À PROCURA DA LIBERDADE
Eduardo Dudu Santos - Sankt Peter am Hart,
Bogenhofen, Áustria
Já me disseram algumas vezes que eu fui uma
criança bastante cordata. Reparem que usaram a palavra “bastante” e não “sempre”.
Afinal, acho que é normal do ser humano nascer avesso a regras e leis... Nascemos
com aquele ímpeto de fazer o que queremos. Conforme o tempo passa e a gente
cresce, a gente aprende a aceitar, ou pelo menos a tolerar as regras que são
impostas pela convivência.
Outro detalhe que me contaram recentemente
é que uma das frases mais repetidas no livro de Juízes (na Bíblia) é a
seguinte: “Naqueles dias, não havia rei
em Israel; cada um fazia o que achava mais reto.” (uma das repetições está
em Juízes 21:25). Pelas muitas repetições, creio que o autor do livro considerava
que a frase descrevia bem a situação dos israelitas.
Refletindo um pouco sobre a imagem
transmitida, eu diria que essa foi uma exemplificação do “estado de natureza”(1)
definido por Thomas Hobbes séculos depois. Eu me lembro de ter ficado
horrorizado quando ouvi a primeira vez falar sobre esse estado da sociedade e
me lembro de ter pensado que essa seria uma cena inimaginável. Se bem me
lembro, esse foi um dos motivos que ele apresentou para justificar a
necessidade de um governador que regesse a sociedade.
De volta à Bíblia, dois versos após o
versículo citado acima, ou seja, em Rute 1:2, aparece um contraponto à situação
do povo de Israel: Elimeleque. De acordo com a tradição judaica, o significado
desse nome é “Deus é o meu rei”. E eu não diria que foi mera coincidência esses
versos estarem tão próximos um do outro, porque o início do livro de Rute situa
a história de Elimeleque no tempo dos juízes.
Olhe o mundo ao seu redor, olhe a vida como
tem sido vivida. É bastante palpável a tendência da sociedade ao dito “estado
de natureza”. As pessoas têm buscado fazer o que bem entendem tendo isso como
uma pretensa liberdade, sem se importar com quem está ao seu lado. Talvez, se o
autor do livro de Juízes estivesse vivo, ele não conseguiria entender porque
existem governantes e leis, mas “... cada um faz o que acha mais
reto.”.
A reflexão que deve ficar para nós de toda
essa história é sobre qual papel vamos querer representar nesse roteiro. A
escolha é feita por meio de atos em cada instante; não palavras. A escolha é
feita pela decisão de quem se quer seguir. E tudo começa a partir do momento em
que abrimos os olhos todo dia de manhã.
É possível que o meu e o seu nome no
cartório não sejam Elimeleque; concordo que não é muito comum esse nome, mas,
ainda assim, é possível mostrar por meio dos nossos atos que Deus é o nosso
rei. Como o próprio Jesus disse: “Pelos seus frutos os conhecereis.” (Mateus
7:16).
Com isso em mente... Feliz 2019!
______________________________
Referências/Fontes:
(1) Hobbes
e o estado de natureza – Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/hobbes-estado-natureza.htm
- acessado em 25.12.2018.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
O que você acha?