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Jackson Valoni –
Angra dos Reis/RJ
Quando eu estava no
ensino médio, na época do Orkut e do MSN, surgiu lá na escola um projeto
chamado “Pequena Empresa”, que incentivava a formação de novos empreendedores.
Criamos uma empresa chamada “Elo S.A.”. A gente vendia chaveiro.
A gente se reunia num
dia específico da semana, depois da aula, pra confeccionar os chaveiros e fazer
o balanço entre receitas e despesas. A reunião era numa das salas da escola, na
Tijuca, e no fim do expediente eu ia andando até a Praça Saens Peña pra pegar
um ônibus até a Praça Seca.
Foi na Praça Saens
Peña que tudo começou.
Nas redondezas do
lugar sempre havia barraquinhas que vendiam amendoim no saquinho, e o cheiro
daquele aperitivo me deixava com água na boca. Eu fui eleito diretor de
Marketing da “Elo S.A.”, e trazia comigo algum dinheiro da miniempresa. Eu
aproveitava aquela minha condição privilegiada pra comprar alguns saquinhos de
amendoim com o dinheiro da sociedade.
Nossa empresa
disputava com outras que participavam do mesmo projeto. Um dia apresentamos
nosso produto num evento que aconteceu no Shopping Barra Design. Tínhamos até uma
mascote, que nosso amigo Perna criou. Nossa barraca era toda ornamentada com
argolas de chaveiro. Alguns de nós se empenharam muito naquele evento. Alguns
de nós, aliás, se empenharam muito durante aquele projeto, chegando a vender os
chaveiros na praia. Arrisco dizer que eles foram estudar algo na área de Humanas...
Nossa empresa
caminhava bem e eu continuava praticando meus crimes esporádicos, até acontecer
nossa última reunião, onde rolou uma confraternização legal, demos o feedback
da nossa experiência, dividimos os lucros, e nos despedimos. Naquele dia,
confessei.
Ao fim de seis
meses, eu havia usado 24 reais da empresa pra comprar amendoim. Prometia a mim
mesmo que iria repor o valor, o que nunca aconteceu. Ninguém sentiu falta, e eu
mesmo sabia conviver bem com meu delito.
Se eu ficasse
quieto, hoje seria 24 reais mais rico. Logo eu, cristão.
Às vezes é
constrangedor reconhecer um erro, pedir perdão e ser alvo de olhares que
julgam. O constrangimento aumenta quando o moralismo das nossas palavras se contrapõe
à sujeira das nossas ações.
“Quem é fiel no
pouco, também é fiel no muito, e quem é desonesto no pouco, também é desonesto
no muito.” Lucas 16:10
Sua vida pode se
tornar bem mais interessante se você estiver disposto a melhorar a si mesmo.
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