VOU CONTAR UMA HISTÓRIA
Denize Vicente - Rio de Janeiro/RJ
Você gosta de ouvir histórias? Tenho uma pra contar...
Eu estudava Pedagogia, mas já tinha um pezinho no
Direito. Na verdade, minha relação com leis, direitos e deveres é muito
anterior. Minha simpatia pelos mais fracos, pelos que não podiam oferecer
resistência dada alguma condição pessoal, sempre foi muito forte.
Eu era professora, numa escola, e nosso salário atrasava. Comecei a dar aula muito cedo, quando ainda nem era formada, e fui aprendendo conforme ensinava... Naquela escola, em que nosso salário atrasava mais de quinze dias todos os meses, numa época em que a inflação mensal no país era de cerca de 80%, 90%, fazia uma tremenda diferença qualquer dia de atraso no pagamento. Perdíamos dinheiro duas vezes: uma, pela desvalorização daquilo que chegava as nossas mãos como salário; outra, porque as contas pagas com atraso sofriam um acréscimo assustador, com os juros de mora e a correção.
Eu era estudante, e embora não fôssemos ricos, ao
contrário, éramos uma família de poucos recursos, eu me sentia numa posição
bastante confortável para reivindicar nossos direitos de professores
responsáveis e cumpridores de nossos deveres. Eu sabia que muita gente, na
escola, não podia reclamar, pois temia ser “mandado embora”. E enquanto eles
teriam graves problemas com isso - faltaria leite e pão em casa, perderiam a
escola para os filhos, ficariam desempregados por um monte de tempo -, eu,
graças a Deus, tinha uma família na qual me sustentar. Não era eu o arrimo da
família. Também me tranquilizava a ideia de que não teria dificuldade para
arrumar outra escola para dar aulas, se fosse preciso. Eu tinha uma espécie de
confiança no meu potencial, e acreditava mesmo que se batesse à porta de
qualquer uma das escolas que havia no bairro eu sairia empregada. Isso era
importante.
Lembro que uma vez, salário há mais de quinze dias
atrasado, e o Grande Mestre, chefe-mor, veio em visita à escola. Era uma rede
de escolas, e a nossa ficava situada no subúrbio do Rio, num bairro pobre, com
crianças pobres, algumas com mensalidades atrasadas, é verdade. Mas nós,
professores, estávamos ali, no exercício da nossa dignificante missão. Então,
chegou o chefão, sorridente, elogiando nosso trabalho, perguntando se estava
tudo bem. Todos sorriram, como se estivesse. No fundo, estavam todos tristes,
muito tristes, mas o mais triste é que não podiam contar...
Esperei um momento em que ele estava só, no
corredor, e me aproximei. Travamos um rápido diálogo. Falei do atraso no
pagamento. De como era injusto trabalhar como todos os demais professores da
Rede e não receber em dia, e terminei dizendo que não concebia a ideia de, mesmo
trabalhando, ter de pedir dinheiro de passagem para o meu pai... No final, eu
disse que seria bastante apropriado que no dia seguinte o salário estivesse na
minha conta, possibilitando que eu tivesse condições de pagar minha passagem de
ônibus para ir ao trabalho... ou eu não poderia ir. Tive o cuidado de falar só
em meu nome, embora estivesse ali lutando muito mais por minhas colegas do que
por mim.
No dia seguinte nosso dinheiro estava na nossa
conta.
Aprendi algumas coisas, naquela oportunidade. Uma
delas é que às vezes é preciso traduzir a dor do outro, mesmo que ela doa menos
em você do que nele; que estar preparado - para dar a volta por cima se
acontecer o pior - é fundamental; aprendi a não subestimar o poder da
argumentação, sem me esquecer de que a forma como você fala é quase tão
importante quanto aquilo que você fala.
Lutar pelos oprimidos e contra os opressores. É
assim que Deus faz. É assim que Ele age.
Disse o Senhor: "De fato tenho
visto a opressão sobre o meu povo no Egito, tenho escutado o seu clamor, por
causa dos seus feitores, e sei quanto eles estão sofrendo. Por isso desci para
livrá-los das mãos dos egípcios e tirá-los daqui para uma terra boa e vasta,
onde há leite e mel com fartura...”
Êxodo 3: 7-8
Hoje, quando você se defrontar com algum problema,
seu ou de alguém próximo a você e por quem você possa fazer alguma coisa, não
abaixe a cabeça. Enfrente-o. Resolva-o. Esteja preparado, porque as coisas
podem não sair como você espera. Mas não subestime o poder da argumentação. E
não se esqueça: concentre-se no modo e não apenas naquilo que você vai falar.
Gostei! Além de vc ter usado o poder da argumentação também escolheu o momento certo para começar sua defesa e a de seus colegas. Gosto disso. De ser um defensor dos traços e oprimidos. Tanto que me colocaram para ser o representantes dos vendedores da empresa que trabalhei. É bem verdade que não sou tão polido como vc pra falar. Mas tenho lá, um certo jeito para encaixar minhas palavras... Bem, conclusão: consegui muitos benefícios pra minha classe. Em seguida fui promovido a supervisor e aí tive como ajudar muito mais.
ResponderExcluirÉ muito bom usar o poder do argumento para levar a mensagem de salvação àqueles que são fracos e pobres espirituais. Como é bom ver almas totalmente enganadas pelas forças do mal, serem libertas e passarem a ter novidade de vida. Deus precisa de mais e mais defensores de Sua causa em prol dos muitos fracos e oprimidos espirituais.
Obrigado pelo post Dra e professora!!
A gente sempre pode ajudar e defender o próximo, se puder perceber a necessidade dele. São tantas as necessidades...
ExcluirÉ,esse post não te define. Você é bem mais que tudo isso, mas consigo te reconhecer bem nesse texto, mais precisamente em sua atitude. Parabéns pelo texto.
ResponderExcluirEu acho que podemos ser os braços e as mãos de Jesus para ajudar nosso semelhante. E sempre precisamos deixar que Ele use também a nossa mente.
ExcluirGostei muito de ler isto.É muito bom saber que os bons ainda são muitos.
ResponderExcluirVejo tantos que também me defendem quando as minhas necessidades aparecem... Dizem que a maior necessidade do homem é ser compreendido. Não duvido... mas talvez seja também nossa maior dificuldade.
ExcluirGostei muito de ler isto.É muito bom saber que os bons ainda são muitos.
ResponderExcluirFico sempre esperando você me mandar o próximo link que precede o texto claro, objetivo, conciso e bem articulado.
ResponderExcluirNeste momento conturbado da história do homem na terra, especialmente no Brasil, é um bálsamo ter você e seus textos por perto.
Parabéns querida amiga!
Abraço fraterno.
Henrique/Ipae
Oi, Professor! Que alegria receber sua visita na nossa humilde residência... ops! no nosso humilde blog!
ExcluirObrigada pelas palavras de carinho e incentivo. A gente segue, todos os dias, tentando levar esperança pras pessoas que nos leem. Volte sempre e divulgue o blog por aí.
http://www.entaoserve.blogspot.com.br
ExcluirAdoro te ler. Sempre admirei isso em você. Um privilégio continuar a ter essa possibilidade lindo demais.
ResponderExcluir☺️
ExcluirBom te ter por aqui!