sexta-feira, 4 de março de 2016

HOMEM NÃO CHORA!
PERA!!!! HOMEM NÃO CHORA??


HOMEM NÃO CHORA!
PERA!!!! HOMEM NÃO CHORA??
Por Denize Vicente

Faltam poucos dias pra que entrem no ar as propagandas do “Dia Internacional da Mulher”.

Joalherias, floriculturas, chocolaterias, lojas de roupas e de sapatos... todos voltando a atenção para as mulheres. Poesias, músicas, tudo vai falar da mulher. Mensagens de SMS, WhatsApp, memes e recadinhos nas redes sociais... e algumas mulheres reclamando de tanto oba-oba, dizendo que queremos respeito e tudo o mais todos os dias do ano, coisas assim.

E então, como daqui a pouco vai começar tudo isso, com todas as atenções voltadas para as meninas, eu queria falar, hoje, com os meninos.

Num domingo desses eu estava de frente pra minha estante, escolhendo um livro leve pra ler ou reler. Peguei aquele pequenino, de Charles Schulz: “Você Tem Muito o que Aprender, Charlie Brown!” (Editora Conrad Livros). 

É um livro de tirinhas, da Turma do Charlie Brown, e o tema predominante é a escola - a vida antes, durante e depois das aulas. Eu ri muito com as tirinhas; algumas delas me fizeram lembrar de amigos e de situações, e outras me fizeram pensar... Tipo esta que você vai ler aí embaixo:


“Queria que os meninos pudessem chorar...”

Faz tempo que existe esse papo de que “homem não chora”, uma ideia que se propaga de maneiras discretas ou não. “Você é homem!”, “Homem não chora.”, “Quieto, que você é homem!”, “Tá parecendo uma mulherzinha...”, são frases recorrentes que se alojaram na mente dos garotos que, muitas vezes, veem o choro como sinal de fraqueza, insegurança e feminilidade. E eles se sentem obrigados a não chorar!

Sem que eu precise confessar o que alguns já sabem (mulheres amam homens que choram!), eu queria dizer a vocês que homem pode chorar, sim!

Do ponto de vista fisiológico, mas numa linguagem bem simples, as lágrimas são gotinhas produzidas pela glândula lacrimal. Existem as lágrimas lubrificantes, que servem para nutrir, umedecer e limpar a córnea; há aquelas que surgem como reflexo, por exemplo, a um cisco que cai no olho; e há também aquelas lágrimas emocionais, que revelam e expressam algum sentimento – as que, dizem por aí, os homens não podem produzir. Já pensou que coisa doida??

A História nos conta que na Grécia antiga aos homens era permitido chorar, mas o choro, acredite!, não era algo liberado para mulheres, porque a expressão dos sentimentos, para os gregos, era uma atitude tipicamente masculina.

O oftalmologista espanhol Juan Murube Del Castillo, da Universidade de Alcalá, em Madri, estudou, entre 1992 e 2005, episódios de choro de estudantes de Medicina. Ele fez um questionário semanal e os estudantes respondiam; depois de analisar mais de 1.100 episódios de choro, Murube chegou a algumas conclusões surpreendentes, dentre elas, que o dia em que o choro é mais frequente é a sexta-feira (sim!, hoje é sexta-feira!), que o horário de pico é das 22h às 24h, e que mulheres costumam chorar para pedir ajuda e homens, geralmente, choram para oferecer ajuda.

E quando homens precisam de ajuda? Eles choram? Geralmente, não. Quando o cara descobre que a garotinha ruiva dos seus sonhos se mudou e que ele não sabe onde ela mora e percebe que nunca a verá de novo, porque ela nem mesmo sabe que ele existe... ele gostaria de chorar. Mas “não pode”.

Quando sentem que o desemprego está batendo à porta os homens choram? Não.

Quando não podem oferecer uma alimentação balanceada e equilibrada para a sua família porque não têm grana pra isso, eles têm vontade de chorar. Mas não choram. Ou fazem isso escondido.

Quando sentem raiva, dor, tristeza profunda, quando sentem medo e se assustam... eles também não choram, porque “não podem”. São homens.

Quando estão se sentindo oprimidos, cansados e sobrecarregados... muitas vezes eles têm vontade de chorar, mas ainda assim não choram... apenas repetem para si mesmos: “Queria que os meninos pudessem chorar...”.

Sabe, Jesus chorou. E ele era sujeito homem!

Jesus chorou e não foi apenas uma vez, “pra entrar pra História”. A Bíblia nos conta de três ocasiões em que Ele chorou: junto ao túmulo do seu amigão Lázaro (João 11:33-35); olhando a cidade de Jerusalém (Lucas 19:42-44); e no Getsêmani (Hebreus 5:7). Eu sei que a Bíblia não é um relato de todos os episódios vividos por Jesus nos 33 anos em que Ele andou por este mundo, mas esses três momentos me mostram, suficientemente, que, por diversos motivos e diferentes razões, Jesus chorava.

Como eu disse, hoje meu papo é com os meninos. Jesus chorava. Davi também chorava (Salmos 56:8). O Rei Ezequias chorou (Isaías 38:2-4). Jó chorou (Jó 16:20). Todos esses homens tinham sentimentos, viviam emoções, e precisavam expressá-las. O pranto é um mecanismo natural que alivia, acalma e cura.

Se a garotinha ruiva se mudou e você acha que nunca mais vai vê-la, se seu filho está doente, se a sua mulher o ignora, se sua filha está rebelde, se um amigo partiu, se você sente saudade de alguém... chore. Pode chorar.

E lembre-se do que disse Davi, aquele que chorou muito (Salmos 6:6, 7; I Samuel 30:4; II Samuel 1:12; II Samuel 12: 22,23): “O choro pode durar a noite inteira, mas de manhã vem a alegria.” (Salmos 30:5).

Da próxima vez que você, querido menino, sentir fortes emoções... não se reprima. Pode chorar! Você é homem e tem sentimentos, como qualquer ser humano!


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Referências:


Vincent-Buffault, Anne, História das Lágrimas, Ed. Paz e Terra, 1988


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