sexta-feira, 31 de maio de 2019

O MELHOR, SEJA LÁ O QUE FOR.

O MELHOR, SEJA LÁ O QUE FOR.
Denize Vicente  - Rio de Janeiro - RJ

Era uma terça-feira, isso faz bastante tempo, eu passei e os vi trabalhando.

Imaginei: não podem ter acrofobia e têm de fazer seu trabalho com muita perfeição pra não ter que refazer o serviço todo de novo, antes do tempo. No dia seguinte passei outra vez e eles ainda estavam lá. É um trabalho demorado, que exige cuidado, prudência e, até, eu diria, coragem.

Eu queria mesmo era vê-los de perto... Acho admirável aquilo! Como diriam os argentinos e chilenos, “me gusta mucho, me encanta”. É que vidros sujos me dão agonia e vidro limpo me dá gosto de ver! Aí aqueles edifícios imensos, altos, expostos à chuva, poeira... com vidros limpinhos. Ah, é  muito legal!


Há alguns prédios no Centro do Rio que são como espelhos, na fachada. Quando
o viaduto da Perimetral ainda existia eu passava por ele pra ir ao trabalho. Um desses prédios lindos, espelhados, meio cobre meio dourado, sempre chamou minha atenção. E se você sabe de qual prédio eu estou falando duvido que não costumasse olhar, passando pela Perimetral, pra ver seu carro refletido nele! Mas pra que o efeito fosse perfeito era preciso que estivesse limpo e brilhando! E pra que continue sempre limpo e brilhando, aqueles homens precisam estar lá.

Como eu disse, tinha curiosidade de ver esses trabalhadores de perto, fazendo seu serviço... Eles ficam amarrados em seu equipamento de proteção. Aqueles, especificamente, estavam cuidando da beleza de um prédio de mais de 20 andares, na Av. Franklin Roosevelt, no Centro do Rio de Janeiro.

No primeiro dia eu fotografei de longe. No segundo, do mesmo lugar, exatamente do mesmo lugar onde eu me encontrava no dia anterior, ainda de dentro do carro, parada no sinal, eu usei um pouco do zoom, e aí pude ver "de perto" os corajosos operários. Acho que nem de longe imaginam, no dia a dia, que estão sendo percebidos; não sabem que são observados; acho que talvez nem se deem conta de que o seu trabalho ajuda a tornar mais bela a cidade que já é naturalmente maravilhosa...


Pra você ver como o seu trabalho, seja ele qual for, é fundamental para o mundo continuar girando!

Às vezes a gente nem se dá conta de como é importante aquilo que a gente faz. Pode parecer algo sem muito destaque, pode ser até que nem deem valor, de repente nem você mesmo valoriza adequadamente aquilo que está sob a sua responsabilidade. Será que por isso faz de qualquer jeito? Talvez nem se esforce para fazer o melhor, o mais bem feito... Será? Se a resposta foi um sim, ainda que tímido... mude esse hábito.
Mude.
Faça o melhor, do que quer que você faça.

"
Tudo o que você tiver de fazer faça o melhor que puder..."
Eclesiastes 9:10




quarta-feira, 29 de maio de 2019

O PARQUE DOS RATOS


O PARQUE DOS RATOS
Larissa Oliveira – Bento Ribeiro – Rio de Janeiro - RJ
        
Nunca subestime aquelas disciplinas e leituras de Filosofia, na Universidade. Sério! Elas rendem boas reflexões!

No início do século XX alguns experimentos simples com ratos estabeleceram teorias sobre a dependência química. Um rato era colocado em uma gaiola com duas garrafas; uma delas era de água pura e a outra era água misturada com algum tipo de droga - heroína, por exemplo. Quase todos os ratos escolhiam a garrafa com drogas e acabavam morrendo bem rápido de overdose. Parece um resultado óbvio, certo?!

Porém, um psicólogo chamado Bruce Alexander notou um detalhe importante nesses testes: os ratos tinham uma vida horrível naquela gaiola. E seria razoável aquela escolha.

Então ele resolveu repetir o experimento, só que, desta vez, ao invés de colocar os ratos sozinhos e ociosos ele construiu um verdadeiro parque de diversões para os bichinhos. Era uma gaiola bem maior, colorida, com brinquedos, aromas e galerias habitadas por vários ratinhos brancos. As duas mesmas garrafas foram postas lá e imagine qual foi o resultado?! Praticamente nenhum rato escolheu a garrafa com drogas. E se porventura acontecesse de algum tomar, ele não se viciava e a mortalidade por overdose foi 0 (zero!).

 
O mais interessante é que na época (meados da década de 70) alguns soldados americanos estavam retornando da guerra do Vietnã e muitos deles haviam consumido drogas em excesso naquele ambiente hostil... O governo estava preocupado com o número de soldados viciados e com os transtornos que isso poderia causar. Porém, surpreendentemente, a maioria esmagadora dos soldados simplesmente parou de consumir a droga quando retornou para a convivência familiar e a sua vida normal. Sem nem ao menos precisar de reabilitação ou passar por crises de abstinência!

“Para a Psicologia, o vício é um mecanismo de fuga emocional em que o indivíduo obtém prazer e foge de sua dor. Existem infinitos tipos de vícios, que são prejudiciais em diferentes proporções. O que separa o vício de um hábito comum é justamente o prejuízo que este comportamento causa na vida da pessoa.” 1

Aí surge uma nova teoria... E se os vícios forem resultado das gaiolas que vivemos e das conexões que não fazemos?

Em época de modernidade líquida o maior desafio é olhar nossa gaiola por outro ângulo. Fazer uma profunda reflexão sobre nossas dores e quais as reais conexões que estamos fazendo, pois são elas que nos ajudarão a romper vícios e viver uma vida mais plena e abundante.

Cuide daquilo que fere você; tenha perto de si pessoas queridas, quando possível; frequente ambientes que lhe deixem feliz e nada de ociosidade eterna, viu!? Ajude outros também.

Vou lhe dar mais um conselho... Uma das conexões mais incríveis que você pode fazer é a conexão com o sobrenatural, com aquilo que está além do nosso entendimento e onde só a fé é capaz de chegar.

“Ó SENHOR Deus, o teu amor chega até o céu, e a tua fidelidade vai até as nuvens.
A tua justiça é firme como as grandes montanhas, e os teus julgamentos são profundos como o mar. Ó SENHOR Deus, tu cuidas das pessoas e dos animais.
Como é precioso o teu amor! Na sombra das tuas asas, encontramos proteção.
Ficamos satisfeitos com a comida que nos dás com fartura; tu nos deixas beber do rio da tua bondade.
Tu és a fonte da vida, e, por causa da tua luz, nós vemos a luz.”
Salmo 36: 5 a 9

Um forte abraço!

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Referências/Fontes:

            1Sociedade Brasileira De Inteligência Emocional – Disponível em: http://www.sbie.com.br/blog/entenda-o-que-e-vicio-segundo-psicologia/ - Acessado aos 26.05.2019.

terça-feira, 28 de maio de 2019

MÃES DE JOELHOS, FILHOS DE PÉ – PARTE 2


MÃES DE JOELHOS, FILHOS DE PÉ – PARTE 2
Airton de Sousa – Direto de Paciência – Rio de Janeiro

E o mês de maio, que é dedicado ao trabalhador, às mães e às noivas vai terminando. Espero que tenha sido um ótimo mês pra você.

No texto anterior eu escrevi sobre a Eva, a mãe da humanidade, a primeira mãe. Eva foi a primeira mãe a chorar. E Deus prometeu: um dia não haverá mais lágrimas. Nunca mais. Ele tem um plano. E o Seu plano começa pelo ventre materno.

Deus escolheu que Seu Filho seria gerado no ventre de uma mulher. Maria, uma adolescente, foi a escolhida. Ela ficou espantada quando o anjo disse: “Você será a mãe de Deus. Você gerara o próprio Deus dentro de você.” Ela resignou-se, compreendeu os planos de Deus para sua vida e aceitou.

Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a Tua palavra. A minha alma engradece ao Senhor e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador...” (Lucas 1:38)

E assim foi a história. Maria tornou-se a mãe do Salvador. Ela educou seu Filho da maneira mais correta e segundo os ensinamentos da religião.

E agora, revendo as histórias, vemos duas mães chorando. O choro de quem errou e o choro de quem fez tudo certo. Esses dois choros unem a humanidade a Deus. Eva chora pela derrota do seu filho. Maria chora, pois não pode participar da vitória do seu filho.

Jesus Cristo tinha que suportar todo aquele sofrimento sozinho. Ele foi crucificado, sofreu açoites, levou cuspes no rosto e colocaram uma coroa de espinhos em Sua cabeça. Mas ele tinha que passar por isso, para devolver o sorriso de esperança.

Para todas as mães que me leem e choram e oram por seus filhos, para você que perde seu filho para as drogas, ou para a morte, para você que fez tudo certo e mesmo assim seu bebê criou asas e voou para lugares perigosos, eu gostaria de dizer que Deus ouve a sua oração.

Ele vê suas lágrimas e chora com você. Mas Deus ouve as orações.

Continue orando. Há um Deus no céu olhando para o seu filho.

Talvez o seu nome jamais apareça nos anais da História nem receba honra ou aplausos do mundo (...), mas é imortalizado no livro de Deus. Ela está fazendo o que pode e sua posição, à vista de Deus, é mais elevada do que a de um rei em seu trono, pois está lidando com o caráter e modelando inteligências.” (Ellen White – Fundamentos da Educação Cristã, Editora Casa, páginas 158 e 159).

Que Deus abençoe todas as mães. A minha mãe, a mãe dos meus amigos, as mães dos leitores aqui do blog, as mães que oram de joelhos para que seus filhos permaneçam de pé.

sexta-feira, 24 de maio de 2019

SAL? SOU DESSAS!

SAL? SOU DESSAS!
Denize Vicente – Rio de Janeiro - RJ

Hoje é sexta-feira e você vai ler uma crônica da Cora Rónai, publicada no seu antigo blog internETC. E depois, eu duvido que você, de coração aberto, não vá encontrar um jeito de fazer do seu sábado um dia feliz! Aproveite a vibe e tempere com alegria o sábado de alguém de perto ou de longe, um amigo ou alguém desconhecido! Há muitas maneiras de fazer isso. Experimente esse sabor!

Jesus, quando andou aqui por aqui, disse uma coisa bem interessante. Disse que a gente é o sal da Terra. E disse mais: se o sal perde o seu sabor não há como restaurá-lo; não servirá para nada, exceto para ser jogado fora e pisado pelos homens. Imagina um arroz com feijão sem um pingo de sal! Nem uma pitadinha!

Jesus não disse, por exemplo, que somos o limão, o jiló, o mel. Também não disse que somos a prata ou o ouro da Terra. Somos o sal. Pra temperar a vida. Viver uma vida com sabor, dar sabor à vida de outras pessoas, essa é a missão do homem. E a gente tempera a vida sendo gentil, sorrindo, sendo grato, agradável, amistoso...

Moisés orientou o povo com a seguinte instrução: “Tempere com sal todas as ofertas de cereais, pois o sal representa a aliança que Deus fez com o seu povo. Toda oferta de cereais deverá ser temperada com sal.” (Levítico 2.13).

Você entende o poder do sal? Nós somos sal. Pra temperar. A própria vida e a dos outros. Na rua, em casa, no ônibus, no trabalho, na facul, na feira...

Ontem eu levei sorvete de caqui pros meninos da feira. Eu mesma fiz com os caquis que comprei na outra semana na barraca deles. Vi um sorriso em cada rosto. E a alegria tomando conta daquelas vidinhas. A gente é sal, sabe? Pode ser sal insípido, pode ser sal grosso, e pode ser aquela pitada de sal que vai levar a alegria de volta a um coração triste, sofrido, cansado... E é como se fossem pequenos milagres, sabe? Jesus era desses. E eu quero poder dizer com alegria: “Sal? Sou dessas!”.

Jesus no 464 - por Cora Rónai (um relato da Leila)

"A primeira vez que vi cabras azuis foi da janela do ônibus, indo de casa para o jornal" — escreveu a Leila num comentário lá do blog. —"Aliás, muita coisa importante na minha vida aconteceu assim. Foi da janela de um 464 que vi pela primeira vez uma colônia de gatos de rua no parque do Museu Carmem Miranda.
Foi num 464 que vi Jesus, ele entrou no ônibus ali na São Clemente, fez alguns milagres e desceu no Catumbi (até hoje não consigo contar essa história direito, mas aconteceu).
Enfim, lá ia eu para o jornal, tinha uma obra, acho, o ônibus entrou numas quebradas no Catumbi e lá estavam elas pastando. Cabras azuis de botinhas pretas! Meu coração disparou, foi amor à primeira vista.”
Estávamos conversando sobre os bichos que gostaríamos de ter, mas o que chamou a minha atenção no comentário não foram as cabras azuis, mas a presença de Jesus num ônibus carioca. Publiquei o comentário com o merecido destaque. A turma que bate ponto no blog adorou, e começou a cobrança:
— Leila! Não importa o que você toma, eu quero dois! — escreveu a Marcela, da Gávea.
— Ou conta a história ou conta o que você toma! — mandou a Marise.
— É, acho que ônibus é código — concordou o Tom.
Depois de um suspense de dois dias, a Leila voltou e respondeu. E todos ficaram muito emocionados, mesmo os incréus, porque sabemos que a vida tem momentos mágicos:
“Eram umas duas, duas e meia da tarde. Era um dia bonito, sol sem calor. Morava no Leblon e ia para o trabalho, no Centro. O ônibus era um 464, acho. O ônibus parou no último ponto antes da Praia de Botafogo, entrou mais gente, e a voz perguntou ao motorista:
— Comandante, posso pegar uma carona?
A voz era cheia, firme, equilibrada, mais para o grave, magnífica. Tive que olhar. Era um hippie. Um cara louro, cabelos no ombro, rosto bonitinho, cabelos mais para o liso, carregava aquelas coisas de veludo cheias de bijuteria artesanal. Magro, um metro e setenta.
Ah. Ele entrou, tinha um lugar vago, alguém perguntou:
— Não vai sentar?
— Não, obrigado. Já estou feliz por conseguir a carona.
Foi só isso, dito por aquela voz, aquela pessoa. Tudo mudou dentro do ônibus. Um homem levantou e deu o lugar para uma mulher que estava em pé. Duas moças se ofereceram para segurar embrulhos de pessoas em pé. Uma pessoa ao lado dele começou a puxar conversa. Ele respondia com frases comuns, contando de uma vida comum. Atrás de mim duas senhoras começaram a conversar. Ao lado as pessoas sentadas começaram a conversar.
Aqui começa a ser difícil de explicar. O que posso falar é um baita lugar comum. Só existia amor. O ar ficou leve. As pessoas conversavam felizes. Quando entrou uma velhinha, dois homens se levantaram para dar lugar.
Eu me sentia como em alguns sonhos que já não tenho faz tempo. Nesses sonhos eu ia a uma fazenda em uma ilha. Lá não existia medo, desconfiança ou raiva, só uma sensação de felicidade absoluta.
Era assim ali no ônibus. Quando saímos do túnel Catumbi-Laranjeiras ele disse ao motorista que ia descer, agradeceu a todo mundo pela conversa e pela carona. Meu coração estava disparado. Pensei em descer, correr atrás dele e perguntar o que fazer da vida daí em diante. Nah, sua doida, você já foi hippie faz tempo. As respostas não estão com ele.
O ônibus andou. Olhei pela janela. No chão da pracinha, um monte de folhas e restos de legumes da feira que tinha acabado. E carneiros. Sim, carneiros. Muitos carneiros felizes, comendo as folhas no chão. Carneiros pastando no Catumbi. Não eram carneiros branquinhos de foto de catecismo. Estavam com a lã bem sujinha até. Jesus tinha acabado de virar a esquina.”