FELIZ PÁSCOA!
Por Airton Sousa
Ainda sobre os apelidos...
Na DPZ1, o povo me chamava de
"Pedra". Eu era metido a engraçadinho e bastava abrir a boca pra
falar qualquer coisa que logo ouvia o coro: "Cala a boca, Pedra!".
Com o tempo,
consegui mostrar que eu era um bom amigo. E Foi na Ogilvy1 que ganhei um apelido do Marcelinho, que
sempre me chamava de "Amigão". Esse apelido eu gostei, sim. Combinava
comigo. E ninguém, nunca mais, se lembrou do "Pedra" nem do "Zé
Preá"! Agora era “O Amigão”. Finalmente eu tinha um apelido
bacana!
Quem não gosta de ser “o amigão”? Quem não
gosta de ter um amigão? Mas quem é amigão de verdade?
Coloquei esta frase no Google: “Existe amigo de verdade?”.
Dentre muitas respostas escolhi uma, cuja autoria não conheço:
“Felizes são os cães, que pelo faro
descobrem os amigos... Amigo mesmo só meu cão. Na prosperidade nossos amigos
nos conhecem. Na adversidade conhecemos os nossos amigos e vemos, então, que
não temos amigos.”.
É mais ou
menos isso. De um jeito ou de outro estamos envolvidos e todos dependemos uns
dos outros. Ao mesmo tempo... não confiamos em ninguém. De um jeito ou de outro as pessoas querem o
melhor de nós e nós esperamos o mesmo delas. São as tais relações fraudulentas
que sempre comento. Querem o intangível de nós e nós queremos o mesmo.
Esta vida
estranha que vivemos... quando cada um carrega uma vida inteira no corpo e
ninguém sequer suspeita dos traumas, das quedas, dos medos e dos choros.
Tá
difícil encontrar por aí um amigo de verdade? Daqueles que sabem tudo a seu respeito e assim mesmo gostam de você,
como ensinou Kim Hubbard2, ou dos que
você sempre escreve as faltas na areia, como recomendava Pitágoras3, ou, ainda, dos que são, verdadeiramente, o
sal da vida, conforme escreve Juan Luis Vives4?
A Páscoa
está aí, avisando que existe, de fato, um amigão. O amigão que foi capaz de carregar a sua própria
vida e a nossa sobre seus ombros.
Cristo, o amigão, renovou o significado da
amizade com a sua própria vida. Mesmo quando foi traído e crucificado pelos
seus próprios amigos e para os seus próprios amigos.
A festa da Páscoa é a mesma festa da amizade;
não apenas dos ovos de chocolate (aliás, não vejo problema nenhum com os
chocolates, se ingeridos com moderação - se possível, claro). A amizade,
assim como os chocolates, adocica a vida, ou só nos restaria o gosto amargo da
violência que nos cerca e espreita em cada esquina.
Ele veio para mostrar um novo caminho, para pregar as boas notícias,
mostrar a importância do perdão, e morrer; para que pelo preço do seu sangue fôssemos
feitos seus amigos. Isso é mais do que paixão. É amizade! E porque Ele ressuscitou e vive eu já posso crer no amanhã.
Na última reunião de Jesus Cristo com seus
discípulos, antes de subir aos céus, Ele disse:
— Deus me deu todo o poder no céu e na terra. Portanto,
vão a todos os povos do mundo e façam com que sejam meus seguidores, batizando
esses amigos em nome do Pai,
do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a obedecer a tudo o que tenho ordenado a
vocês. E lembrem-se disto: eu estou com vocês todos os dias, até o fim dos
tempos. (Mateus 28:19)
Que a Páscoa seja um tempo para refletir sobre a vida. Que todos os
dias sejam dias de Páscoa, de amizade e de esperança. Cristo é a vida. E como
diz um amigo meu: “A vida venceu e por isso vivos somos.”.
Feliz Páscoa,
amigão!
______________________
Referências:
1 - DPZ e
Ogilvy – Agências de publicidade nas quais trabalhei.
2 – Citado por Ruy Castro in Mau Humor - Uma Antologia Definitiva de
Frases Venenosas, Companhia
das Letras (Edição Digital) – disponível em https://play.google.com/store/books/details?id=TfG95bLEcXYC&rdid=book-TfG95bLEcXYC&rdot=1&source=gbs_vpt_read&pcampaignid=books_booksearch_viewport
– acessado em 08.03.2016.
3 – Citado na revista “Super Interessante” - ANO 4 – n. 2 – Fevereiro de 1990 – Dito & Feito – pág. 45
4 - "Sal
vitae, amicitia.” - Satellitium animi,
Juan Luis Vives - A. Pichler's Witwe, 1883
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