logo, esses jovens começaram a se destacar dentre os demais; foram nomeados administradores regionais, em pouco tempo eram considerados os mais sábios e cultos de toda aquela terra e, o mais importante, nunca abriam mãos dos seus princípios, eram fiéis ao seu Deus, tinham hábitos alimentares saudáveis e não se contaminavam com as comidas e bebidas oferecidas na Corte. Logo foram considerados os “diferentões” e não demorou muito para ganharem apelidos. No caso deles, e por causa da religião, os apelidos faziam alusão aos deuses pagãos da época:

  • Daniel foi chamado de Beltessazar (“Tesouro de Bel” ou “O depositório dos segredos de Bel”).
  • Ananias foi apelidado de Sadraque (“Inspiração do Sol”, “Deus, o autor do mal, seja favorável a nós”, “Deus nos proteja do mal”).
  • Misael passou a ser Mesaque (“Aquele que pertence à deusa Sheshach”).
  • Azarias foi apelidado de Abede-Nego (“Servo de Nego”, um dos deuses babilônicos).1

Você já conhece a história toda, né? O Rei Nabucodonosor mandou fazer uma estátua que media vinte e sete metros de altura por dois metros e setenta de largura e ordenou que todos os habitantes e autoridades viessem à cerimônia de inauguração da estátua. Aí, o cerimonialista de plantão disse em voz alta:

— Povos de todas as nações, raças e línguas! Quando ouvirem o som dos instrumentos musicais ajoelhem-se todos e adorem a estátua de ouro que o Rei Nabucodonosor mandou fazer. Quem não se ajoelhar e não adorar a estátua será jogado, na mesma hora, numa fornalha acesa.

Assim, logo que os instrumentos começaram a tocar, todas as pessoas que estavam ali se ajoelharam e adoraram a estátua de ouro. Todos menos os nossos personagens, Sadraque, Mesaque e Abede–Nego. Ao saber disso, Nabucodonosor ficou furioso e mandou chamá-los.

— É verdade que vocês não prestam culto ao meu deus, nem adoram a estátua de ouro que eu mandei fazer? Pois bem! Vou dar uma nova chance. A orquestra vai tocar novamente. Será que agora vocês estão dispostos a se ajoelhar e a adorar a estátua, logo que os instrumentos musicais começarem a tocar? Se não, vocês serão jogados, na mesma hora, numa fornalha acesa. E quem é o deus que os poderá salvar?

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego responderam assim:

— Ó rei, nós não vamos nos defender. Pois, se o nosso Deus, a quem adoramos, quiser, Ele poderá nos salvar da fornalha e nos livrar do seu poder, oh! rei. E mesmo que o nosso Deus não nos salve, o senhor pode ficar sabendo que não prestaremos culto ao seu deus, nem adoraremos a estátua de ouro que o senhor mandou fazer.

E foi dada uma segunda chance e novamente aquelas músicas tocaram e novamente nossos heróis não se ajoelharam. O rei ficou furioso. Eles foram amarrados e jogados dentro de uma fornalha acesa e que estava aquecida sete vezes mais que o normal. É aí que acontece a parte mais linda dessa história. Leia comigo Daniel 3:24:

De repente, Nabucodonosor se levantou e perguntou muito espantado, aos seus conselheiros:
— Não foram três os homens que amarramos e jogamos na fornalha?
— Sim, senhor! — responderam eles.
— Como é, então, que estou vendo quatro homens andando soltos na fornalha? — perguntou o rei. — Eles estão passeando lá dentro, sem sofrer nada. E o quarto homem parece um anjo.

Impressionado com aquela cena, o rei os chamou para sair da fornalha.

Misael, Ananias e Azarias saíram totalmente salvos, sem qualquer cheiro de fumaça.

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego eram jovens quando sua fé foi severamente testada; e mesmo ameaçados de morte eles não comprometeram suas crenças. E ainda tiveram a companhia de um guarda-costas providenciado por Deus.

Podemos tirar muitas lições e exemplos dessa história. Dá pra escrever umas dezenas de textos para o blog, mas hoje eu só queria ressaltar a importância da fidelidade em qualquer prova.

Eu fui ao “JA de Verão”2, na praia da Barra, em janeiro, e observei os jovens da minha igreja, uma galera bonita e feliz, e me emocionei quando os vi participando, ativamente, daquele evento. Nem sei os apelidos deles, como são chamados pela turma, mas sei que terão um novo nome.

Cada um de nós receberá um novo nome no Céu. Quem sabe seja um nome com alguma espécie de senha especial, ou um código alfanumérico reconhecido apenas por nós e por Deus para manter nossa identidade.

Mas Deus quer mudar nosso nome aqui mesmo. Agora. De “inveja” para “satisfação”. De “orgulho” para “humildade”. De “perfeccionista” para “tolerante”. Ele deseja nos dar um novo senso de valores. Uma natureza renovada. Uma mudança de fé e de planos. Um novo caráter.
(Momentos de Graça, página 105 – Editora Casa Publicadora Brasileira - 2011)


Para o Dia Mundial do Jovem Adventista3, 19 de março, eu pensei numa geração fiel. A geração que guarda os mandamentos e tem a fé de Jesus. E a canção do dia, para mim, é “Inteiramente Fiel”4:

“Sou inteiramente de Cristo Jesus
Fui feito pra viver como filho do Rei
Sou eternamente ligado a Jesus
Pra sempre serei
Inteiramente fiel
Eu quero ser.”

Um abraço aos meus amigos “Jovens Adventistas” e parabéns pelo seu dia!

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Referências:


·        2 “J.A. de Verão” - evento anual organizado pelos Jovens Adventistas, no Rio de Janeiro, que acontece nas tardes de todos os sábados do mês de janeiro, desde 2010. Iniciativa dos Jovens Adventistas de Freguesia, Jacarepaguá, conta com um palco localizado nas areias da praia da Barra da Tijuca, Posto 2. Em 2016, com o tema “SEJA A MUDANÇA” - #sejaamudanca -, contou com a participação dos cantores Rafaela Pinho, Jeferson Pillar, Wesley Fonseca e Jéssica Rezende - https://www.facebook.com/jadeverao/

·        3 Dia 19 de Março. Dia Mundial do Jovem Adventista.

 4 Inteiramente Fiel. Letra e música: Evaldo Vicente. https://youtu.be/273l-m9885E



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