HOMEM
NÃO CHORA!
PERA!!!! HOMEM NÃO CHORA??
PERA!!!! HOMEM NÃO CHORA??
Por Denize Vicente
Faltam poucos dias pra que entrem no ar as
propagandas do “Dia Internacional da Mulher”.
Joalherias, floriculturas, chocolaterias, lojas
de roupas e de sapatos... todos voltando a atenção para as mulheres. Poesias,
músicas, tudo vai falar da mulher. Mensagens de SMS, WhatsApp, memes e recadinhos
nas redes sociais... e algumas mulheres reclamando de tanto oba-oba, dizendo
que queremos respeito e tudo o mais todos os dias do ano, coisas assim.
E então, como daqui a pouco vai começar
tudo isso, com todas as atenções voltadas para as meninas, eu queria falar,
hoje, com os meninos.
Num domingo desses eu estava de frente pra
minha estante, escolhendo um livro leve pra ler ou reler. Peguei aquele
pequenino, de Charles Schulz: “Você Tem
Muito o que Aprender, Charlie Brown!” (Editora Conrad Livros).
É um livro de tirinhas, da Turma do Charlie Brown, e o tema predominante é a escola - a vida antes, durante e depois das aulas. Eu ri muito com as tirinhas; algumas delas me fizeram lembrar de amigos e de situações, e outras me fizeram pensar... Tipo esta que você vai ler aí embaixo:
É um livro de tirinhas, da Turma do Charlie Brown, e o tema predominante é a escola - a vida antes, durante e depois das aulas. Eu ri muito com as tirinhas; algumas delas me fizeram lembrar de amigos e de situações, e outras me fizeram pensar... Tipo esta que você vai ler aí embaixo:
“Queria que os meninos pudessem chorar...”
Faz tempo que existe esse papo de que “homem
não chora”, uma ideia que se propaga de maneiras discretas ou não. “Você é
homem!”, “Homem não chora.”, “Quieto, que você é homem!”, “Tá parecendo uma
mulherzinha...”, são frases recorrentes que se alojaram na mente dos garotos
que, muitas vezes, veem o choro como sinal de fraqueza, insegurança e
feminilidade. E eles se sentem obrigados a não chorar!
Sem que eu precise confessar o que alguns
já sabem (mulheres amam homens que choram!), eu queria dizer a vocês que homem
pode chorar, sim!
Do ponto de vista fisiológico, mas numa
linguagem bem simples, as lágrimas são gotinhas produzidas pela glândula lacrimal.
Existem as lágrimas lubrificantes, que servem para nutrir, umedecer e limpar a
córnea; há aquelas que surgem como reflexo, por exemplo, a um cisco que cai no
olho; e há também aquelas lágrimas emocionais, que revelam e expressam algum sentimento
– as que, dizem por aí, os homens não podem produzir. Já pensou que coisa
doida??
A História nos conta que na Grécia antiga aos
homens era permitido chorar, mas o choro, acredite!, não era algo liberado para
mulheres, porque a expressão dos sentimentos, para os gregos, era uma atitude tipicamente
masculina.
O oftalmologista espanhol Juan Murube Del
Castillo, da Universidade de Alcalá, em Madri, estudou, entre 1992 e 2005,
episódios de choro de estudantes de Medicina. Ele fez um questionário semanal e
os estudantes respondiam; depois de analisar mais de 1.100 episódios de choro,
Murube chegou a algumas conclusões surpreendentes, dentre elas, que o dia em
que o choro é mais frequente é a sexta-feira (sim!, hoje é sexta-feira!), que o
horário de pico é das 22h às 24h, e que mulheres costumam chorar para pedir
ajuda e homens, geralmente, choram para oferecer ajuda.
E quando homens precisam de ajuda? Eles
choram? Geralmente, não. Quando o cara descobre que a garotinha ruiva dos seus
sonhos se mudou e que ele não sabe onde ela mora e percebe que nunca a verá de
novo, porque ela nem mesmo sabe que ele existe... ele gostaria de chorar. Mas
“não pode”.
Quando sentem que o desemprego está batendo
à porta os homens choram? Não.
Quando não podem oferecer uma alimentação
balanceada e equilibrada para a sua família porque não têm grana pra isso,
eles têm vontade de chorar. Mas não choram. Ou fazem isso escondido.
Quando sentem raiva, dor, tristeza
profunda, quando sentem medo e se assustam... eles também não choram, porque “não
podem”. São homens.
Quando estão se sentindo oprimidos,
cansados e sobrecarregados... muitas vezes eles têm vontade de chorar, mas ainda assim não
choram... apenas repetem para si mesmos: “Queria que os meninos pudessem
chorar...”.
Sabe, Jesus chorou. E ele era sujeito
homem!
Jesus chorou e não foi apenas uma vez, “pra
entrar pra História”. A Bíblia nos conta de três ocasiões em que Ele chorou: junto
ao túmulo do seu amigão Lázaro (João 11:33-35); olhando a cidade de Jerusalém
(Lucas 19:42-44); e no Getsêmani (Hebreus 5:7). Eu sei que a Bíblia não é um
relato de todos os episódios vividos por Jesus nos 33 anos em que Ele andou por
este mundo, mas esses três momentos me mostram, suficientemente, que, por
diversos motivos e diferentes razões, Jesus chorava.
Como eu disse, hoje meu papo é com os
meninos. Jesus chorava. Davi também chorava (Salmos 56:8). O Rei Ezequias
chorou (Isaías 38:2-4). Jó chorou (Jó 16:20). Todos esses homens tinham
sentimentos, viviam emoções, e precisavam expressá-las. O pranto é um mecanismo
natural que alivia, acalma e cura.
Se a garotinha ruiva se mudou e você acha
que nunca mais vai vê-la, se seu filho está doente, se a sua mulher o ignora, se
sua filha está rebelde, se um amigo partiu, se você sente saudade de alguém... chore.
Pode chorar.
E
lembre-se do que disse Davi, aquele que chorou muito (Salmos 6:6, 7; I Samuel 30:4; II Samuel 1:12; II Samuel 12: 22,23):
“O choro pode durar a noite inteira, mas
de manhã vem a alegria.” (Salmos 30:5).
Da próxima vez que você, querido menino, sentir fortes emoções... não se reprima. Pode chorar! Você é homem e tem sentimentos, como
qualquer ser humano!
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Referências:
Vincent-Buffault, Anne, História das Lágrimas, Ed. Paz e Terra,
1988
15/08/2023 blog foda
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