sábado, 10 de fevereiro de 2018

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Jackson Valoni – Angra dos Reis/RJ

Quando eu estava no ensino médio, na época do Orkut e do MSN, surgiu lá na escola um projeto chamado “Pequena Empresa”, que incentivava a formação de novos empreendedores. Criamos uma empresa chamada “Elo S.A.”. A gente vendia chaveiro.

A gente se reunia num dia específico da semana, depois da aula, pra confeccionar os chaveiros e fazer o balanço entre receitas e despesas. A reunião era numa das salas da escola, na Tijuca, e no fim do expediente eu ia andando até a Praça Saens Peña pra pegar um ônibus até a Praça Seca. 

Foi na Praça Saens Peña que tudo começou.

Nas redondezas do lugar sempre havia barraquinhas que vendiam amendoim no saquinho, e o cheiro daquele aperitivo me deixava com água na boca. Eu fui eleito diretor de Marketing da “Elo S.A.”, e trazia comigo algum dinheiro da miniempresa. Eu aproveitava aquela minha condição privilegiada pra comprar alguns saquinhos de amendoim com o dinheiro da sociedade.


Nossa empresa disputava com outras que participavam do mesmo projeto. Um dia apresentamos nosso produto num evento que aconteceu no Shopping Barra Design. Tínhamos até uma mascote, que nosso amigo Perna criou. Nossa barraca era toda ornamentada com argolas de chaveiro. Alguns de nós se empenharam muito naquele evento. Alguns de nós, aliás, se empenharam muito durante aquele projeto, chegando a vender os chaveiros na praia. Arrisco dizer que eles foram estudar algo na área de Humanas...

Nossa empresa caminhava bem e eu continuava praticando meus crimes esporádicos, até acontecer nossa última reunião, onde rolou uma confraternização legal, demos o feedback da nossa experiência, dividimos os lucros, e nos despedimos. Naquele dia, confessei.

Ao fim de seis meses, eu havia usado 24 reais da empresa pra comprar amendoim. Prometia a mim mesmo que iria repor o valor, o que nunca aconteceu. Ninguém sentiu falta, e eu mesmo sabia conviver bem com meu delito.

Se eu ficasse quieto, hoje seria 24 reais mais rico. Logo eu, cristão.

Às vezes é constrangedor reconhecer um erro, pedir perdão e ser alvo de olhares que julgam. O constrangimento aumenta quando o moralismo das nossas palavras se contrapõe à sujeira das nossas ações.

“Quem é fiel no pouco, também é fiel no muito, e quem é desonesto no pouco, também é desonesto no muito.” Lucas 16:10

Sua vida pode se tornar bem mais interessante se você estiver disposto a melhorar a si mesmo.


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