segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

À PROCURA DA LIBERDADE

À PROCURA DA LIBERDADE
Eduardo Dudu Santos - Sankt Peter am Hart, Bogenhofen, Áustria

Já me disseram algumas vezes que eu fui uma criança bastante cordata. Reparem que usaram a palavra “bastante” e não “sempre”. Afinal, acho que é normal do ser humano nascer avesso a regras e leis... Nascemos com aquele ímpeto de fazer o que queremos. Conforme o tempo passa e a gente cresce, a gente aprende a aceitar, ou pelo menos a tolerar as regras que são impostas pela convivência.

Outro detalhe que me contaram recentemente é que uma das frases mais repetidas no livro de Juízes (na Bíblia) é a seguinte: “Naqueles dias, não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto.” (uma das repetições está em Juízes 21:25). Pelas muitas repetições, creio que o autor do livro considerava que a frase descrevia bem a situação dos israelitas.

Refletindo um pouco sobre a imagem transmitida, eu diria que essa foi uma exemplificação do “estado de natureza”(1) definido por Thomas Hobbes séculos depois. Eu me lembro de ter ficado horrorizado quando ouvi a primeira vez falar sobre esse estado da sociedade e me lembro de ter pensado que essa seria uma cena inimaginável. Se bem me lembro, esse foi um dos motivos que ele apresentou para justificar a necessidade de um governador que regesse a sociedade. 

 
De volta à Bíblia, dois versos após o versículo citado acima, ou seja, em Rute 1:2, aparece um contraponto à situação do povo de Israel: Elimeleque. De acordo com a tradição judaica, o significado desse nome é “Deus é o meu rei”. E eu não diria que foi mera coincidência esses versos estarem tão próximos um do outro, porque o início do livro de Rute situa a história de Elimeleque no tempo dos juízes.

Olhe o mundo ao seu redor, olhe a vida como tem sido vivida. É bastante palpável a tendência da sociedade ao dito “estado de natureza”. As pessoas têm buscado fazer o que bem entendem tendo isso como uma pretensa liberdade, sem se importar com quem está ao seu lado. Talvez, se o autor do livro de Juízes estivesse vivo, ele não conseguiria entender porque existem governantes e leis, mas “... cada um faz o que acha mais reto.”.

A reflexão que deve ficar para nós de toda essa história é sobre qual papel vamos querer representar nesse roteiro. A escolha é feita por meio de atos em cada instante; não palavras. A escolha é feita pela decisão de quem se quer seguir. E tudo começa a partir do momento em que abrimos os olhos todo dia de manhã.

É possível que o meu e o seu nome no cartório não sejam Elimeleque; concordo que não é muito comum esse nome, mas, ainda assim, é possível mostrar por meio dos nossos atos que Deus é o nosso rei. Como o próprio Jesus disse: “Pelos seus frutos os conhecereis.” (Mateus 7:16).

Com isso em mente... Feliz 2019!



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Referências/Fontes:


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